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PSICO – COMO PENSAR MELHOR

 

1 POR QUE JESUS FALAVA POR PARÁBOLAS? – Marcos 4.34

 

2 COMO CONHECEMOS A VERDADE? – João 3.1-16

 

3 VISITE AS PESSOAS – João 1.14

 

4 COMO AGIR SEM ERRAR – Gênesis 11

 

5 PARA QUE SERVE SABER TUDO? – Gênesis 3.1-8

 

6 O QUE JESUS FAZ COM MINHA AUTOSABOTAGEM? - Lucas 8.1-3

 

7 PRECISO SABER O QUE É VERDADE – 2 Samuel 13.21

 

8 RECUAR NÃO É PERDER – 2 Samuel 15-18

 

 

 

 

 


 

1

POR QUE JESUS ENSINAVA POR PARÁBOLAS

Marcelo Augusto de Carvalho

 

TOPO

 

MARCOS 4.34 – as parábolas de Jesus.

 

O ser humano só pode compreender as coisas a partir da sua perspectiva pessoal. Desde o zigoto até o momento de nossa morte só APRENDEMOS aquilo que ao ser ensinado, toca nossas emoções. Respondemos a este estímulo dando sentido a este novo conhecimento (sentimentos) e o guardamos como referência para as próximas experiências da vida!

Portanto, só aprendemos quando usamos a RAZÃO e a EMOÇÃO JUNTAS.

Se usarmos só a RAZÃO para aprender, seremos apenas um computador a receber e a acumular informações que para mais nada servirão.

Se usarmos só a EMOÇÃO para aprender não conseguiremos perceber os ensinamentos e nem como aplicá-los à experiência diária.

Este é o motivo por que Jesus pregava e ensinava por meio de PARÁBOLAS!

 

O QUE GANHAMOS OUVINDO E APRENDENDO POR MEIO DE HISTÓRIAS?

 

1 AS HISTÓRIAS SEMPRE NOS LEVAM ÀS PESSOAS, CRIANDO CONEXÕES EMOCIONAIS

 

O conteúdo de uma história é sempre uma pessoa, um ser humano único, importante e merecedor de nossa atenção, pois tem algo a nos ensinar.

Ao nos revelar sua vida, conectamos a tudo o que a pessoa é, a tudo o que ela conhece, a sua família, educação e cultura. Enfim, toda sua cosmovisão!

Isso naturalmente cria CONEXÃO EMOCIONAL, pois essa capacidade é INATA no ser humano. Fomos feitos para nos relacionar: temos fome e sede de nos ligarmos aos outros!

 

GOSTE DAS PESSOAS PRIMEIRO - KENT NERBURN

Craig, um grande amigo da faculdade, trazia energia e vida a qualquer lugar onde chegasse. Quando você falava, ele prestava tanta atenção que você se sentia incrivelmente importante adoravam.

Certo dia ensolarado de outono, Craig e eu estávamos sentados em nossa área habitual de estudo. Olhei pela janela e vi um dos meus professores atravessando o estacionamento.

- Não quero esbarrar com ele - eu disse.

- Por que não? - perguntou Craig.

Expliquei que, no semestre anterior, o professor e eu tínhamos nos desentendido. Eu me ofendera com alguma coisa que ele tinha dito e ele, por sua vez, ofendeu-se com a minha resposta.

- Além disso - acrescentei -, o cara não gosta de mim.

Craig observou a figura que passava lá embaixo.

- Talvez você tenha entendido mal - ele disse. - Talvez você esteja se afastando porque tenha medo de ser rejeitado.

E ele provavelmente acha que você não gosta dele, então não é simpático. As pessoas gostam de quem gosta delas. Se você mostrar interesse por ele, ele vai se interessar por você. Vá falar com ele.

As palavras de Craig foram direto ao ponto. Hesitante, desci as escadas até o estacionamento. Cumprimentei meu professor efusivamente e perguntei como tinha sido o seu verão. Ele me olhou com genuína surpresa. Caminhamos um pouco conversando, e eu podia imaginar Craig me olhando da janela com um grande sorriso.

Craig tinha me ensinado um princípio simples, tão simples que eu não podia acreditar que nunca tivesse pensado naquilo antes. Como a maioria dos jovens, eu era inseguro e começava todos os meus contatos com medo do julgamento dos outros - quando, na verdade, eles também estavam preocupados com o meu julgamento.

Daquele dia em diante, passei a me esforçar para reconhecer que os outros têm necessidade de estabelecer uma conexão e de compartilhar algo sobre suas vidas. Descobri um mundo de pessoas que nunca teria conhecido de outra maneira.

Uma vez, por exemplo, viajando de trem pelo Canadá, comecei a conversar com um homem que todos evitavam porque ele cambaleava e enrolava a língua como se estivesse bêbado. Na verdade, ele estava se recuperando de um derrame. Tinha sido engenheiro naquela mesma linha que estávamos percorrendo e passou a viagem me contando histórias fascinantes passadas naquela ferrovia.

Quando o trem foi se aproximando da estação, ele segurou a minha mão e me olhou nos olhos:

- Obrigado por ouvir. A maioria das pessoas não se daria ao trabalho. - Ele não precisava ter me agradecido. O prazer tinha sido todo meu.

Em uma esquina barulhenta da cidade de Oakland, na Califórnia, uma família me parou pedindo indicações e descobri que eram turistas da isolada costa norte da Austrália. Perguntei-lhes como era a vida onde moravam. Em pouco tempo, tomando café, eles me deleitaram com histórias sobre lugares e costumes que eu nunca tinha conhecido.

Quantas dessas oportunidades nós deixamos passar. A garota que todos acham feiosa, o menino de roupas esquisitas – essas pessoas têm histórias para contar, assim como você, com certeza. E, como você, elas sonham com alguém que queira ouvir.

Foi isso que Craig me ensinou. Goste das pessoas primeiro, faça perguntas depois. Descubra que a luz que você projeta nos outros se reflete em você multiplicada por cem.

 

2 SÓ AS HISTÓRIAS NOS REVELAM O INCONSCIENTE DO OUTRO, E EXPÕEM O NOSSO!

 

Ouvindo o outro contar de si, pela conexão criada, acessamos o que há de mais profundo e original no outro, seu INCONSCIENTE. Ali estão guardadas não só os fatos de sua vida, mas as emoções que ele sentiu diante dos acontecimentos. O mesmo acontece quando contamos a nossa história para o outro.

 

FÉ, ESPERANÇA E AMOR - Peter Spelke

Quando eu tinha quatorze anos, fui mandado para a Escola Cheshire, um colégio interno para meninos com problemas em casa. Meu problema era minha mãe alcóolatra, que tinha arrasado nossa família com seu comportamento. Depois que meus pais se divorciaram, eu tomei conta de minha mãe até ser reprovado na oitava série. Meu pai e um diretor da escola decidiram que um colégio interno de disciplina rígida e bem distante de minha mãe deveria me dar a oportunidade de terminar o segundo grau.

Na palestra de orientação do primeiro ano, o último a falar foi o chefe de disciplina, Fred O'Leary. Antigo jogador de futebol em Yale, era um homem corpulento, de bochechas vermelhas e um enorme pescoço. Sua presença deixava todos inquietos. Um aluno mais velho cochichou em meu ouvido: "Garoto, mantenha distância desse homem. É melhor ele nem saber que você existe!"

O discurso do senhor O'Leary foi curto e direto: "Não saiam do campus, não fumem e não bebam. Não façam contato com as garotas da cidade. Se vocês desobedecerem a essas regras, sofrerão as consequências e vão se ver pessoalmente comigo." Quando pensei que ele terminara, num tom muito mais baixo, o senhor O'Leary acrescentou: "Se tiverem algum problema, a porta do meu gabinete estará aberta para vocês." À medida que o ano escolar seguia, o problema de minha mãe piorava. Ela ligava para mim dia e noite. Com sua voz pastosa, pedia-me para deixar a escola e voltar para casa. Dizia que ia parar de beber, desfilava mil promessas. Eu a amava. Era difícil dizer não a ela, e o meu coração se apertava cada vez que ouvia sua voz. Eu me sentia culpado, tinha vergonha. E estava muito, muito confuso.

Uma tarde, durante a aula de inglês, eu não conseguia me concentrar, pensando em minha mãe Ao sentir que ia chorar, então pedi para sair da sala.

"Sair para quê?" "Para ver o senhor O 'Leary", respondi. Meus colegas me olharam espantados e o professor perguntou se podia me ajudar.

"Não! Eu quero ir à sala do senhor O'Leary agora." Quando saí da sala, eu só conseguia pensar em suas palavras: "Minha porta está aberta." A sala do senhor O'Leary ficava no grande vestíbulo da entrada principal. Quando um aluno cometia uma falta mais séria, ele o colocava para dentro da sala, batia a porta e baixava a cortina interna. Com frequência ouviam-se seus gritos: "Você foi visto fumando atrás do quartel de bombeiros na cidade, você estava com a moça da lanchonete!" Pobre menino.

Quando entrei na fila do lado de fora de sua sala, os outros meninos me perguntaram o que eu tinha feito de errado.

"Nada', eu disse.

"Você está louco? Saia daqui agora mesmo!", eles gritaram, mas eu não podia pensar em outro lugar para ir.

Finalmente chegou minha vez. A porta da sala do senhor O'Leary se abriu e fiquei de olhos grudados nas bochechas do chefe de disciplina. Eu tremia e me sentia um bobo, mas tinha o palpite louco de que alguma coisa ou alguém tinha me levado a esse homem - o homem mais temido da escola. Nossos olhos se encontraram.

"Por que você está aqui?", ele vociferou.

"Na apresentação, o senhor disse que sua porta estaria aberta se alguém tivesse algum problema”, eu gaguejei.

"Entre", ele disse, apontando para uma grande poltrona verde e baixando a cortina da porta. Sentou-se e me olhou.

Comecei a falar, enquanto as lágrimas rolavam pelo meu rosto. "Minha mãe é alcoólatra. Ela fica bêbada e começa a me telefonar. Ela quer que eu deixe a escola e volte para casa. Não sei o que fazer. Estou assustado e com medo. Por favor, não pense que estou louco." Enterrei o rosto entre os joelhos e comecei a chorar convulsivamente.

Então aconteceu um milagre - um desses milagres que Deus faz acontecer através das pessoas. Senti a mão enorme do senhor O'Leary pousar delicadamente sobre o meu ombro.

Gentilmente, o temido gigante disse: "Filho, eu sei como você se sente. Vou contar uma coisa para te ajudar: eu também sou um alcoólatra. Vou fazer tudo o que puder por você e sua mãe. Vou pedir para meus amigos dos Alcoólicos Anônimos entrarem em contato com ela hoje mesmo." Naquele instante eu tive a sensação de que as coisas iam melhorar e perdi o medo. Era como se a mão pousada no meu ombro fosse um toque de Deus me transmitindo um intenso sentimento de proteção. Pela primeira vez na vida entendi o que significava fé, esperança e amor, porque estava cheio de fé, esperança e amor por todos ao meu redor.

O homem mais temido do campus se tornou um amigo secreto com quem eu tinha um compromisso: quando eu passava por sua mesa na hora do almoço, piscava para ele amigavelmente. Meu coração se enchia de orgulho porque aquele homem tão temido se interessara pelo meu problema de forma tão delicada e carinhosa.

Eu estendi a mão e, na hora em que precisei... Ele estava lá.

 

3 SÓ AS HISTÓRIAS QUESTIONAM O PROFUNDO DE NOSSO SER

 

As histórias têm o poder de ir aonde nenhuma ideia, conhecimento filosófico ou científico irá: ao INCONSCIENTE pessoal. Elas tocam em nossas emoções, em nossas lembranças mais íntimas, em nossa vergonha, desespero ou terror, como em nossas alegrias e contentamentos, dando-nos a chance de recomeçar bem e melhor nossa existência humana.

DAVI E NATÃ – 2 Samuel 12.

O profeta Natã conta a história de uma ovelha única a Davi para confrontá-lo com seu pecado. O rico da história, possuindo muitas ovelhas e bois, rouba a única ovelha do pobre para alimentar um visitante. Davi, indignado, condena o homem rico, sem perceber que a história se refere a ele, pois ele havia tomado a esposa de Urias, o heteu, e o mandado matar. 

 

4 SÓ AS HISTÓRIAS REVELAM NOSSAS EMOÇÕES, MOTIVOS E DESEJOS

 

A maioria de nós vive ignorando as emoções. Soterramos o que sentimos debaixo que toneladas de compromissos, obrigações e metas, o que só nos causa doença mental e física. Desprezamos nossos motivos reais, fazendo-nos máquinas frias e calculistas, e assim a vida passa a não fazer sentido. Sem as emoções e sem os motivos, nosso desejo se torna fraco, equivocado e irrealizável.

JESUS, SIMÃO E MARIA MAGDALENA – Lucas 7.36-50

Simão era leproso, mas Jesus o curou. Para mostrar sua gratidão Simão convidou a Cristo para um banquete em sua casa. No meio do evento, ele vê Maria, sua sobrinha, aquela que ele mesmo levara ao pecado, lavar os pés de Jesus e os enxugar com seus cabelos. Em seu coração Simão O desprezou dizendo: “Se Ele fosse mesmo o Messias jamais deixaria essa mulher lavar-lhe!”

