
1 POR QUE JESUS FALAVA POR PARÁBOLAS? – Marcos 4.34
2 COMO CONHECEMOS A VERDADE? – João 3.1-16
3 VISITE AS PESSOAS – João 1.14
4 COMO AGIR SEM ERRAR – Gênesis 11
5 PARA QUE SERVE SABER TUDO? – Gênesis 3.1-8
6 O QUE JESUS FAZ COM MINHA AUTOSABOTAGEM? - Lucas 8.1-3
7 PRECISO SABER O QUE É VERDADE – 2 Samuel 13.21
8 RECUAR NÃO É PERDER – 2 Samuel
15-18
1
POR QUE JESUS ENSINAVA POR
PARÁBOLAS
Marcelo Augusto de
Carvalho
MARCOS 4.34 – as parábolas de Jesus.
O ser humano só pode compreender as coisas a
partir da sua perspectiva pessoal. Desde o zigoto até o momento de nossa morte
só APRENDEMOS aquilo que ao ser ensinado, toca nossas emoções. Respondemos a
este estímulo dando sentido a este novo conhecimento (sentimentos) e o
guardamos como referência para as próximas experiências da vida!
Portanto, só aprendemos quando usamos a RAZÃO e
a EMOÇÃO JUNTAS.
Se usarmos só a RAZÃO para aprender, seremos
apenas um computador a receber e a acumular informações que para mais nada
servirão.
Se usarmos só a EMOÇÃO para aprender não
conseguiremos perceber os ensinamentos e nem como aplicá-los à experiência
diária.
Este é o motivo por que Jesus pregava e
ensinava por meio de PARÁBOLAS!
O QUE GANHAMOS OUVINDO E APRENDENDO POR MEIO DE
HISTÓRIAS?
1 AS HISTÓRIAS SEMPRE NOS LEVAM
ÀS PESSOAS, CRIANDO CONEXÕES EMOCIONAIS
O conteúdo de uma história é sempre uma pessoa,
um ser humano único, importante e merecedor de nossa atenção, pois tem algo a
nos ensinar.
Ao nos revelar sua vida, conectamos a tudo o
que a pessoa é, a tudo o que ela conhece, a sua família, educação e cultura.
Enfim, toda sua cosmovisão!
Isso naturalmente cria CONEXÃO EMOCIONAL, pois
essa capacidade é INATA no ser humano. Fomos feitos para nos relacionar: temos
fome e sede de nos ligarmos aos outros!
GOSTE DAS PESSOAS PRIMEIRO - KENT
NERBURN
Craig, um grande amigo da faculdade, trazia
energia e vida a qualquer lugar onde chegasse. Quando
você falava, ele prestava tanta atenção que você se sentia incrivelmente
importante adoravam.
Certo dia ensolarado de outono, Craig e eu
estávamos sentados em nossa área habitual de estudo. Olhei pela janela e vi um
dos meus professores atravessando o estacionamento.
- Não quero esbarrar com ele - eu disse.
- Por que não? - perguntou Craig.
Expliquei que, no semestre anterior, o
professor e eu tínhamos nos desentendido. Eu me
ofendera com alguma coisa que ele tinha dito e ele, por sua vez, ofendeu-se com
a minha resposta.
- Além disso - acrescentei -, o cara não gosta de mim.
Craig observou a figura que passava lá embaixo.
- Talvez você tenha entendido mal - ele disse.
- Talvez você esteja se afastando porque tenha medo de ser rejeitado.
E ele provavelmente acha que você não gosta
dele, então não é simpático. As pessoas gostam de quem gosta delas. Se você
mostrar interesse por ele, ele vai se interessar por você. Vá falar com ele.
As palavras de Craig foram direto
ao ponto. Hesitante, desci as escadas até o estacionamento. Cumprimentei meu
professor efusivamente e perguntei como tinha sido o seu verão. Ele me olhou
com genuína surpresa. Caminhamos um pouco conversando, e eu podia imaginar
Craig me olhando da janela com um grande sorriso.
Craig tinha me ensinado um princípio simples,
tão simples que eu não podia acreditar que nunca tivesse pensado naquilo antes.
Como a maioria dos jovens, eu era inseguro e começava todos os meus contatos
com medo do julgamento dos outros - quando, na verdade, eles também estavam
preocupados com o meu julgamento.
Daquele dia em diante, passei a me esforçar
para reconhecer que os outros têm necessidade de estabelecer uma conexão e de
compartilhar algo sobre suas vidas. Descobri um mundo de pessoas que nunca
teria conhecido de outra maneira.
