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Pr. Marcelo Augusto de Carvalho

 

 

 

ESTER 1

 

1 Sucedeu nos dias de Assuero, o Assuero que reinou desde a Índia até a Etiópia, sobre cento e vinte e seis províncias,

2 que, estando o rei Assuero assentado no seu trono do seu reino em Susã, a capital,

3 no terceiro ano de seu reinado, deu um banquete a todos os seus príncipes e seus servos, estando assim perante ele o poder da Pérsia e da Média, os nobres e os oficiais das províncias.

4 Nessa ocasião ostentou as riquezas do seu glorioso reino, e o esplendor da sua excelente grandeza, por muitos dias, a saber cento e oitenta dias.

5 E, acabado aqueles dias, deu o rei um banquete a todo povo que se achava em Susã, a capital, tanto a grandes como a pequenos, por sete dias, no pátio do jardim do palácio real.

6 As cortinas eram de pano branco verde e azul celeste, atadas com cordões de linho fino e de púrpura a argola de prata e a colunas de mármore;  os leitos eram de ouro e prata sobre um pavimento mosaico de pórfiro, de mármore, de madrepérola e de pedras preciosas.

7 Dava-se de beber em copos de ouro, os quais eram diferentes uns dos outros; e havia vinho real em abundância, segundo a generosidade do rei.

8 E bebiam como estava prescrito, sem constrangimento;  pois o rei tinha ordenado a todos os oficiais do palácio que fizessem conforme a vontade de cada um.

9 Também a rainha Vasti deu um banquete às mulheres no palácio do rei Assuero.

10 Ao sétimo dia, o rei, estando já o seu coração alegre do vinho, mandou a Meumã, Bizta, Harbona, Bigta, Abagta, Zétar e Carcás, os sete eunucos que serviam na presença do rei Assuero,

11 que introduzissem à presença do rei a rainha Vasti, com a coroa real, para mostrar aos povos e aos príncipes a sua formosura, pois era formosíssima.

12 A rainha Vasti, porém, recusou atender à ordem do rei dada por intermédio dos eunucos;  pelo que o rei muito se enfureceu, e se inflamou de ira.

13 Então perguntou o rei aos sábios que conheciam os tempos (pois assim se tratavam os negócios do rei, na presença de todos os que sabiam a lei e o direito;

14 e os mais chegados a ele eram:  Carsena, Setar, Admata, Társis, Meres, Marsena, Memucã, os sete príncipes da Pérsia e da Média, que viam o rosto do rei e ocupavam os primeiros assentos no reino)

15 o que se devia fazer, segundo a lei, à rainha Vasti, por não haver cumprido a ordem do rei Assuero dada por intermédio dos eunucos.

16 Respondeu Memucã na presença do rei e dos príncipes:  Não somente contra o rei pecou a rainha Vasti, mas também contra todos os príncipes, e contra todos os povos que há em todas as províncias do rei Assuero.

17 Pois o que a rainha fez chegará ao conhecimento de todas as mulheres, induzindo-as a desprezarem seus maridos quando se disser:  O rei Assuero mandou que introduzissem à sua presença a rainha Vasti, e ela não veio.

18 E neste mesmo dia as princesas da Pérsia e da Média, sabendo do que fez a rainha, dirão o mesmo a todos os príncipes do rei;  e assim haverá muito desprezo e indignação.

19 Se bem parecer ao rei, saia da sua parte um edito real, e escreva-se entre as leis dos persas e dos medos para que não seja alterado, que Vasti não entre mais na presença do rei Assuero, e dê o rei os seus direitos de rainha a outra que seja melhor do que ela.

20 E quando o decreto que o rei baixar for publicado em todo o seu reino, grande como é, todas as mulheres darão honra a seus maridos, tanto aos nobres como aos humildes.

21 Pareceu bem este conselho ao rei e aos príncipes;  e o rei fez conforme a palavra de Memucã,

22 enviando cartas a todas as províncias do rei, a cada província segundo o seu modo de escrever e a cada povo segundo a sua língua, mandando que cada homem fosse senhor em sua casa, e que falasse segundo a língua de seu povo.

 

ESTER 2

 

1 Passadas estas coisas e aplacada a ira do rei Assuero, lembrou-se ele de Vasti, do que ela fizera e do que se decretara a seu respeito.