Jesus então se vira para Simão e conta a HISTÓRIA DOS DEVEDORES. Um devia 500 denários e outro 50. Os dois foram perdoados por seu senhor! Então Jesus lhe pergunta: Quem amará mais a seu senhor?

 

“Como fizera Natã com Davi, Cristo ocultou Seu bem atirado golpe sob o véu de uma parábola. Lançou sobre o hospedeiro a responsabilidade de proferir a própria sentença. Simão induzira ao pecado a mulher que ora desprezava. Fora por ele profundamente prejudicada. Pelos dois devedores da parábola, eram representados Simão e a mulher. Jesus não intentava ensinar que diferentes graus de obrigação houvessem de ser sentidos pelas duas pessoas, pois cada uma tinha um débito de gratidão que nunca se poderia solver. Mas Simão se julgava mais justo que Maria, e Jesus desejava fazer lhe ver quão grande era na verdade a sua culpa. Queria mostrar-lhe que seu pecado era maior que o dela, tão maior, como um débito de quinhentos dinheiros é superior a uma dívida de cinquenta. Simão começou então a ver-se sob um novo aspecto. Observou como Maria era considerada por Alguém que era mais que profeta. Notou que, com o penetrante olhar profético, Cristo lhe lera o amorável e devotado coração. A vergonha apoderou-se dele, e percebeu achar-se em presença de Alguém que lhe era superior....

Simão foi tocado pela bondade de Jesus em não o repreender abertamente diante dos hóspedes. Não fora tratado como desejara que Maria o fosse. Viu que Jesus não desejava expor sua culpa diante dos outros, mas buscava, por uma exata exposição do fato, convencer-lhe o espírito e por piedosa bondade vencer-lhe o coração. Uma severa acusação haveria endurecido Simão contra o arrependi mento, mas a paciente admoestação o convenceu de seu erro. Viu a magnitude do débito que tinha para com seu Senhor. Seu orgulho humilhou-se, ele se arrependeu, e o altivo fariseu tornou-se um humilde e abnegado discípulo.” O Desejado de Todas as Nações 397-398

 

POR QUE OS HUMILDES DISCÍPULOS DE JESUS TINHAM TANTO PODER EM SUA PREGAÇÃO E INFLUENCIARAM TANTO O MUNDO?

 

APELO

 

Leia histórias

Faça um diário das suas histórias

Conte boas histórias

Melhor: pare para ouvir as histórias dos outros!

Pergunte os fatos do dia, da vida.

Pergunte o que sentiu.

Conte sua história. Conte seus sentimentos em cada fato.

 

 

A FOTOGRAFIA AMASSADA - Philip Yancey

Em um feriado, fui visitar minha mãe, que mora a uns 1.200 quilômetros de minha casa. Lembramo-nos dos tempos antigos, como as mães e os filhos costumam fazer. Inevitavelmente, a velha caixa de fotografias foi retirada do armário, deixando à mostra uma pilha de retratos, registros de uma série de acontecimentos de minha infância e adolescência: fantasias de cowboys e de índios, traje de Coelho Pernalonga da peça do curso primário, meus animais de estimação, vários recitais de piano e formaturas do curso primário, secundário e da faculdade.

Entre essas fotografias, encontrei a de um bebê, com meu nome escrito no verso. Era um retrato comum. Eu era parecido com qualquer outro bebê: bochechas redondas, pouco cabelo e olhar desfocado e arredio. A fotografia, porém, estava amassada e mutilada, como se tivesse sido mordida por um animal doméstico. Perguntei à minha mãe por que ela guardava uma fotografia naquele estado, uma vez que havia muitas outras intactas.

Existe um pormenor a respeito de minha família que você precisa saber: quando eu tinha dez meses de idade, meu pai contraiu poliomielite na região lombar da coluna vertebral. Ele morreu três meses depois, logo após meu primeiro aniversário. Ele ficou totalmente paralisado aos 24 anos, com os músculos tão fracos a ponto de precisar viver dentro de um enorme cilindro de aço, que lhe permitia respirar artificialmente. Recebia poucas visitas. Na década de 1950, o pavor que as pessoas sentiam da poliomielite era o mesmo que hoje sentem em relação à Aids. A única visitante fiel era minha mãe, que se sentava em um determinado lugar para que ele pudesse vê-la por um espelho instalado ao lado do pulmão artificial.

Minha mãe explicou-me que guardava aquela fotografia como uma relíquia, porque, diante a enfermidade de meu pai, ela a colocou no aparelho de respiração artificial. Ele pediu fotos dela e dos dois filhos, e minha mãe teve de encaixá-las entre dois botões do aparelho. Era por isso que minha foto estava tão estragada. Vi meu pai raras vezes depois que ele deu entrada no hospital, porque não era permitida a entrada de crianças nas alas reservadas a pacientes com poliomielite. Além disso, eu era um bebê e, se tivesse conseguido entrar, não teria guardado sua fisionomia na memória.

Quando minha mãe me contou a história da fotografia amassada, eu tive uma reação estranha e inesperada. Para mim, parecia esquisito demais imaginar alguém se preocupando comigo, alguém de quem eu nem me lembrava. Durante os últimos dias de vida, meu pai passou suas horas de agonia olhando para aquelas três fotografias de sua família, de minha família. Não havia mais nada ali para ser visto. O que ele fazia o dia inteiro? Orava por nós? Sim, claro. Ele nos amava? Sim. Mas como uma pessoa completamente paralisada pode manifestar amor, principalmente quando seus filhos são impedidos de visitá-Ia?

Hoje penso sempre naquela fotografia amassada, porque ela é uma das únicas ligações que tenho com aquele homem desconhecido que foi meu pai, um desconhecido que morreu com dez anos menos do que tenho agora. Alguém de quem eu não me lembro, que praticamente não conheci, passava o dia inteiro pensando em mim, dedicando-se a mim, amando-me o mais que podia. Talvez um dia eu tenha tempo, muito tempo, para restabelecer um relacionamento cruelmente interrompido logo depois de ter começado.

Estou contando esta história porque a emoção que vivenciei quando minha mãe me mostrou aquela fotografia amassada foi a mesma que senti naquela noite de fevereiro, no alojamento da faculdade, quando, pela primeira vez, acreditei em um Deus de amor. Eu me dei conta que Alguém estava lá. Alguém observa a vida enquanto ela se desenrola neste planeta. E mais, Alguém que me ama está lá. Foi uma estranha sensação de esperança, uma sensação tão nova e poderosa que fazia valer a pena aceitar os desafios da vida.

 

 

Marcelo Augusto de Carvalho 16 de junho de 2025 Artur Nogueira SP


 


 

2

COMO CONHECEMOS A VERDADE

Marcelo Augusto de Carvalho

 

TOPO

 

JOÃO 3.1-16 - Nicodemos

 

Nicodemos foi a Jesus e de cara disse o que pensava a respeito desse novo Mestre galileu.

Ele era do tipo de pessoa que acredita que se tiver a INFORMAÇÃO CERTA a vida será perfeita. Basta fazer o curso certo, na melhor faculdade que existe, se especializar naquele conhecimento, e conhecer as pessoas mais especializadas para te orientar e pronto...o mistério da vida está resolvido. Mas Jesus pensava muito diferente disso!

 

1 O QUE VOCÊ PRECISA É APRENDER ALGO NOVO A RESPEITO DE SI MESMO!

 

Nicodemos era um sincero pesquisador da verdade bíblica.

Ficou extremamente impressionado quando viu Jesus expulsar os cambistas do templo.

Viu que em Jesus estava a presença o Ser divino!

Ouviu falar de Seus discursos e milagres, por isto O procurou.

Mas procurou Jesus à noite. Tinha VERGONHA do humilde Mestre.

Por isto Jesus foi ao ponto: Há algo que você não sabe, e não é sobre mim, mas sobre você: Você precisa NASCER DE NOVO!

 

2 VOCÊ PRECISA SE CONCENTRAR MENOS NO QUE PENSA SOBRE AS COISAS E COMO ELAS FUNCIONAM E MAIS EM COMO SE SENTE A RESPEITO DELAS.

 

Ao ouvir uma declaração tão direta a seu respeito, Nicodemos recua e foge para a INTELECTUALIZAÇÃO. “Mas como pode um homem nascer sendo velho?”

Ele sabia muito bem o que Jesus estava querendo dizer, mas estava rejeitando a verdade a respeito de si mesmo.

 

3 VOCÊ PRECISA ENTENDER OS MOTIVOS QUE O LEVAM A TOMAR DECISÕES, COMO POR EXEMPLO, VIR AQUI FALAR COMIGO!

 

Você veio apresentando o que os outros dizem a meu respeito. Não o que você crê! Você não se expões, está sempre na defensiva, evitando qualquer tipo de conexão humana.

No fundo, você USA a religião para NÃO PRECISAR de Deus.

Você segue os rituais religiosos para NÃO ter contato com Deus.

Usa o conhecimento teológico para ser IMPORTANTE e necessário aos outros.

Você usa sua estrita pureza cerimonial para EVITAR as pessoas.

 

SALOMÃO fez o mesmo que Nicodemos. Na maturidade de sua vida, usou seus CASAMENTOS para viver a sensualidade, mas se afastar da mais íntima conexão humana. Usou a POLÍTICA para se afastar das pessoas. Usou a RELIGIÃO em forma de idolatria para afastar-se de Deus. Fez tudo isto para NEGAR aquilo que mais precisava: ter contato com o que havia de mais profundo em seu inconsciente. Viveu décadas sem conhecer-se, sem dar a se conhecer e sem conhecer os outros. Por isto chegou ao abismo como poucos chegaram!

 

4 VOCÊ PRECISA, NÃO DE CONSELHOS NEM DE CURSOS, MAS DE RELACIONAMENTOS QUE O FAZEM CONHECER A DEUS, ÀS PESSOAS E A VOCÊ MESMO!

 

Jesus como nosso Criador, sabe que jamais conseguiremos chegar à verdade, do mundo e de nós mesmo, usando apenas nosso próprio INTELECTO.

Por isto, Ele sempre dizia: “Eu SOU o caminho, a verdade e a vida!”

A única forma do ser humano adquirir verdadeiro conhecimento é através de relacionamentos onde ocorre conexão emocional, exposição das emoções guardadas no inconsciente, interesse mútuo e a busca do bem-estar alheio.

Se vamos ao outro apenas para ter grande quantidade de conhecimento, fazemos de nós e do outro apenas uma máquina.

Se a busca pelo conhecimento for apenas adquirir informações, esse processo será nocivo às faculdades mentais, ansiógeno às emoções, depressivo ao corpo e depravado à espiritualidade.

Somos um SER HUMANO. Desde o útero até a morte, conhecer vem de alguém (a mãe e o pai), significa que estivemos com outros (familiares, amigos, professores e líderes), e que tudo o que chegamos a saber deve nos fazer ir para ser benção ao próximo.

Por isto, as maiores lições de Deus para nós estão em nossos pais, nossos irmãos, amigos, colegas de trabalho, irmãos da Igreja e os desconhecidos.

Só se aprende algo de ALGUÉM. Das telas recebemos apenas INFORMAÇÕES!

Não adianta fazer dezenas de cursos ou capacitações se, neste processo tão necessário, você não está seguindo alguém. É um conhecimento superficial e enganoso. Pergunte-se sempre: “No caminho do crescimento pessoal, profissional e espiritual, quem está me acompanhando?”

 

MOISÉS foi o homem que, por meio de sua obra exerceu mais influência na história. Seus livros fundaram as 3 maiores religiões que perduram até hoje, o judaísmo, o cristianismo e o islamismo. Mas tudo o que ele ensinou foi fruto da conexão com sua mãe, Joquebede, uma simples escrava hebreia. Também aprendeu com sua mãe adotiva, a filha de faraó, com os instrutores do Egito, mas acima de tudo com Deus no deserto por 40 anos pastoreando as ovelhas de seu sogro Jetro.

 

PAULO, o maior homem do cristianismo em 2.000 anos, foi preparado por Gamaliel para ser o grande rabino da nação. Após sua conversão e chamado na estrada de Damasco, aprendeu com os discípulos, com Barnabé que o adotou, e depois com as Igrejas que fundou ao longo de décadas.

 

APELO

 

Faça do conhecimento a oportunidade de conhecer a SI MESMO.

Faça do crescimento a oportunidade de estar com ALGUÉM!

Aprenda, fazendo amigos e irmãos, e assim o que você conhecer não será vão e destrutivo, mas transformador.

 

A BELEZA VERDADEIRA - Alison Lambert e Jennifer Rosenfeld

Quando você tem quinze anos, costuma ficar em frente ao espelho pesquisando cada pedacinho do seu rosto. Entra em desespero porque acha que seu nariz é muito grande ou porque mais uma espinha está surgindo. Além de tudo, você se acha feia porque seu cabelo não é louro e o menino mais bonito da turma nunca notou sua existência.

Alison não conheceu esses problemas. Era bonita, simpática, popular e inteligente, além de ser a campeã de natação da escola. Alta, com seu corpo esbelto, olhos de um profundo azul-piscina e lindos cabelos louros, mais parecia uma modelo do que uma estudante comum. Mas, durante o verão, alguma coisa mudou.

Um dia, ao enxugar o cabelo, ela notou uma falha no couro cabeludo. Aquilo a intrigou, mas Alison achou que devia ter apertado muito o elástico no rabo-de-cavalo. Logo se esqueceu do incidente.