Uma vez, por exemplo, viajando de trem pelo
Canadá, comecei a conversar com um homem que todos evitavam porque ele
cambaleava e enrolava a língua como se estivesse bêbado. Na verdade, ele estava
se recuperando de um derrame. Tinha sido engenheiro naquela mesma linha que
estávamos percorrendo e passou a viagem me contando histórias fascinantes
passadas naquela ferrovia.
Quando o trem foi se aproximando da estação,
ele segurou a minha mão e me olhou nos olhos:
- Obrigado por ouvir. A maioria das pessoas não
se daria ao trabalho. - Ele não precisava ter me agradecido. O prazer tinha
sido todo meu.
Em uma esquina barulhenta da cidade de Oakland,
na Califórnia, uma família me parou pedindo indicações e descobri que eram
turistas da isolada costa norte da Austrália. Perguntei-lhes como era a vida
onde moravam. Em pouco tempo, tomando café, eles me deleitaram com histórias
sobre lugares e costumes que eu nunca tinha conhecido.
Quantas dessas oportunidades nós deixamos
passar. A garota que todos acham feiosa, o menino de roupas esquisitas – essas
pessoas têm histórias para contar, assim como você, com certeza. E, como você,
elas sonham com alguém que queira ouvir.
Foi isso que Craig me ensinou. Goste das
pessoas primeiro, faça perguntas depois. Descubra que a luz que você projeta
nos outros se reflete em você multiplicada por cem.
2 SÓ AS HISTÓRIAS NOS REVELAM O
INCONSCIENTE DO OUTRO, E EXPÕEM O NOSSO!
Ouvindo o outro contar de si, pela conexão
criada, acessamos o que há de mais profundo e original no outro, seu
INCONSCIENTE. Ali estão guardadas não só os fatos de sua vida, mas as emoções
que ele sentiu diante dos acontecimentos. O mesmo acontece quando contamos a
nossa história para o outro.
FÉ, ESPERANÇA E AMOR - Peter
Spelke
Quando eu tinha quatorze anos, fui mandado para
a Escola Cheshire, um colégio interno para meninos com problemas em casa. Meu
problema era minha mãe alcóolatra, que tinha arrasado nossa família com seu
comportamento. Depois que meus pais se divorciaram, eu tomei conta de minha mãe
até ser reprovado na oitava série. Meu pai e um diretor da escola decidiram que
um colégio interno de disciplina rígida e bem distante de minha mãe deveria me
dar a oportunidade de terminar o segundo grau.
Na palestra de orientação do primeiro ano, o
último a falar foi o chefe de disciplina, Fred O'Leary.
Antigo jogador de futebol em Yale, era um homem corpulento, de bochechas
vermelhas e um enorme pescoço. Sua presença deixava todos inquietos. Um aluno
mais velho cochichou em meu ouvido: "Garoto, mantenha distância desse
homem. É melhor ele nem saber que você existe!"
O discurso do senhor O'Leary
foi curto e direto: "Não saiam do campus, não fumem e não bebam. Não façam
contato com as garotas da cidade. Se vocês desobedecerem a essas regras,
sofrerão as consequências e vão se ver pessoalmente comigo." Quando pensei
que ele terminara, num tom muito mais baixo, o senhor O'Leary
acrescentou: "Se tiverem algum problema, a porta do meu gabinete estará
aberta para vocês." À medida que o ano escolar seguia, o problema de minha
mãe piorava. Ela ligava para mim dia e noite. Com sua voz pastosa, pedia-me
para deixar a escola e voltar para casa. Dizia que ia parar de beber, desfilava
mil promessas. Eu a amava. Era difícil dizer não a ela, e o meu coração se
apertava cada vez que ouvia sua voz. Eu me sentia culpado, tinha vergonha. E
estava muito, muito confuso.
Uma tarde, durante a aula de inglês, eu não
conseguia me concentrar, pensando em minha mãe Ao sentir que ia chorar, então
pedi para sair da sala.
"Sair para quê?" "Para ver o
senhor O 'Leary", respondi. Meus colegas me
olharam espantados e o professor perguntou se podia me ajudar.
"Não! Eu quero ir à sala do senhor O'Leary agora." Quando saí da sala, eu só conseguia
pensar em suas palavras: "Minha porta está aberta." A sala do senhor O'Leary ficava no grande vestíbulo da entrada principal.
Quando um aluno cometia uma falta mais séria, ele o colocava para dentro da
sala, batia a porta e baixava a cortina interna. Com frequência ouviam-se seus
gritos: "Você foi visto fumando atrás do quartel de bombeiros na cidade,
você estava com a moça da lanchonete!" Pobre menino.
Quando entrei na fila do lado de fora de sua
sala, os outros meninos me perguntaram o que eu tinha feito de errado.