2 Então disseram os servos do rei que lhe ministravam:  Busquem-se para o rei moças virgens e formosas.

3 Ponha o rei em todas as províncias do seu reino oficiais que ajuntem todas as moças virgens e formosas em Susã, a capital, na casa das mulheres, sob a custódia de Hegai, eunuco do rei, guarda das mulheres;  e dêem-se-lhes os seus cosméticos.

4 E a donzela que agradar ao rei seja rainha em lugar de Vasti.  E isso pareceu bem ao rei;  e ele assim fez.

5 Havia então em Susã, a capital, certo judeu, benjamita, cujo nome era Mordecai, filho de Jair, filho de Simei, filho de Quis,

6 que tinha sido levado de Jerusalém com os cativos que foram deportados com Jeconias, rei de Judá, o qual Nabucodonosor, rei de Babilônia, transportara.

7 Criara ele Hadassa, isto é, Ester, filha de seu tio, pois não tinha ela nem pai nem mãe;  e era donzela esbelta e formosa;  e, morrendo seu pai e sua mãe, Mordecai a tomara por filha.

8 Tendo se divulgado a ordem do rei e o seu edito, e ajuntando-se muitas donzelas em Susã, a capital, sob a custódia de Hegai, levaram também Ester ao palácio do rei, à custódia de Hegai, guarda das mulheres.

9 E a donzela gradou-lhe, e alcançou o favor dele;  pelo que ele se apressou em dar-lhe os cosméticos e os devidos alimentos, como também sete donzelas escolhidas do palácio do rei;  e a fez passar com as suas donzelas ao melhor lugar na casa das mulheres.

10 Ester, porém, não tinha declarado o seu povo nem a sua parentela, pois Mordecai lhe tinha ordenado que não o declarasse.

11 E cada dia Mordecai passeava diante do pátio da casa das mulheres, para lhe informar como Ester passava e do que lhe sucedia.

12 Ora, quando chegava a vez de cada donzela vir ao Rei Assuero, depois que fora feito a cada uma segundo prescrito para as mulheres, por doze meses (pois assim se cumpriam os dias de seus preparativos, a saber, seis meses com óleo de mirra, e seis meses com especiarias e ungüentos em uso entre as mulheres);

13 desta maneira vinha a donzela ao rei: dava-lhe tudo quanto ela quisesse para levar consigo da casa das mulheres para o palácio do rei;

14 à tarde ela entrava, e pela manhã voltava para a segunda casa das mulheres, à custódia de Saasgaz, eunuco do rei, guarda das concubinas;  ela não tornava mais ao rei, salvo se o rei desejasse, e fosse ela chamada por nome.

15 Ora, quando chegou a vez de Ester, filha de Abiail, tio de Mordecai, que a tomara por sua filha, para ir ao rei, coisa nenhuma pediu senão o que indicou Hegai, eunuco do rei, guarda das mulheres.  Mas Ester alcançava graça aos olhos de todos quantos a viam.

16 Ester foi levada ao rei Assuero, ao palácio real, no décimo mês, que é o mês de tebete, no sétimo ano de seu reinado.

17 E o rei amou a Ester mais do que a todas mulheres, e ela alcançou graça e favor diante dele mais do que todas as virgens;  de sorte que lhe pôs sobre a cabeça a coroa real, e afez rainha em lugar de Vasti.

18 Então o rei deu um grande banquete a todos os seus príncipes e aos seus servos;  era um banquete em honra de Ester;  e concedeu alívio às províncias, e fez presentes com régia liberalidade.

19 Quando pela segunda vez se ajuntavam as virgens, Mordecai estava sentado à porta do rei.

20 Ester, porém, como Mordecai lhe ordenara, não tinha declarado a sua parentela nem o seu povo:  porque obedecia as ordens de Mordecai como quando estava sendo criada em casa dele.

21 Naqueles dias, estando Mordecai sentado à porta do rei, dois eunucos do rei, os guardas da porta, Bigtã e Teres, se indignaram e procuravam tirar a vida ao rei Assuero.

22 E veio isto ao conhecimento de Mordecai, que revelou à rainha Ester;  e Ester o disse ao rei em nome de Mordecai.

23 Quando se investigou o negócio e se achou ser verdade, ambos foram enforcados;  e isso foi escrito no livro das crônicas perante o rei.