Três meses depois, uma outra falha no couro cabeludo de Alison. E outra. E mais uma. Em pouco tempo, sua cabeça estava repleta de falhas de cabelo. Os diagnósticos e os tratamentos se multiplicaram até se descobrir que Alison sofria de uma doença chamada alopecia e nada poderia deter seu curso.

Como Alison era muito querida, os amigos a apoiaram procurando lhe dar força. Mas, certo dia, sua irmã menor entrou no quarto com uma toalha na cabeça para que a mãe a penteasse. Quando a mãe desenrolou a toalha, Alison observou os cabelos espessos e luminosos da irmã caírem sobre os ombros e, pela primeira vez, chorou, dando vazão à tristeza que sentia.

Naquele momento, Alison teve uma percepção profunda: havia uma escolha a fazer. Ela não podia deixar que o problema com o cabelo a dominasse a ponto de tirar-lhe o gosto de viver. Afinal, ela era muito mais do que o seu cabelo. Alison decidiu assumir sua condição e procurar soluções. Começou comprando não apenas uma, mas várias perucas de cores e tamanhos diferentes, que usava de acordo com a ocasião e com seu estado de espírito. Num dia em que a peruca voou de sua cabeça pela janela aberta do carro de um amigo, ela conseguiu rir da situação.

Quando a escola abriu as inscrições para o campeonato de natação, Alison se preocupou. Se não podia usar peruca na água, como competir? "Por que isso?", perguntou seu pai. "Por acaso você se esqueceu como se nada?" Ela entendeu a mensagem. Depois de passar apenas um dia com uma touca desconfortável, Alison se encheu de coragem e deixou a careca à mostra. Houve alguns olhares e comentários maldosos, mas a maioria das pessoas admirou o gesto de Alison, e rapidamente ela se acostumou com sua nova aparência. Voltou para a escola no outono - sem cabelo, sem sobrancelhas, sem cílios e deixando a peruca esquecida no fundo do armário.

Como sempre planejara, ela se candidatou a representante da escola e acrescentou ao seu discurso de campanha slides de líderes carecas, como

Gandhi. Todos os alunos riram muito da ideia. No primeiro discurso após a vitória, Alison dirigiu-se à audiência contando seus planos como representante e respondendo a perguntas. Ao final acrescentou:

"Gostaria de compartilhar uma experiência muito particular. Todos presenciaram o problema que tive que enfrentar e agradeço do fundo do coração o apoio e a força que me deram. Eles foram fundamentais para que essa experiência promovesse uma descoberta da maior importância na minha vida: de que a beleza se encontra numa dimensão muito mais profunda do que o nosso aspecto exterior. Não vou negar que sinto falta do meu cabelo e que às vezes sofro com a sua perda. Mas quero lhes afirmar com toda a sinceridade: sou grata por ter descoberto que o amor é o valor essencial e que depende exclusivamente de mim desenvolvê-lo. Obrigada, meus amigos." Todo mundo vibrou e aplaudiu.

E Alison, linda, popular e inteligente, ainda por cima campeã de natação e agora representante da escola, com seus olhos azul-piscina, do alto da tribuna, sorriu e agradeceu.

 

 

Marcelo Augusto de Carvalho 17 de junho de 2025 Artur Nogueira SP


 

3

VISITE AS PESSOAS

Marcelo Augusto de Carvalho

 

TOPO

 

JOÃO 1.14 – o Deus soberano tornou-Se carne para viver conosco!

 

O EVANGELHO DE JOÃO É MARCADO PELAS ENTREVISTAS PESSOAIS DE JESUS A PESSOAS DE SUA ÉPOCA.

 

Todos nós precisamos reconhecer o que está no mais íntimo de nosso ser, nossas EMOÇÕES.

Tanto que nossas IDEIAS só nos servirão depois que as emoções tiverem sido reconhecidas, analisadas e darmos um sentido a elas (sentimento).

Senão o conhecimento será usado para o mal, tanto para nós como para os outros.

Mas isto só é possível quando temos uma real experiência de conexão emocional com outras pessoas! É na CONVIVÊNCIA que expressamos o que sentimos, o outro nos acolhe e nos devolve nosso eco. Quando percebemos o que o outro sente, somos também enriquecidos com sua originalidade.

Isto chama-se SABEDORIA!

Por isto Jesus gastou tanto tempo em ENTREVISTAS PESSOAIS. E o evangelho de João mostra isto de maneira esplêndida.

 

JOÃO 1 Entrevista o mundo tornando-se carne. Revela-se, revelando que veio para os Seus, mas os Seus não O receberam.

JOÃO 2 Entrevista os sacerdotes e cambistas do templo. Revela-Se, mostrando quão avarentos e cobiçosos eram aqueles que ministravam os rituais que O simbolizavam.

JOÃO 3 Entrevista Nicodemos. Revela-se como o Salvador pendurado na cruz, revelando o que havia no coração do fariseu: incredulidade, medo do escárnio dos amigos, e pouco conhecimento bíblico.

JOÃO 4 Entrevista a mulher samaritana. Revela-se como o Messias, revelando a ela quão tola era sua busca superficial pelas rotas cisternas do prazer desse mundo.

JOÃO 5 Entrevista o paralítico do tanque de Betesda. Revela-se como aquele que pode curar o caso mais desesperador, mostrando ao homem como é fútil tentar fabricar sua solução.

JOÃO 8 Entrevista os líderes do povo e a mulher pecadora. Revela-se como Aquele que sabe todos os motivos e intenções do coração humano, e mostra a vileza humana quando decide destruir a vida de alguém.

JOÃO 9 Entrevista o cego de nascença. Revela-Se como a luz do mundo, mostrando quão cegos vivem os homens ao quererem decifrar a origem das doenças e dos males desse mundo.

JOÃO 11 Entrevista Maria e Marta. Revela-se como o Autor da vida ressuscitando Lázaro, e o ser humano como os causadores diários da morte ao planejarem Seu assassinato.

JOÃO 13-17 Entrevista com os discípulos. Ele Se revela claramente como o Messias, e os revela – todos covardes fugitivos, que um O negaria e o outro O trairia.

 

JOÃO É UM PARALELO DO LIVRO DE GÊNESIS.

 

Em ambos os livros vemos Deus indo atrás do ser humano, mostrando que Seu maior interesse é RELACIONAR-SE conosco, e que nos relacionemos entre nós.

No princípio Ele também revela quem Ele é, e quem nós somos!

 

VISITOU ADÃO E EVA LOGO DEPOIS DA QUEDA

Ao se revelar na viração do dia, perguntou: “Adão, onde estás?”

As emoções vieram à tona: “Por que tive medo e me escondi!”

VISITOU CAIM

Deus o visitou também com uma pergunta: “Por que descaiu o teu semblante? Domine seu coração por que o teu pecado, (matar teu irmão) jaz à tua porta!”

VISITOU SARA

Deus a visitou revelando Seu plano de dar a ela um filho em sua velhice. Ela riu em segredo, mas Ele a expôs mostrando sua incredulidade nas proféticas palavras do soberano do Universo.

VISITOU A JACÓ

Em sua noite de angústia Deus esse desesperado servo, perguntando-lhe: “Qual é o teu nome?” Expôs seu traço de caráter mais sombrio, dando-lhe a oportunidade de torná-lo um PRÍNCIPE VENCEDOR (Israel), pai de uma numerosa nação, e por meio dele vir o Salvador do mundo.

VISITOU OS IRMÃOS DE JOSÉ

Presos no Egito, eles mesmo reconheceram que o Senhor os estava visitando. Expressaram publicamente diante de José sua angústia e arrependimento por terem vendido seu irmão aos ismaelitas, o que o levou a perdoá-los genuinamente.

 

A LEI DE DEUS – O ESPELHO DE SEU CARÁTER!

 

Ela foi feita para irmos a Deus e ao próximo.

Ela só é guardada na convivência com Deus (os 4 primeiros mandamentos) e na convivência com o outro (os 6 últimos).

Se você a guarda para ter bom comportamento, é apenas um legalista.

Se não guarda a Lei de Deus, você nada mais é do que um grande egoísta.

Se guarda apenas os 4 primeiros mandamentos você é um exclusivista.

Se guarda apenas os 4 últimos, é apenas um humanista.

Indo ao outro, no seu caso aos ninivitas que JONAS descobriu quão egoísta, quão obtuso e quão longe ele vivia de Deus e dos outros.

Indo ao outro, no seu caso a Cornélio, que PEDRO viu quão separatista ele e a Igreja era em seus dias.

Indo ao outro, no seu caso Maria Magdalena, que Simão percebeu quão pecador, pervertido e mau ele era e quanto precisava que Jesus o salvasse.

 

TESTE – VOCÊ JÁ “VISITOU” AS PESSOAS QUE MAIS AMA?

 

Você sabe o que incomoda sua mãe, seu pai?

Você sabe qual é o maior medo de seus irmãos?

Você tem noção dos sonhos, desejos e aspirações do seu cônjuge?

Você sabe quais são as ansiedades mais profundas de seus filhos?

 

APELO

 

Foque em desenvolver sabedoria. Só ela resistirá ao critério do tempo.

O conhecimento passará, pela própria dinâmica de se descobrir coisas novas.

Conviva com as pessoas cada dia, e você será atemporal!

Ao conviver com elas, Deus lhe enriquecerá, pois através delas o ensinará a viver.

 

TROCANDO PRESENTES - Cathy Downs

Meu pai era um daqueles pregadores antigos do interior, que costumava recitar, em voz alta, versículos do púlpito da igreja batista, fazendo com que os ouvintes tremessem em seus lugares. Algumas vezes, ele recitava capítulos do livro de João sem ao menos olhar para a Bíblia em suas mãos.

Em uma tarde, depois das aulas, papai e eu estávamos no carro, a caminho da casa de uma das senhoras da igreja para fazer-lhe uma visita. Eu acabara de receber o livro de leitura da terceira série. Era meu primeiro livro de capa dura, e eu estava orgulhosa dele. Já tinha lido uma história para meu pai e começava a segunda, quando encontrei uma palavra que não conhecia. Ele resmungou algo do tipo não conseguir ler e dirigir ao mesmo tempo; então, lentamente, soletrei a palavra: "o-u-t-o-no".

Meu pai continuou em silêncio. Nervosa, gritei:

- Você não sabe ler?

Meu pai parou o carro no acostamento e desligou o motor.

- Não, Cathy, eu não sei ler... - ele sussurrou - eu não sei ler.

Ele tomou o livro de minhas mãos.

- Eu não consigo ler nada deste livro - disse-me com tristeza na voz.

Gentilmente, papai começou a contar sobre a sua infância, como todos na família trabalhavam para sobreviver. No tempo da colheita, a escola e os livros tinham que esperar. O algodão tinha que ser carpido no verão e colhido no outono. No inverno, os animais tinham que ser abatidos e preservados. Havia muitas bocas para alimentar, e cada um tinha que dar a sua contribuição. Para tornar a vida ainda mais difícil, meu pai tinha dois irmãos deficientes, por isso os outros tinham trabalho dobrado. Como resultado de tantas faltas na escola, meu pai repetiu muitas séries, perdeu a motivação e, aos 16 anos, desistiu da escola.

Jamais me esquecerei da tristeza na voz de papai enquanto me contava sobre sua infância. Também, jamais me esquecerei da vergonha em sua voz quando falou sobre seu constrangimento por não ser capaz de ajudar seus cinco filhos com as lições de casa.

Em nenhum momento, amei tanto meu pai. Lembrei-me, então, de como ele lia tão bem quando estava no púlpito, quando lia capítulos inteiros de uma só vez sem esquecer uma só palavra. Foi quando percebi que homem notável ele era. Ele ouvia mamãe ler algo algumas vezes e, então, memorizava. Que memória incrível!

Por esse motivo, eu me tornei sua professora. Fiz uma promessa de que ensinaria meu pai a ler. Tudo o que minha professora fazia comigo na escola, eu fazia com meu pai. Eu lhe ensinava os sons e os padrões da língua exatamente como eu os aprendia. Quando lia uma história na escola, ao chegar em casa, ensinava meu pai a lê-Ia. Quando eu tinha dificuldade com um novo conceito, aprendíamos juntos. Em troca, ele me ajudava a encontrar recursos mnemônicos para memorizar os pontos necessários para as provas. Em pouco tempo, ele aprendeu a escrever histórias e poemas simples. Logo depois, já conseguia escrever as citações e anotações necessárias para seus sermões.

O momento de maior orgulho de minha vida foi quando meu pai leu a passagem bíblica - ele realmente a leu no sermão de domingo. Meu pai nunca perdeu o fascínio pela linguagem escrita. Lia tudo o que lhe vinha às mãos. Ficou orgulhoso no verão em que conseguiu ler o "Almanaque do fazendeiro" para minha mãe e ensinou-a a plantar.

Em 1977, meu pai foi diagnosticado com câncer de pulmão em estado terminal e morreu nove meses depois. Durante esses nove meses, ele leu a Bíblia de Gênesis a Apocalipse. Seu momento de maior orgulho foi quando fechou a Bíblia, sabendo que era capaz de ler tudo o que estava escrito nela.

Antes de morrer, ele me agradeceu o presente que eu lhe havia dado. No entanto, não percebeu que fora ele quem me havia presenteado: eu soube que, assim como ele tinha o chamado para pastor, eu tinha o chamado para alfabetizar. Por causa de meu pai, creio que posso poupar uma criança da tristeza e da humilhação do analfabetismo. Minha carreira como professora vale a pena. Obrigada, pai.

 

 

Marcelo Augusto de Carvalho 18 de junho de 2025 Artur Nogueira SP


 


 

4

COMO AGIR SEM ERRAR

Marcelo Augusto de Carvalho

 

TOPO

 

GÊNESIS 11.1-9 – os construtores da Torre de Babel.

 

OS CONSTRUTORES DA TORRE DE BABEL ERAM GENTE MUITO MODERNA:

 

Tinham certeza de qual era o melhor modo de vida para todos os habitantes da Terra.

Decidiram então construir uma cidade que seria o centro dessa ideia para todos os povos.

Construiriam uma torre para celebrizar seu nome e sua capacidade administrativa.

Quem não aceitasse suas ideias, é claro, seriam varridos da história.

Quase dois mil anos depois, no mesmo local, NABUCODONOSOR tentou fazer o mesmo!

Incrível: gente que se achata tão importante, a história universal usou apenas 9 versos bíblicos para deixar o único registro de suas vidas!

Enquanto isso...a Bíblia usa um livro inteiro para falar de alguns desconhecidos e iletrados pescadores, o livro de ATOS, porque viveram para servir aos outros!

 

SERÁ QUE TEM GENTE ASSIM NOS DIAS DE HOJE?

 

“Quando eu estava na faculdade, um grupo de cristãos da contracultura costumava fazer pregações nos pontos mais frequentados do campus. Um deles pregava a mensagem de Jesus com toda a força. Eu ficava impressionado com a sinceridade e o poder da sua convicção. Tive certeza, depois de ouvi-lo durante meses, de que ele devia ter conseguido converter muitas pessoas. Certo dia, perguntei-lhe:

- Então, quantas pessoas vocês conseguiram atrair para Cristo com os seus discursos?

Para minha surpresa, a resposta foi:

- Na verdade, nenhuma. Mas isso não importa. É a nossa missão.

Ele tinha a firme convicção de estar fazendo a coisa certa. O resultado não era tão importante quanto à sinceridade com a qual ele executava a tarefa. Nunca duvidei da sua autenticidade, mas questionei se o simples fato de ser sincero fazia com que estivesse certo. Na verdade, eu conhecia dezenas de alunos da faculdade que ficavam irritados com os sermões e se afastavam daquele Deus sobre o qual ele estava pregando porque não queriam aproximar-se de alguém que parecia não lhes dar importância.” FONTE: Jesus, o maior psicólogo que já existiu, 20. Editora Sextante.

 

Qual era O MÉTODO DE JESUS ao relacionar-Se com as pessoas? Ele as levava a sério!

 

OS PASTORES EM BELÉM

Esses humildes homens sonhavam com o dia do Enviado de Deus.

Os anjos passaram por cima de todos os honrados da Terra para os guiarem até a manjedoura onde o Cristo havia acabado de nascer.

ANA E SIMEÃO

Esses dois servos de Deus esperaram a vida toda para verem o Messias.

Deus conduziu então Maria e José ao Templo em Jerusalém para dar a aqueles dois idosos a oportunidade de realizarem seu sonho antes de sua morte.

O CEGO BARTIMEU

Além de cego, mendigo, assentado à porta da cidade, este homem ouve que Jesus vem vindo e começa a clamar pedindo cura. A multidão tenta calá-lo.

Jesus para, manda chamá-lo, pergunta o que ele deseja, e realiza de maneira miraculosa seu sonho de enxergar.

A MULHER SIRO-FENÍCIA

Mesmo sendo estrangeira, sabendo-se excluída do povo escolhido, essa mulher leva seu caso a Cristo, revelando sua necessidade como sua fé nEle.

Ela insiste, mas com uma humildade e angústia tão tocante que Jesus atende o seu pedido, exalto sua fé acima de todos os seres humanos.

JAIRO E A MULHER COM FLUXO DE SANGUE

Jesus dá importância tanto ao orgulhoso e proeminente chefe da Sinagoga quanto a impura mulher com o fluxo de sangue. Ele ouve o pedido de ambos. Vai à casa de Jairo, como para sua caminhada para dar atenção exclusiva à mulher que o tocou de maneira tão leve e desapercebida pela multidão.

 

MICHELANGELO NÃO FEZ TUDO SOZINHO

Quando a Capela Sistina, toda reformada, foi reaberta em 1994, evocou uma imagem comum de Michelângelo: o gênio solitário preso entre a agonia e o êxtase, deitado de costas num andaime, isolado, o pincel na mão. Na realidade, isso é mistificação. O artista renascentista estava por trás de todo mundo - parecia-se mais com um moderno executivo bem-sucedido.

Novos documentos encontrados nos arquivos de Florença e Pisa mostram a preocupação de Michelângelo com os mínimos detalhes - exatamente como alguns executivos. Esses documentos esclarecem o Michelângelo empresarial. Há cerca de 475 anos, ele era o principal executivo de uma pequena para média empresa - sua oficina - que, de tempos em tempos, prestava contas a presidentes de conselho muito exigentes: os papas.

Homem de bom gosto, culto, Michelângelo viajava em classe executiva (de mula) ou primeira classe (a cavalo), vestia-se elegantemente de preto, bebia vinho Trebbiano e comia pêras florentinas.

O mito romântico de que Michelângelo trabalhava sozinho condiz com nossa ideia do artista criador. Mas, na verdade, raramente ele trabalhava sozinho. Pelo menos 13 pessoas ajudaram-no a pintar o teto da Capela Sistina; e cerca de 20 participaram do entalhe dos túmulos de mármore da Capela Medici em Florença, com suas alegorias do Dia e da Noite, Aurora e Crepúsculo. Durante os 18 anos que passou construindo a Biblioteca Laurenciana em Florença, supervisionou uma equipe de, pelo menos, 200 pessoas.

Conhecemos seus auxiliares porque todas as semanas Michelângelo registrava os nomes, dias trabalhados e salários de cada empregado. A maioria deles era tão conhecida que ele os chamava pelos apelidos, os equivalentes do Renascimento para Beto, Neco, Duda - bem como Mosca, Cenoura, Esquisitão e Gatuno.

Como gerente de recursos humanos, Michelângelo conhecia seu pessoal: Michele era o tipo irresponsável e trapaceiro; Rubecchio, um desgraçado total; Pietro era um almofadinha que gostava mais das belas roupas do que de trabalhar. Mas, embora os trabalhadores de Michelângelo algumas vezes o decepcionassem, ele nunca os despedia "É preciso ter paciência", escreveu, comentando uma obra de má qualidade.

Seus funcionários tinham vantagens - horários flexíveis, bom salário e segurança no emprego - a não ser quando as mortes de seus patrocinadores papais interrompiam o fluxo monetário. Muitos eram empregados de 10, 20, 30 ou mais anos - notável, tendo em conta a expectativa de vida da époса.

As ligações íntimas do artista com seu pessoal garantiam a estabilidade no trabalho e o controle de qualidade. Mas quando Francesco da Sangallo apresentou uma escultura malfeita, Michelângelo suspendeu seu pagamento, anotando: "Não quero lhe dar mais, se ele não cumprir o que prometeu.

O empresário Michelângelo era versátil: sonhou com uma fachada de igreja, uma biblioteca e um mausoléu, tudo em Florença. E reprogramou a elite dos entalhadores (escultores de mármore) para que realizassem sua visão.

Bom solucionador de problemas, fazia alterações e resolvia os impasses quando se apresentavam. Passava os dias entrando e saindo das linhas de montagem e trabalhava quase todos os sábados e a maioria dos feriados. Em resumo, como os executivos, Michelângelo controlava todas as peças e envolvia-se em tudo. Para supervisionar os escultores trabalhando na Biblioteca Laurenciana precisava de "cem olhos", escreveu ele.

Ele também encorajava a composição criativa e a iniciativa no desenho e execução. Para construir a Igreja de San Lorenzo, prédio mais grandioso de Florença, usou blocos de mármore das pedreiras alpinas que ainda hoje se mantêm praticamente inacessíveis. Organizou um sistema de transporte com trenós e bois, selecionava e inspecionava todo o seu material, discutia preços com os carregadores e fazia desenhos até mesmo dos mínimos detalhes, aparentemente os mais insignificantes. Depois virava o papel para fazer cálculos, contar alqueires de cereais, redigir uma carta ou compor poesia.

Michelângelo morreu quase aos 90 anos, em 1564, um gênio criador e um sábio executivo, homem que se sentia igualmente à vontade no mundano e no sublime. Como acontece com muitos outros empresários, houve falhas ocasionais em seu estilo gerencial, mas ele teve um êxito extraordinário em dar o melhor de si e de seus colaboradores. Durante sua vida, conseguiu agradar a todos os clientes, e continua a fazer isso desde então.

 

O ERRO DA ARROGÂNCIA HUMANA!

Todos os dias temos ideias incríveis para mudar a vida dos outros e o mundo todo.

Assim criamos projetos especiais para levar a cabo essas soluções.

Impomos nossa vontade aos outros, exigindo que se submetam ou estarão perdidos!

Aceitamos dar o que os outros precisam, desde que seja aquilo que nós achamos ser o melhor para eles.

 

POR QUE AS EMPRESAS FALEM?

Porque elas buscam VENDER seus produtos. As pessoas não são importantes!

POR QUE OS GOVERNOS FRACASSAM?

Porque para eles a pessoas existem apenas para serem GOVERNADAS.

E são lembradas somente na hora de eleger seus líderes.

POR QUE OS RELACIONAMENTOS DA VIDA FRACASSAM?

Porque insistimos que o outro existe para nós na medida em que ele nos SERVE para algum fim específico. Se o outro nos dá prazer continuamos usando-o. Se não há mais RAZÃO para desfrutar seus serviços, nós os descartamos.

 

O QUE É MISSÃO? COMO VAMOS TER SUCESSO EM REALIZÁ-LA?

 

O TEMPO que você gasta com os outros e a MANEIRA como os trata revela mais sua relação com Deus do que toda sua TEOLOGIA, MORALIDADE e ÉTICA juntas!

 

ABRAÃO intercedeu por Ló até que não houvesse mais como fazê-lo.

NOÉ gastou todo seu tempo e dinheiro para levar a salvação aqueles que o zombavam.

NATÃ arriscou sua vida para advertir Davi de seu pecado e sua iminente destruição.

 

APELO

 

Ninguém se importa com quanto você sabe até saber quanto você se importa. Theodore Roosevelt.

O oposto do amor não é o ódio, mas a indiferença. Érico Veríssimo em "O Tempo e o Vento"

Quer agir, sem errar? Leve a sério as pessoas! Ame-as como Deus as ama.

 

CARTAS AO PAI DE ANNE FRANK

Sentei-me sobre a mala, enquanto o trem suíço me conduzia à reunião com que sonhava há duas décadas. No ponto final da jornada, aguardava o pai de Anne Frank, com quem me correspondia desde os 14 anos.

Desejava que o encontro com o homem que passei a considerar meu segundo pai fosse pura emoção, abraços, lágrimas. Mas compreendi que, provavelmente, após um formal aperto de mão, Otto e eu passaríamos alguns momentos bastante corteses, e nada mais. Estava preparada.

O sonho desse dia começara a se esboçar quando eu tinha 12 anos e vivia em San Fernando Valley, Califórnia. Havia me submetido a um teste para representar o papel principal do filme O Diário de Anne Frank, de 1959. Não o consegui, mas encontrei um mundo inteiramente novo no diário de Anne Frank.

Apesar das imensas diferenças das circunstâncias que nos envolviam, identifiquei-me profundamente com aquela eloquente garota de minha idade. As situações difíceis que enfrentara ficaram gravadas em meus pensa mentos. Como se escondera dos nazistas em um minúsculo anexo, no sótão do prédio em que funcionava o escritório de seu pai, em Amsterdā, numa explosão de vida frustrada, "como um canário na gaiola". Como permanecera escondida durante dois anos com os pais, Otto e Edith, a irmã mais velha, a família Van Daan, e um dentista. Como foram apanhados e confinados em um campo de concentração, onde ela morreu. Como, apesar de tudo o que passara, ainda acreditava que "as pessoas, no fundo, são realmente boas" .

Dois anos após haver lido o diário pela primeira vez, escrevi a Otto Frank em Birsfelden, Suíça, onde ele fixara residência com sua segunda mulher, Fritzi. Será que responderia? Falaria inglês? Poderia eu falar-lhe sobre Anne, ou seria demasiado doloroso?

Chegou, então, uma carta. Devo tê-la lido uma centena de vezes:

21 de agosto, 1959

Recebi sua amável carta e fico grato por ela. O desejo ardente de Anne era trabalhar em prol da humanidade e, por esse motivo, foi criada em Amsterdã a Fundação Anne Frank, para realizar um trabalho inspirado nela. Você tem razão quando diz que recebo muitas cartas de jovens do mundo inteiro, e entenderá que não me é possível prosseguir com a correspondência, embora, como vê, esteja respondendo a todos.

Desejo a você tudo de melhor,

Com os votos do seu,

Otto Frank

Repliquei que ele não precisava responder. Independentemente de resposta, eu continuaria a escrever. Depois, cada vez que era fulminada por um ataque de "Não consigo suportar mais!", despejava tudo em uma longa carta. E ele respondia, sempre.

Aos 15 anos, contei-lhe a respeito da minha vontade de ser atriz. Respondeu:

Continue a estudar dança, continue a se dedicar à literatura e à arte dramática, mas deixe que seja apenas um passatempo... É muito difícil o trabalho de bailarina e atriz.

Na faculdade, onde eu trocava de área de concentração com a mesma frequência com que trocava de meias, Otto Frank esteve a meu lado. Da dan ça para a arte dramática, para o inglês, meu querido e distante "guia supervisor" mostrava-se muito mais tolerante do que aqueles da Universidade da Califórnia.

Também participou quando pensava em me casar com um homem que não era judeu. Aconselhou-me a conseguir livros sobre o judaísmo para que meu noivo lesse. Foi o que fizemos.

Quando nos casamos, Otto escreveu:

Não ligue para a desaprovação dos outros. Suas personalidades combinam e vocês respeitam mutuamente suas convicções; isto é tudo o que importa.

Embora feliz no casamento, atravessávamos o difícil ano de 1968. Depois do assassinato de Robert F. Kennedy, escrevi:

Bobby Kennedy está morto. Martin Luther King, Jr., está morto. John F. Kennedy está morto. Medgar Evers está morto. Todos baleados por homens loucos. Como poderia gerar um filho num mundo assim?

Ele contestou:

“Não desista nunca! Certa vez li: 'Mesmo que o fim do mundo fosse iminente, eu plantaria hoje uma árvore.' A vida continua, e talvez seu filho faça o mundo avançar um passo.

Em homenagem ao meu aniversário daquele ano, Otto Frank me enviou uma nota: Duas árvores em Israel em nome de Cara Wilson, pelo seu aniversário. Plantadas por Otto Frank, Birsfelden.

A perspectiva de esperança de Otto Frank nos deu, a mim e a meu marido, coragem para nos tornarmos pais. Tivemos dois filhos, Ethan e Jesse. A primeira vez que me separei deles foi por ocasião da minha viagem à Suíça.

O trem ia parando. O condutor anunciou a estação e as portas se abriram bruscamente.

Procurando no meio da multidão, vi um homem ereto, com um rosto que lembrava o de Lincoln. Cabelos brancos como a neve emolduravam a cabeça quase calva. Um senhor idoso, alto, ainda forte e bonito.

Era ele mesmo! Otto Frank.

"Cara! Finalmente!", disse de forma calorosa.

Eu estava abraçando-o de verdade. Um abraço apertado. Graças a Deus! Nada de aperto de mão nem de cumprimentos formais. De repente, um pouco acanhado, enlaçou seu braço no meu. Fritzi me tomou o outro braço e fomos embora.

Assim que entrei na residência dos Frank, senti-me em casa. Otto me conduziu ao seu pequeno gabinete. Sobre a escrivaninha, via-se uma pilha de correspondência recém-chegada. Mostrou-me os cadernos de notas, abarrotados de cartas, que cobriam a parede de lado a lado.

Então, Otto apontou-me um caderno. "Estas são as suas cartas, Cara. Guardei-as todas." Eu mal podia acreditar. Via-me através de vinte anos de correspondência. Observei meus garranchos dos doze anos evoluírem a uma escrita adulta para, então, transformarem-se em páginas datilografadas. Infinidade de pontos de exclamação e palavras sublinhadas, profusão de sentimentos.

Otto disse: “Você não é a única que tem escrito durante todos esses anos."

Sorrindo, contou-me particularidades sobre alguns dos outros. Havia Sumi, do Japão, que perdera o pai. A menina lera o diário de Anne e emocionara-se, a ponto de escrever. Informara-lhe que gostaria de se tornar sua "filha por correspondência" - e assinava todas as cartas "Sua filha, Sumi". Otto orientou-a durante anos.

Havia também John Neiman, que lhe escreveu depois de reler o Diário na faculdade. Otto lhe falou: "Se quiser honrar a memória de Anne e dos outros que morreram, cumpra aquilo que Anne tanto desejava - fazer o bem aos outros."

Para obedecê-lo, John tornou-se sacerdote. Hoje, o padre John, sacerdote católico em Redondo Beach, Califórnia, continua a estender a mão aos sobreviventes do Holocausto.

E também tinha Vassa. Algum tempo atrás, Otto recebera uma carta de Atenas. Na Embaixada da Grécia, indicaram-lhe um professor local que traduziu a carta.

A jovem revelou seu horripilante passado - o modo como o pai, envolvido no movimento de resistência aos nazistas, fora assassinado na sua frente. Vassa perdera o interesse por tudo - pela vida em si.

Foi então que assistiu à peça O Diário de Anne Frank. Escreveu a Otto, abrindo seu coração. Ele respondeu que, embora houvessem impedido Anne de ver suas metas realizadas, Vassa tinha diante de si toda uma vida de esperança. A correspondência continuou e, encorajada por Otto, Vassa fez sumir a depressão.

Ao notar que a menina já não necessitava de seus conselhos, Otto escreveu-lhe explicando a dificuldade de conseguir que as cartas fossem traduzidas. Ficara velho. Via-se forçado a deixar de escrever para ela.

Por mais de um ano, não recebeu notícias de Vassa. Chegou, então, uma carta com a assinatura familiar. Era em francês - língua que Otto sabia ler. No decorrer de todos aqueles meses, Vassa estudara francês, a fim de poder escrever ao seu querido mentor.

Durante a minha visita, prestei muita atenção às palavras de Otto, ciente da importância de lembrar cada detalhe daquele momento. Como se lesse minha mente, disse-me, baixinho: "Foi bom você ter vindo agora. Sou um velho, você sabe."

Continuamos a nos corresponder por mais dois anos. Então, certo dia, recebi uma carta de Fritzi que começava assim:

Minha querida Cara,

Neste momento, meu amado me deixou, e a todos os seus amigos...

Poderia apenas me maravilhar com o número de vidas que esse homem bondoso influenciou - bem como me sentir afortunada, porque a minha fora uma delas. Embora de raças e religiões distintas, somos, de certa forma, iguais. Afinal de contas, não foi Anne quem nos enviou para fazer companhia ao pai?

 

 

Marcelo Augusto de Carvalho 19 de junho de 2025 Artur Nogueira SP


 

5

PARA QUE SERVE SABER TUDO?

Marcelo Augusto de Carvalho

 

TOPO

 

GÊNESIS 3.1-8 – Eva comeu o fruto proibido por Deus.

 

EVA – quis conhecer e saber tudo.

LÚCIFER – quis ter todo o poder do Céu. Isaías 14.12-14

SALOMÃO – quis saber sobre tudo. Eclesiastes 1.12-18. Quis também desfrutar todo o prazer dessa vida. Eclesiastes 2.

 

O QUE ESTÁ POR DETRÁS DESSE DESEJO MEGALOMANÍACO?

 

O RICO LOUCO DA PARÁBOLA – se eu tiver muito dinheiro, se acumular tudo o que eu preciso, eu jamais passarei necessidade!

JAIRO – se eu for um bom líder, saberei o que as pessoas precisam fazer. Assim darei as ordens certas e evitarei o infortúnio. (Foi o que ele fez com Jesus: “Levante-se, venha depressa e cure minha filha!)

MULTIDÃO – se tivermos a Jesus como rei todos os nossos problemas acabarão! Ele alimentou 5 mil homens, fora as mulheres e crianças. (João 6). Ele mostrou que tem poder para alimentar um país inteiro, curar todas as doenças e liderar um grande exército para vencermos nossos opressores.

 

CRENÇA – SE SOUBER TUDO, TEREI O CONTROLE SOBRE TUDO!

 

Precisamos acreditar que sabemos a verdade completa a respeito das coisas e das pessoas para nos sentirmos seguros, achando que dominamos completamente a situação e que nada novo virá nos perturbar. 23

 

Evitamos as EMOÇÕES do cônjuge – elas nos causam instabilidade.

Não queremos ter FILHOS – não saberemos o que fazer ante as demandas.

Gostaríamos que eles pulassem a ADOLESCÊNCIA – temos pânico.

Queremos a VOLTA DE JESUS – para evitar o sofrimento da velhice.

 

DEUS EVITA QUE SAIBAMOS DE TUDO!

 

Deuteronômio 29.29 – impôs limites ao saber. Precisamos aceitá-los.

Provérbios 4.18 – o conhecimento será sempre progressivo, por toda a vida.

Salmo 23 – é certo que durante a vida passaremos várias vezes por aflições.

Provérbios 17.17 – na necessidade, saberemos como somos amados por outros.

Abraão – foi para Canaã, onde ele não sabia como viver ali. Aprendeu lá!

Rute – na falta podemos escolher andar junto, conhecer e abençoar os outros.

Ana – é em angústia que tomamos a decisão de confiar inteiramente em Deus.

Israel no deserto – tiveram que aprender a caminhar pela fé, esperando no Senhor, para que cada uma de suas necessidades diárias pudessem ser supridas.

 

E QUAL É O CONHECIMENTO QUE MAIS PRECISAMOS NO TEMPO DO FIM?

 

Apocalipse 3 – descobrir que somos pobres, cegos e nus.

Lucas 17.20-21 – precisamos levar a sério o que está DENTRO de nós.

Filipenses 4.8 – o que está em guardado em nosso INCONSCIENTE.

2 Coríntios 12.10 - detectar, reconhecer e dar sentido às nossas mais profundas EMOÇÕES.

 

APELO

 

Em vez de querer saber tudo sobre todas as coisas, gaste tempo contemplando e aprendendo sobre o ministério da vida. Deixe-se surpreender com os eventos para perceber neles a PROVIDÊNCIA divina. Romanos 8.28.

 

ALÉM DO CONTROLE

Quando tocaram a campainha naquela tarde, abri a porta meio entorpecida. Era a pior hora para aparecer alguém! Um homem de rosto simpático se apresentou: viera consertar o sistema de alarme.

No quinto mês de gravidez, eu estava com os nervos à flor da pele, esperando o telefone tocar. Minha paz de espírito poderia vir da notícia que aguardávamos.

Durante um ano e meio nós tínhamos tentado ter um bebê, chegando a fazer testes de fertilidade, sem um resultado conclusivo. Finalmente fiquei grávida.

O primeiro trimestre transcorreu normalmente, a não ser pelos enjoos matinais, que eu sabia serem temporários. Esperava ansiosa pelas consultas médicas, para saber cada vez mais sobre nosso filho. Então quando o médico perguntou se eu queria fazer um exame de sangue que detectaria algum eventual problema, concordamos imediatamente. Chegando os resultados, o médico me telefonou e, com um tom profissional, embora preocupado, disse que havia sugestão de síndrome de Down.

Para certificar-se, agendou um ultrassom e uma amniocentese.

Embora apreensivos, meu marido e eu nos emocionamos, pois pela primeira vez pudemos ver o bebê se mexer. Tudo se tornou real de repente: íamos mesmo ter um bebê, um menino!

Não poderia haver nada de terrível com ele, não é?

Foi duro saber que os resultados demorariam duas semanas e que este período seria suficiente para pôr termo à gravidez de maneira segura. Mas, qualquer que fosse o resultado, para nós esta não parecia uma opção.

Não imaginava que duas semanas pudessem parecer uma eternidade. Eu tentava me distrair, pensar em outras coisas, mas as palavras "fora dos padrões de normalidade" ficavam se repetindo na minha cabeça. Rob ia para o trabalho e eu me sentia desamparada em casa.

Finalmente chegou o dia de saber o resultado. Nunca esquecerei meu nervosismo, em casa, sozinha, esperando o telefone tocar. Mas ele não tocava e lá pelo meio-dia não aguentei mais.

Liguei para o médico, mas a enfermeira disse não ter ainda a resposta. Foi neste dia que o técnico veio consertar o alarme.

Quando a campainha tocou, eu estava a ponto de explodir.

Como um autômato, deixei o técnico entrar e mostrei a ele o sistema de alarme, pensando: "Isso vai custar uma fortuna, aconteceu na pior hora."

Fui ensinada a acreditar que "Deus sabe a hora certa”, mas essa fé dava sinais de estar abalada. Umas duas horas depois, a enfermeira ligou. Respirei fundo ao ouvir: "Temos uma notícia boa e uma ruim."

A boa era que nosso filho não tinha síndrome de Down. A ruim era que se apresentava um problema nos cromossomos. Se Rob e eu também tivéssemos o problema, nosso filho nasceria bem. Mas, caso contrário, significava que faltava alguma coisa na composição dos genes do bebê.

“Alguma coisa faltando?" Tentei não gritar. "Como assim? Isso quer dizer o quê?" "Desculpe, senhora Horning, não se pode dizer o que há de errado com o bebê até ele nascer. Agora o melhor a fazer é a senhora vir aqui imediatamente com seu marido para um exame de sangue.

"Imediatamente? Podemos ficar sabendo hoje?" "Podemos fazer o exame hoje e ter o resultado em cinco dias." "Cinco dias?"

Foi quando perdi o controle. Não me lembro de ter chorado e gritado tanto em meus trinta e quatro anos de vida. Parecia que eu tinha levado um soco no estômago e que estava tomando fôlego para receber outro. Lembro que liguei para o trabalho de Rob, ainda histérica.

"Colleen, querida, ouça. Peça ajuda à vizinha. Vou sair logo que puder, mas não quero que você fique sozinha." Desliguei o telefone, apavorada.

Fiquei ali, sem ar, e me lembrei então que o técnico do alarme ainda estava trabalhando e provavelmente ouvira tudo. Com vergonha, achei que tinha de me desculpar. Chorando, fui até a sala da frente e o encontrei encostado no umbral da porta, como se esperasse por mim. Antes que eu dissesse qualquer coisa, ele me levou até uma cadeira.

"Sente-se", ele disse. "E respire fundo, procurando relaxar." As instruções específicas e o tom gentil me pegaram de surpresa. Sentei e comecei a respirar, me sentindo mais calma. Aquele estranho se sentou à minha frente e, numa voz tranquila, me contou como ele e a mulher tinham perdido o primeiro filho. O bebê nascera morto porque eles não sabiam que ela desenvolvera diabetes durante a gravidez. Ele continuou dizendo como fora duro aceitar o fato até que, finalmente, desistiram e admitiram que era algo que lhes fugia ao controle.

"Eu entendo como seu coração está doendo agora. Mas só o que a senhora pode fazer é ter fé e compreender que o que está acontecendo com seu bebê está fora do seu controle. Quanto mais tentar tomar as rédeas da situação, ter controle sobre o bebê, sobre os exames, tudo isso, mais a sua incapacidade de mudar as coisas vai fazer-lhe muito mal." Tomou minha mão e disse que há poucos meses ele e a mulher tinham sido abençoados com uma menininha saudável. Dessa vez, não tinha havido problemas. É claro que pensam ainda no garotinho que perderam, mas hoje entendem e aceitam que, por alguma razão, não era para ele viver.

Pediu para eu tentar manter a fé e afirmou que sentia que tudo daria certo.

Então, com a mesma calma com que me contou sua história, ele se levantou e se dirigiu à porta. Virou-se e disse que já consertara o alarme.

Aquele homem me ajudou como nenhuma outra pessoa poderia ter feito! Ao apertar sua mão e dizer "obrigada, me lembrei de que não pagara pelo serviço.

Ele sorriu e disse que eu nada lhe devia. Tudo que pedia era que eu mantivesse a fé.

Entreguei a Deus e, no final das contas, tudo aconteceu na hora certa.

 

 

Marcelo Augusto de Carvalho 20 de junho de 2025 Artur Nogueira SP


 

6

AUTOSABOTAGEM

Marcelo Augusto de Carvalho

 

TOPO

 

LUCAS 8.1-3 - Maria Magdalena

 

Simão a desencaminhou. Sentindo-se altamente pecadora, decidiu acreditar que era má.

Foi tão baixo no pecado que 7 demônios passaram a possuir seu corpo.

É o perfil do AUTOSABOTADOR.

 

EXEMPLOS DIÁRIOS DE AUTOSABOTADORES

 

TRABALHO

Roberto era um sabotador nato. Muito inteligente para o trabalho, vendas, artes e filosofia, ele começava qualquer coisa com muito sucesso. Mas...quando as coisas iam bem, por si mesmo ele se autodestruíra. Ou ele arranjava uma briga com seu líder, ou se enfastiava dos processos diários, ou não aceitava as ordens impostas. Nunca foi demitido de emprego algum! Sempre era ele quem pedia demissão, trazendo novamente miséria e insegurança a ele e a sua família.

Creio que ele nunca se amou de fato. Tinha certeza de que era mau, por dentro, e por isto nunca mereceu suas realizações.

Seu pai deixou a família quando ele tinha 9 anos, indo morar com uma moça da idade de sua irmã mais velha! Ele via todos os dias a mãe chorar de desespero emocional e solidão. Por isto aos 14 anos deixou sua casa para trabalhar no bar de seus tios, tendo que cuidar de todas as suas necessidades ainda muito jovem.  Sentia muito rancor de tudo isto. Mas como projetar esses sentimentos na mãe, que fora vítima da situação? E No pai, a quem tanto queria de volta.

No fundo passou a projetar seu rancor em SI MESMO. E a autossabotagem podia ser praticada com muita eficiência, já que de si ninguém se divorcia!

 

ESCOLA

Augusto é alguém muito inteligente e estudioso. Gasta pelo menos 1 hora por dia em sua casa revisando o que aprendeu na Escola. Mas inexplicavelmente, na hora da prova, ele tem um “branco”! Todas as informações lhe somem da memória ocasionando-lhe notas horríveis.

 

CRENÇA NA AUTOCONDENAÇÃO

 

Em geral o auto sabotador tem uma crença errada a seu respeito: ele se odeia pelo que é!

E tenta explicar os fatos da vida, principalmente as tristezas e decepções, por seu comportamento.

 

CRIANÇA

“Se eu fosse perfeita minha mãe meu pai não teriam se separado!”

“Se eu tivesse sido boazinha Jesus teria curado meu avô!”

 

JOVEM

“Se eu tivesse orado mais meu pai teria parado de beber e vindo para a Igreja!”

 

ADULTO

“Se eu não tivesse falhado meus filhos não teriam se apostatado!”

 

O QUE JESUS FAZ DIANTE NA NOSSA AUTOCONDENAÇÃO?

 

As pessoas vivem por suas crenças básicas: SALVAÇÃO ou PERDIÇÃO. A autocondenação é um fruto natural desse jogo, no qual as pessoas sempre saem perdendo para si mesmas.

Em geral nos autossabotamos por ilusões e MENTIRAS QUE CRIAMOS em nossa cabeça para explicar nossos infortúnios na vida.

Ao descer à Terra e Se relacionar com a humanidade, Ele ensinou repetidas vezes que as crenças são modificadas pela fé e não pelos fatos.

Ele veio justamente para mostrar que a vida cristã não se faz de ficar mal consigo mesmo, mas de sentirem-se AMADAS por Deus, perdoadas apesar de merecerem o castigo por seus erros, e estimuladas a seguirem em frente em seu crescimento.

Ele ensinou a todos os pecadores que a autocondenação não é humildade, e sim humilhação.

Ele também mostrou que a única maneira de nos arrependermos é CONVIVENDO com Ele. O resultado dessa relação será o abandono do pecado, o nascimento de uma nova vida, e a existência digna em plena humildade ao lado dEle.

Jesus quer que as pessoas se libertem da condenação e não que não vivam presas a ela.

 

MARIA MAGDALENA

Não sabemos quando nem onde: se nas ruas de Magdala ou na casa de sua irmã Marta. O fato é que Jesus a encontrou, perdoou seus pecados e lhe deu uma nova vida. Era habitada por 7 demônios (plenitude do mal) mas Cristo a libertou para sempre.

 

ZAQUEU

Foi um cobrador de impostos injusto e covarde por muito tempo. Mas Jesus veio até sua cidade e convidou-se para ir à sua casa. Diante de tanto amor e compaixão, Zaqueu confessou seu pecado, decidindo-se a reparar seus erros e a assumir uma vida de e generosidade serviço no Reino de Cristo.

 

PEDRO

Prometeu fidelidade à Cristo até a morte, mas falhou tragicamente, negando-o publicamente. Pedro desejou a morte. Mas Jesus o perdoou, dando-lhe uma nova chance, restabelecendo-o ao grupo de discípulos, conferindo-lhe o privilégio de “apascentar os cordeirinhos” de Sua Igreja!

 

APELO

 

Conviva com as pessoas. Conheça-as e deixe ser conhecido por elas.

Aceite-se com suas limitações. Ame-se.

Assuma os fatos de sua vida como parte integrantes de você, perdoando-se pelos erros, elogiando-se pelos sucessos alcançados, e permitindo-se progredir.

Olhe-se como Deus já te olha. Jeremias 29.11-13

 

ALÉM DO NOSSO CONTROLE

Quando eu tinha 13 anos, meu pai se envolveu num acidente de carro. Um acidente que, embora não o tenha ferido, quase o matou.

Ele era o meu herói - alto, moreno, incrivelmente bonito, com dentes perfeitos que faiscavam quando ele ria ou cantava. Tinha aprendido a cantar ouvindo discos de Mario Lanza, e sua voz perfeita de tenor enchia a casa, o jardim e até as florestas onde nós dois costumávamos caminhar e pescar.

Papai e eu éramos a parte da família que gostava de viver ao ar livre, enquanto mamãe ficava em casa com Trisha, minha irmã mais nova. Nos fins de semana, parávamos junto aos riachos cristalinos para apreciar as aranhas aquáticas deslizando na superfície, catávamos girinos nos pântanos e percorríamos trilhas na floresta, recolhendo ossos de animais. Quando eu me cansava, ou quando a correnteza dos rios estava. mais forte, meu pai me levava em seus ombros fortes.

Apesar de gostar da rusticidade da vida ao ar livre, papai era um homem terno, com um profundo respeito por todas as formas de vida - até mesmo as aranhas e os besouros encontrados dentro de casa, ele os recolhia e soltava do lado de fora. Era também uma pessoa obsessivamente cautelosa. Nas férias da família, sempre dirigia abaixo do limite de velocidade permitido, o que nos deixava, a mim e a Trisha, loucas da vida.

Mas, por ironia, um garoto de bicicleta entrou abruptamente na frente do carro dele. Num segundo, a vida do menino chegou ao fim. E a de meu pai também, pelo menos como tinha sido até então. De risonho e extrovertido, ele se tornou retraído. Luto e desespero pareciam estar presentes em cada gesto e em cada pensamento seu. E embora tivesse consciência de que não causara o acidente, a culpa instalou-se em seu espírito.

Trisha e eu sabíamos que tinha havido um acidente, mas papai nunca nos falou sobre o assunto. Nossa família agia como se o fato mais dramático que já nos atingira simplesmente não houvesse acontecido. Agíamos como se nada tivesse mudado-em-bora nada mais fosse como antes.

Em 1962, papai foi transferido no trabalho. Ele fez as malas de foi de avião para Albuquerque buscar um carro, enquanto mamãe, Trisha e eu íamos visitar parentes.

Papai dirigia muito bem. O trabalho exigia que fizesse muitas viagens de carro, e ele já havia percorrido milhares e milhares de quilômetros sem nenhum acidente. Normalmente, achava relaxante dirigir. Mas naquele dia a estrada estava muito movimentada, cheia de tratores, carros, ônibus de turismo e caminhões. E o carro estava trepidando na velocidade costumeira de papai, um pouco abaixo do limite de 60 milhas por hora (96,56 km/h). Entretanto, a 100 km/h a trepidação diminuía e, passada uma hora ou pouco mais, ele se fixou nessa velocidade. À medida que foi vencendo os quilômetros, papai relaxou, apreciando o belo cenário. E começou a cantar.

À tarde, transpôs uma serra e chegou a uma cidadezinha na entrada de um vale cuja vista era de tirar o fôlego. Ali a estrada era nova, de asfalto liso e regular, e todo o trânsito pesado parecia ter ficado para trás, do outro lado da montanha. Ao sair da cidade, papai acelerou para ultrapassar um motorista de cabelos brancos, que ia devagar feito uma carroça. Mas, assim que os dois carros emparelharam, o homem acelerou, forçando meu pai a aumentar a velocidade para conseguir completar a ultrapassagem. Vendo que o velocímetro marcava mais de 60 milhas por hora, papai desacelerou. Um ciclista solitário pedalava à sua frente, no acostamento. Papai sempre mantinha uma boa distância dos ciclistas, mas dessa vez isso não era possível, pois um velho caminhão do Exército vinha em sua direção, fumegando ruidosamente. Então ele notou que o ciclista era apenas um menino.

O caminhão passou, e papai se aproximou da faixa divisória de pistas, tentando aumentar a distância entre ele e o ciclista. Nesse instante, o garoto deu uma guinada brusca, bem na frente do carro. Meu pai meteu o pé no freio, as rodas travaram e o automóvel derrapou, os pneus cantando, deixando marcas escuras por 12 metros no asfalto. Onde estava o menino?

Ele viu a roda da frente da bicicleta rolar e cair numa vala. Quando o carro finalmente parou, papai saltou, correndo em disparada com as pernas trêmulas.

Os olhos do garoto já estavam dilatados. Papai ouviu a própria voz, aguda e distorcida, perguntando sem parar: "Você se machucou? Você se machucou?" O garoto continuava imóvel e mudo. Um dos pés tinha perdido o sapato.

O caminhão do Exército voltou e o motorista, um homem alto, de olhos tristes, encostou a cabeça no peito do menino e pensou ainda ouvir o coração. Meu pai, sempre tremulo, voltou ao carro e pegou a mala, de onde tirou suéteres e um casaco.

Com todo o cuidado, acomodou o garoto sobre as roupas. Notou a mancha de sangue que se espalhava no jeans dele e rasgou a perna da calça, expondo a fratura. O tecido adiposo aparecia no ferimento. socorros, papai fez um torniquete acima do ferimento, para estancar o sangue. Mas o sangue tinha parado de correr. "É lamentável", disse o motorista do caminhão. "O senhor não teve como evitar." Meu pai ouviu essas palavras como se ditas a imensa distância, e guardou-as no fundo da mente.

Estava entorpecido, exceto pelos olhos, arregalados. Como se estives se observando a si mesmo, começou a tomar providências: tirar a bicicleta da estrada, desviar o trânsito, responder a perguntas. Um policial apareceu, com uma câmera fotográfica e uma fita métrica.

"A que velocidade estava?", indagou. Essa pergunta ficaria para sempre gravada na alma de meu pai.

A que velocidade ele estaria? Lembrava-se de ter acelerado para ultrapassar o homem idoso, mas em seguida reduzira a velocidade novamente. Não havia olhado o velocímetro. Tinha a impressão de ter diminuído para deixar o caminhão barulhento passar, acelerando em seguida para ultrapassar o ciclista. Mas não sabia a que velocidade vinha, e não poderia ter certeza... jamais. Aquela pergunta se transformou numa obsessão. A velocidade em que dirigia teria contribuído para a morte do menino?

Seguindo para a delegacia a fim de fazer o do acidente, perguntava-se se seria preso. Mas o xerife o liberou, recomendando que mantivesse contato. No entanto, aquilo não era suficiente para meu pai. Precisava conversar com os pais do menino. O xerife então o levou até a fazenda onde moravam.

A casa estava cheia. A mãe, sentada no sofá, chorando, encontrava-se cercada por várias mulheres, todas com o rosto marcado pelas lágrimas. Com delicadeza o xerife fez as apresentações, explicando a presença de meu pai.

Um homem de cabelos encaracolados, o pai do menino, saiu do banheiro. Tinha acabado de fazer a barba e se cortara bastante. Estava com um brilho furioso nos olhos, porém manteve o controle enquanto ouvia meu pai, cuja voz soava aguda e infantil aos seus próprios ouvidos, ao dizer ao homem o quanto lamentava o ocorrido.

O pai do menino insistiu para que fossem até o local do acidente, a fim de fazer uma reconstituição. Com os dentes trincados, fez uma série de perguntas, inclusive "A que velocidade o senhor estava?" Quando voltavam para o carro do xerife, ele disse a meu pai o quanto o filho ajudava na ordenha das vacas e em outras tarefas na fazenda.

Terminada a provação de encarar a família, meu pai precisava agora contar à mamãe o que tinha acontecido. O que dizer à sua mulher num momento desses?, pensava. Ela passaria a olhá-lo como um assassino de crianças? Ainda poderia amá-lo? Afinal, meu pai telefonou. O nó na garganta era tão apertado que ele mal pôde falar, mal podia responder quando minha mãe reafirmou seu amor por ele. Depois, ficou por um tempo ainda na cabine telefônica, tentando respirar. A pressão que sentia no peito parecia a ponto de esmagar lhe o coração e os pulmões.

O dia já havia se transformado em noite quando por fim meu pai se hospedou num hotel de estrada. Ali, sozinho, pensou em suicídio. Ora se sentava atordoado na beira da cama, ora caminhava de um lado para outro em desespero. Sua vida parecia inútil. Sentia que jamais estaria quite com o mundo outra vez. No dia seguinte ao acidente, minha mãe começou a viagem de mais de mil quilómetros para reencontrá-lo. Antes que Trisha e eu o víssemos, uma semana depois, fomos alertadas por mamãe de que talvez ele parecesse mudado. Lembro-me de examinar seu rosto, procurando sinais de mudança, mas meus olhos nada viam de diferente. Eu estava enganada. Meu pai vivia agora uma vida dupla. Para as filhas e os colegas, mostrava uma expressão de calma inabalável. Mas muitas vezes aquele homem, que não chorava desde os tempos de criança, soluçava em segredo nos braços da mulher.

Ele nunca mais cantou. E um estranho medo começou a crescer dentro dele. Talvez, para compensar, Deus reclamasse a vida de uma de suas filhas. Sempre acreditara num Deus amoroso e paternal. Agora, sem conseguir compreender como Ele permitira aquele acidente, sentia medo de uma divindade cruel e vingativa.

Certo dia, pedi-lhe para ir pescar com Trisha, um pouco além de nossa nova casa. Papai ficou na dúvida. Ventava forte, as ondas quebravam na praia. Nadávamos bem, mesmo assim ele hesitou. Implorei. Relutante, acabou concordando, mas precisou obrigar-se a continuar sentado à escrivaninha. No entanto, a toda hora se levantava e ia até a janela. Por duas vezes, chegou a ir até a porta para nos trazer de volta, mas voltou a sentar-se. Quando começava a se concentrar no trabalho, um barulho o fez levantar-se de um salto. Pela janela, ele me viu correndo para casa, gritando, a voz cheia de pânico, o rosto molhado de lágrimas.

No mesmo instante, ele soube que Trisha tinha se afogado. Abriu a porta e saiu correndo feito um louco para o lago, agarrando-me pela mão. Ainda de longe, viu Trisha na praia, segurando minha vara de pescar. Quando chegamos perto, notou que a linha de pesca ia dar direto no olho dela.

Papai segurou Trisha pelos ombros com as mãos tremulas e disse-lhe palavras de conforto, com a voz embargada. Notou, com alívio, que o anzol tinha penetrado de leve na pele abaixo da sobrancelha direita. Com cuidado, tirou o anzol do pequeno ferimento. O olho de Trisha não tinha sido atingido.

Ele olhou o anzol entre os dedos, assombrado. De repente, um sorriso rompeu a máscara que aprisionava suas emoções. Pela primeira vez em muito tempo, meu pai riu alto, de puro alívio. E, tomando-nos pela mão, levou-nos para casa.

Talvez a recuperação de papai tenha começado naquele dia, quando viu que Deus não lhe exigiria um sacrifício pelo acidente ocorrido. Então ele começou a mudar - dessa vez para melhor. Voltamos para as Black Hills, as montanhas que papai tanto amava, e fomos morar numa casa na entrada de um cânion coberto de pinheiros.

O tempo passou, e meu pai voltou a ter prazer na vida. Numa noite de primavera, quase dois anos depois do acidente, eu o vi escalar a parede oeste do cânion. Pouco depois, ouvi sua voz poderosa fluindo numa canção pelo anfiteatro natural. Quando desceu, senti como se meu pai estivesse finalmente voltando para mim. Não era exatamente o mesmo de antes. Era um homem que atravessara o inferno, mas sobrevivera.

Trinta anos depois do acidente, papai me deu o texto que escreveu falando daqueles momentos terríveis e de como tinham afetado sua vida. Lendo-o, eu chorei.

Há dois anos, meu amado pai estava em seu leito de morte, com câncer. Ele quis me dar sua bênção, dizer-me que a vida é preciosa, embora muitas vezes alguns fatos fujam ao nosso controle. No entanto, mesmo quando algo terrível acontece, Deus é perdão. E, com essa certeza, podemos perdoar a nós mesmos.

Papai me pediu que contasse essa história a outras pessoas, para que elas soubessem disso. É o que estou fazendo.

 

 

Marcelo Augusto de Carvalho 21 de junho de 2025 Artur Nogueira SP


 

7

PRECISO SABER O QUE É VERDADE PARA VOCÊ

Marcelo Augusto de Carvalho

 

TOPO

 

DAVI E SEUS FILHOS

2 Samuel 13.21 – Davi soube que seu filho Amom abusou de sua irmã Tamar. Ficou furioso, mas nunca o puniu por tal crime.

1 Reis 1.6 – da mesma forma, outro filho de Davi, Adonias, nunca sofreu qualquer reprimenda, fazendo o que queria por toda vida.

 

A SRA. PARKER

Seu filho, Nathan, tinha abandonado o segundo grau e sido preso por estar dirigindo embriagado. Ela temia que a vida dele estivesse ficando cada vez mais sem limites.

O Sr. e a Sra. Parker tinham uma única diretriz com relação à Nathan: "Só queremos que ele seja feliz." Achavam que estavam investindo em sua felicidade quando, em vez de colocar limites quando ele era criança, ofereciam-lhe alternativas para que escolhesse. Por exemplo, em vez de determinar uma hora fixa de dormir quando o filho estava na escola primária, perguntavam: "Nathan, você quer ir dormir tarde e ficar cansado amanhã o dia inteiro ou prefere ir dormir agora e se sentir descansado e bem-disposto quando acordar?" É claro que Nathan preferia ir dormir mais tarde, o que fazia com que estivesse frequentemente cansado quando criança. O casal não queria ser autoritário com Nathan, de modo que tentaram ensinar que tudo tem consequências, dependendo das escolhas que fazemos.

Mas na época Nathan não tinha maturidade para entender isso, e essa atitude dos pais o deixava inseguro, achando que eles não sabiam o que fazer e por isso estavam sempre lhe perguntando o que ele preferia. A vida de Nathan ficou descontrolada porque lhe deram uma responsabilidade que ele não era capaz de assumir. Quando temos sete anos e acreditamos que ninguém dirige o universo, chegamos à conclusão de que nada importa. Para Nathan, a verdade era relativa, e a realidade era como a criávamos.

Na verdade, Nathan precisava que seus pais soubessem das coisas. Como criança, ele precisava que eles estabelecessem limites, fazendo-o sentir-se seguro, e que dessem respostas diretas às suas perguntas. Obrigar uma criança cedo demais a decidir por si mesma pode ter consequências negativas. Nathan necessitava aprender que a verdade não é relativa, mesmo que cada um de nós a veja a partir de sua própria perspectiva pessoal. Fonte: Jesus, o maior psicólogo que já existiu, 25-26. Editora Sextante.

 

SE EXISTE MUNDO OBJETIVO E REAL, NÃO HÁ VERDADE RELATIVA.

90% de nossa vida é conviver com aquilo que existe a milhares de anos, como por exemplo, a natureza e suas leis.

 

A VERDADE HUMANA É SEMPRE UMA INTERPRETAÇÃO DA REALIDADE.

Temos subjetividade, isto é sempre interpretamos o que percebemos, nunca somos totalmente objetivos a respeito de nada.

 

NÃO SABEMOS TUDO, MAS PODEMOS TER CONVICÇÕES HOJE.

Todos os dias a ciência descobre que sabemos cada vez menos sobre as coisas. Por isto precisamos nos aproximar da verdade com muita humildade. Mas podemos desenvolver CONVICÇÕES a cada passo do caminho e viver por elas.

Jesus ordenou: “Seja o vosso falar Sim Sim, Não Não!”

 

A VERDADE É UMA PESSOA.

Para um bebê a verdade não é uma filosofia, mas uma pessoa, a mãe!

Acima de todos, a verdade é Jesus, o Criador de todas as coisas.

Preciso conhecê-Lo para conhecer a verdade. Assim poderei analisar, descobrir se Ele está certo e escolher viver em Seus princípios

 

CONVIVER SEM CONVICÇÕES NÃO É AMOR, MAS ABANDONO.

Na infância a criança precisa das convicções de seus pais para ter parâmetros de como irá escolher viver.

No casamento dividir os pensamentos, as emoções, os princípios morais e os sonhos de vida alimenta o espírito e ambos os cônjuges e mantém a relação.

No trabalho dividir a visão das tarefas e os objetivos propostos mantém a atividade em curso.

Na Igreja precisamos dividir nossa fé em Deus e as experiências espirituais que temos a cada dia com nossos irmãos.

O problema do mundo digital é que tudo está RESPONDIDO, pronto, pasteurizado. Não haverá construção de conhecimento nem de relações.

 

APELO

 

Eduque e permita seu filho escolher per si. Foi o que Deus fez ao nos criar!

 

É A VERDADE - Leslie E. Duncan

Nunca vou esquecer a pergunta direta que meu pai me fez em seu gabinete assim que ficamos a sós. Ele me fitava atentamente. Seu olhar não era de acusação. Queria que eu lhe contasse a verdade sobre um sério erro que eu havia cometido. Mas se lhe contasse tudo o que fiz, seria castigado. Pensei por alguns instantes se devia negar tudo e confiar em que ele acreditaria mais em mim do que naquilo que as pessoas estavam dizendo ou falar logo toda a verdade.

- Ê verdade? - ele repetiu.

Seu tom de voz demonstrava mais amor do que condenação. Ele falava comigo de homem para homem, embora nossas idades fossem muito diferentes. Hesitei por um instante.

- Sim, papai - quase sorri de alívio por minha resposta.

- Ê verdade. Eu fiz isso mesmo!

Não via a hora de saber qual seria o castigo por meu erro. Seu maior desejo era que os filhos se tornassem cristãos verdadeiros. Já estava respirando mais aliviado, embora ainda não soubesse o que ele iria fazer.

- Filho - ele começou a dizer, enquanto estendia a mão direita para mim e colocava a esquerda sobre o meu ombro -, estou orgulhoso de você!

As lágrimas que brotaram em seus olhos me trouxeram a certeza de que ele estava sendo sincero. Perguntei-me o que estava querendo dizer. Afinal de contas, havia contrariado meu pai, ele ficara sabendo de tudo, e eu acabara de admitir meu erro. E, então, papai me dizia que estava orgulhoso de mim. Esse não parecia meu pai - o pastor.

- Estou orgulhoso de você - ele repetiu e explicou - porque você teve a coragem de contar a verdade, mesmo sabendo que seria castigado pelo que fez.

Arregalei os olhos. Percebi, então, algo que ainda não tinha notado: os valores que papai colocava acima de qualquer outra coisa. Naquele momento, estava aprendendo sobre o valor do caráter. "Ê verdade?" teve um significado muito mais profundo do que simplesmente saber o que eu tinha feito. Ele cuidadosamente me explicou que eu sempre deveria dizer a verdade, a qualquer custo. Também disse que o castigo por dizer uma mentira, na tentativa de encobrir erros, seria mais severo do que o castigo por admitir o erro. Eu me senti melhor, assim que disse a verdade. Conseguia pensar com mais clareza sobre o problema que precisava ser solucionado. O que aconteceu em seguida deixou-me mais surpreso ainda.

- Quero que me conte toda a verdade agora - ele continuou -, tudo o que você fez.

- O quê? - perguntei um pouco confuso.

 Ele queria saber se eu achava que tinha feito a coisa certa. Eu não estava disposto a negar. Por que negaria? Já havia dito a verdade e continuaria com a verdade. Afirmei que sabia que tinha feito algo que não deveria.

- O que você acha que pode fazer para demonstrar às pessoas, especialmente àqueles a quem você prejudicou, que está arrependido e que isso não se repetirá? - perguntou-me.

Pensei muito até descobrir como poderia demonstrar-lhes meu arrependimento e, também, como reparar meu erro.

- Mais uma coisa, filho - ele sorriu com orgulho.

Fiquei imaginando o que mais ele teria em mente antes que eu deixasse seu gabinete. Tantas coisas já tinham acontecido naquela nossa conversa.

- O que você fará para lembrar-se de não fazer isso de novo? - ele me perguntou. - O objetivo do castigo é que nos arrependamos de nossos erros e que nos lembremos de não repeti-los.

Rapidamente, falei o que achava apropriado fazer. Ele ouviu com atenção.

- Já que você teve coragem de dizer a verdade, como isso se aplicaria a você? - perguntou.

Ele mudou o castigo que eu tinha sugerido para mim mesmo. Não estava passando por cima de meu erro, mas estava me recompensando, de maneira sábia, por ter sido verdadeiro.

- Antes que você saia, vamos nos ajoelhar, falar com Deus e pedir que Ele nos ajude a não cometer os mesmos erros novamente. Deus sabe que mesmo a verdade mais dura é preferível a uma mentira agradável. O Senhor pode nos ajudar a ter sempre doces verdades em nossas ações e pensamentos diários.

De joelhos, juntos, meu querido pai orou de maneira simples e informal, falando com Deus sobre nossa situação - não só a minha. Com uma oração infantil, pedi perdão a Deus por tudo o que eu tinha feito e forças para não repetir meu erro.

A partir daquele dia, até sua morte, nunca mais tive medo de contar a verdade a meu pai. Eu pensava tanto nele e no respeito que tinha pela verdade que me sentia envergonhado de não lhe dizer sempre a absoluta verdade.

 

 

Marcelo Augusto de Carvalho 22 de junho de 2025 Artur Nogueira SP


 

8

RECUAR NÃO É PERDER

Marcelo Augusto de Carvalho

 

TOPO

 

2 SAMUEL 15-18 - Davi e a revolta de Absalão

 

ABSALÃO se aproveita do perdão do rei, seu pai.

Fica à porta da cidade usando de fingimento e de pretenso amor pelo povo para roubar as afeições das pessoas para ele.

Lidera um exército, invade Jerusalém, toma o trono e reina.

Abusa das mulheres de seu pai à vista de todo Israel para humilhá-lo.

Finalmente persegue o rei e toda sua comitiva fugitiva para exterminar a possibilidade de um rival.

 

DAVI poderia muito bem resistir o filho e seu exército. Era um experiente soldado e general, e facilmente venceria seu oponente. Mas isto custaria muito sangue.

Ele então se retira de sua amada capital. Preserva a cidade de um sítio e de um morticínio atroz. Recua para o deserto.

Reconhece sua culpa pois sabe ser este um dos juízos de Deus pelo seu pecado com Bate-Seba e Urias.

Perdoa todos os seus ofensores que aparecem xingando-o pelo caminho.

Não quer ver o mau de seu inimigo, o filho, pedindo que o tratem bem.

Ao vencer a batalha, volta para o trono, mas sem vingança ou represália.

 

ISRAEL percebeu nitidamente quem estava preparado para reinar: quem SABE SERVIR!

 

LIÇÕES A APRENDER DA INCRÍVEL ATITUDE DE SERVIR:

 

O QUE FAZ UMA PESSOA SER IMPORTANTE E DIGNA DE LIDERAR É SUA CAPACIDADE DE SERVIR OS OUTROS, E NÃO A SI MESMA.

 

Sirva seu cônjuge como Zípora serviu a Moisés, dando-lhe bons conselhos.

Sirva a Igreja como Moisés serviu Israel, pedindo que seu nome fosse riscado do livro da vida, mas que o povo de Deus fosse poupado.

Sirva seus parentes, generosos ou egoísta, como Abraão fez ao sobrinho Ló, salvando-o da escravidão e depois intercedendo por sua vida ante a destruição de Sodoma.

Sirva seus líderes como Eliseu serviu a Elias, derramando água às mãos do profeta de Deus.

Sirva seus irmãos como Dorcas serviu os desafortunados de seus dias.

 

PARA QUEM DEIXAREI MEU REINO?

Conta-se que um rei muito poderoso estava ficando velho. Ele concluiu que era chegada a hora de escolher, entre seus quatro filhos, um herdeiro do trono. Então, chamou-os, um de cada vez, para discutir a sucessão de seu reinado. Quando o primeiro filho entrou na sala do trono e se sentou, o rei dirigiu-se a ele:

- Meu filho, estou muito velho e não vou viver por muito tempo. Quero entregar meu reino ao filho que estiver mais capacitado a recebê-lo. Responda-me: Se eu o nomeasse meu sucessor, o que você daria para o reino?

Aquele filho era muito rico. Assim que foi feita a pergunta, ele respondeu:

- Sou um homem muito abastado. Se o senhor me nomear seu sucessor, darei toda a minha riqueza; e este será o reino mais rico do mundo.

- Obrigado, filho - disse o rei, dispensando o rapaz.

Quando o segundo filho entrou, o rei se dirigiu a ele:

- Meu filho, estou muito velho e não vou viver por muito tempo. Quero entregar meu reino ao filho que estiver mais capacitado a recebê-Io. Responda-me: Se eu o nomeasse meu sucessor, o que você daria para o reino?

Aquele filho era muito inteligente. Assim que a pergunta foi feita, ele respondeu:

- Sou um homem de grande inteligência. Se o senhor me nomear seu sucessor, darei toda a minha inteligência; e este será o reino mais inteligente do mundo.

- Obrigado, filho - disse o rei, dispensando o rapaz.

Quando o terceiro filho entrou, o rei se dirigiu a ele:

- Meu filho, estou muito velho e não vou viver por muito tempo. Quero entregar meu reino ao filho que estiver mais capacitado a recebê-lo. Responda-me: Se eu o nomeasse meu sucessor, o que você daria para o reino?

Aquele filho era muito forte. E, assim que a pergunta foi feita, ele respondeu:

- Sou um homem de grande força. Se o senhor me nomear seu sucessor, darei toda a minha força; e este será o reino mais forte do mundo.

- Obrigado, filho - disse o rei, dispensando o rapaz.

O quarto filho entrou e foi cumprimentado pelo rei, da mesma maneira que os outros três.

- Meu filho, estou muito velho e não vou viver por muito tempo. Quero entregar meu reino ao filho que estiver mais capacitado a recebê-lo. Responda-me: Se eu o nomeasse meu sucessor, o que você daria para o reino?

Aquele filho não era rico, nem inteligente, nem forte. Então, ele respondeu:

- Meu pai, o senhor sabe que meus irmãos são muito mais ricos, mais inteligentes e mais fortes do que eu. Enquanto eles passaram anos cultivando esses atributos, eu tenho vivido no meio do povo deste reino. Fui solidário com as pessoas, na doença e na tristeza. E aprendi a amá-Ias. Receio que a única coisa que eu tenha para dar ao seu reino seja o meu amor pelo povo. Sei que meus irmãos têm muito mais a oferecer. Portanto, não ficarei desapontado se não for nomeado seu sucessor. Simplesmente continuarei a fazer o que sempre tenho feito.

Quando o rei morreu, o povo aguardou com ansiedade a notícia de quem seria o novo rei. E uma grande alegria, como nunca foi vista, tomou conta do reino quando o povo soube que o quarto filho do rei havia sido nomeado como seu sucessor.

 

A VERDADEIRA HUMILDADE EXIGE ENORME CONFIANÇA EM SI MESMO!

 

Jesus serviu os discípulos, e por último lavou os pés de cada um deles, como só um escravo faria porque Ele sabia que era o líder, e não para o ser.

Jesus tinha plena consciência de quem Ele era. Não precisa se afirmar, lutar pelo poder ou subjugar alguém para tornar-se algo.

Ele sabia que o status ou a busca pelo poder jamais tornam uma pessoa importante. (Lúcifer deixou de ser quem era tornando-se o inimigo de Deus buscando erroneamente esses objetivos).

 

A MELHOR MANEIRA DE SERVIR É FAZER QUE O OUTRO SINTA-SE CAPAZ, CONFIANTE E DIGNO!

 

Samuel fez tudo o que podia para que Saul sentisse capacitado para ser o rei de Israel.

Natã fez de tudo para que Davi servisse fielmente a Deus, dando apoio emocional, bons conselhos em sua administração real, como também advert6encias severas por seus pecados e erros.

Jesus chamou Seus discípulos ao ministério, ensinou, treinou, capacitou, e ainda os advertiu antes de O abandonarem, bem como os buscou após Sua ressurreição, perdoando-os e encorajando antes de Sua partida.

 

APELO

 

Recuar nunca é perder. Pode ser capitalizar forças para realizar muito mais.

Aceite recuar para evitar conflitos ou desgastes desnecessários.

Aproveite cada oportunidade para servir aos outros.

Isto o tornará cada vez mais influente e eficiente, levando as pessoas a se esquecerem de você e a exaltarem o Deus revelado ATRAVÉS de você.

O egoísmo prova sua incapacidade para qualquer serviço. A humildade o capacita até para aquilo que você não tem nenhuma aptidão!

 

DESISTIR NÃO É PERDER - AMES MALINCHAK

Uma experiência difícil, o exemplo de um amigo ou uma conversa com alguém que admiramos podem servir de inspiração para mudarmos nossa maneira de encarar a vida. Minha inspiração veio da minha irmã Vicki. Ela era uma pessoa gentil e carinhosa, não ligava para elogios e tudo o que queria era compartilhar seu amor com as pessoas de quem gostava: sua família e seus amigos.

No último verão, antes do meu primeiro ano de faculdade, recebi um telefonema do meu pai dizendo que Vicki tinha sido internada de emergência. Ela tinha passado mal e o lado direito do seu corpo estava paralisado. Os primeiros sintomas de que ela poderia ter sofrido um derrame. No entanto, os resultados dos testes mostraram algo muito mais sério: a paralisia era consequência de um tumor maligno no cérebro. Os médicos não davam a Vicki mais de três meses de vida. Fiquei completamente arrasado. Como aquilo podia estar acontecendo? No dia anterior, minha irmã estava bem, não sentia nada, era uma jovem saudável. Agora, estava entre a vida e a morte.

Depois de superar o choque inicial e o sentimento de vazio, decidi que Vicki precisava de esperança e incentivo. Ela precisava de alguém que a fizesse acreditar que poderia superar aquele obstáculo. Resolvi ajudá-la a vencer a doença. Todo dia visualizávamos o tumor encolhendo e só falávamos coisas positivas. Eu até colei um cartaz na porta do seu quarto no hospital com os dizeres: "se tiver pensamentos negativos, deixe-os do lado de fora. Nós fizemos um trato que se chamava 50-50. Eu lutaria 50% e ela lutaria os outros 50%.

Quando o ano letivo começou, eu não tinha certeza se deveria ir para a faculdade, a quase 5 mil quilômetros de distância, ou ficar com Vicki. Ela ficou brava por eu ter pensado nessa possibilidade e insistiu para eu não me preocupar, porque ela ia ficar bem. Ali estava Vicki, deitada em uma cama de hospital, me dizendo para não me preocupar. Percebi que, se ficasse poderia passar a mensagem de que ela estava morrendo e eu não queria que ela pensasse assim. Vicki precisava acreditar que poderia vencer a batalha contra o câncer.

Ir embora naquela noite, sentindo que poderia ser a última vez que eu veria minha irmã, foi a coisa mais difícil que já fiz.

Na faculdade, nunca parei de lutar meus 50% por ela. Toda noite, antes de dormir conversava mentalmente com Vicki, esperando que de alguma forma ela me ouvisse. Eu repetia:

"Vicki, estou lutando por você e nunca vou desistir. Não deixe de lutar, porque nós vamos vencer isso." Alguns meses se passaram e ela continuou aguentando firme. Certo dia, uma amiga me perguntou sobre o estado de Vicki. Eu disse que ela estava piorando, mas que não desistia.

Minha amiga, mais velha e experiente, fez uma pergunta que me deixou pensativo:

- Você acha que o motivo pelo qual Vicky não desistiu é porque não quer desapontar você?

- Será que ela estava certa? Será que eu era egoísta por encorajar Vicki a continuar lutando?

Naquela noite, antes de dormir, tentei transmitir uma mensagem diferente para ela: "Vicki, eu entendo que você está sofrendo muito. Se preferir descansar, faça isso. Desistir não é perder. Se você quiser ir para um lugar melhor, eu entendo. Vamos ficar juntos de novo. Eu te amo e vou sempre estar com você." Na manhã seguinte, minha mãe telefonou bem cedo para avisar que Vicki tinha morrido.

 

 

Marcelo Augusto de Carvalho 23 de junho de 2025 Artur Nogueira SP

 

 

 

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