"Nada', eu disse.
"Você está louco? Saia daqui agora
mesmo!", eles gritaram, mas eu não podia pensar em outro lugar para ir.
Finalmente chegou minha vez. A porta da sala do
senhor O'Leary se abriu e fiquei de olhos grudados
nas bochechas do chefe de disciplina. Eu tremia e me sentia um bobo, mas tinha
o palpite louco de que alguma coisa ou alguém tinha me levado a esse homem - o
homem mais temido da escola. Nossos olhos se encontraram.
"Por que você está aqui?", ele
vociferou.
"Na apresentação, o senhor disse que sua
porta estaria aberta se alguém tivesse algum problema”, eu gaguejei.
"Entre", ele disse, apontando para
uma grande poltrona verde e baixando a cortina da porta. Sentou-se e me olhou.
Comecei a falar, enquanto as lágrimas rolavam
pelo meu rosto. "Minha mãe é alcoólatra. Ela fica bêbada e começa a me
telefonar. Ela quer que eu deixe a escola e volte para casa. Não sei o que
fazer. Estou assustado e com medo. Por favor, não pense que estou louco."
Enterrei o rosto entre os joelhos e comecei a chorar convulsivamente.
Então aconteceu um milagre - um desses milagres
que Deus faz acontecer através das pessoas. Senti a mão enorme do senhor O'Leary pousar delicadamente sobre o meu ombro.
Gentilmente, o temido gigante disse:
"Filho, eu sei como você se sente. Vou contar uma coisa para te ajudar: eu
também sou um alcoólatra. Vou fazer tudo o que puder por você e sua mãe. Vou
pedir para meus amigos dos Alcoólicos Anônimos entrarem em contato com ela hoje
mesmo." Naquele instante eu tive a sensação de que as coisas iam melhorar
e perdi o medo. Era como se a mão pousada no meu ombro fosse um toque de Deus
me transmitindo um intenso sentimento de proteção. Pela primeira vez na vida entendi
o que significava fé, esperança e amor, porque estava cheio de fé, esperança e
amor por todos ao meu redor.
O homem mais temido do campus se tornou um
amigo secreto com quem eu tinha um compromisso: quando eu passava por sua mesa
na hora do almoço, piscava para ele amigavelmente. Meu coração se enchia de
orgulho porque aquele homem tão temido se interessara pelo meu problema de
forma tão delicada e carinhosa.
Eu estendi a mão e, na hora
em que precisei... Ele estava lá.
3 SÓ AS HISTÓRIAS QUESTIONAM O
PROFUNDO DE NOSSO SER
As histórias têm o poder de ir aonde nenhuma
ideia, conhecimento filosófico ou científico irá: ao INCONSCIENTE pessoal. Elas
tocam em nossas emoções, em nossas lembranças mais íntimas, em nossa vergonha,
desespero ou terror, como em nossas alegrias e contentamentos, dando-nos a
chance de recomeçar bem e melhor nossa existência humana.
DAVI E NATÃ – 2
Samuel 12.
O profeta Natã conta a história de uma ovelha
única a Davi para confrontá-lo com seu pecado. O rico da história,
possuindo muitas ovelhas e bois, rouba a única ovelha do pobre para alimentar
um visitante. Davi, indignado, condena o homem rico, sem perceber que a
história se refere a ele, pois ele havia tomado a esposa de Urias, o heteu, e o
mandado matar.
4 SÓ AS HISTÓRIAS REVELAM NOSSAS
EMOÇÕES, MOTIVOS E DESEJOS
A maioria de nós vive ignorando as emoções.
Soterramos o que sentimos debaixo que toneladas de compromissos, obrigações e metas,
o que só nos causa doença mental e física. Desprezamos nossos motivos reais,
fazendo-nos máquinas frias e calculistas, e assim a vida passa a não fazer
sentido. Sem as emoções e sem os motivos, nosso desejo se torna fraco, equivocado
e irrealizável.
JESUS, SIMÃO E
MARIA MAGDALENA – Lucas 7.36-50
Simão era leproso, mas Jesus o curou. Para
mostrar sua gratidão Simão convidou a Cristo para um banquete em sua casa. No
meio do evento, ele vê Maria, sua sobrinha, aquela que ele mesmo levara ao
pecado, lavar os pés de Jesus e os enxugar com seus cabelos. Em seu coração
Simão O desprezou dizendo: “Se Ele fosse mesmo o Messias jamais deixaria essa
mulher lavar-lhe!”
Jesus então se vira para Simão e conta a
HISTÓRIA DOS DEVEDORES. Um devia 500 denários e outro 50. Os dois foram
perdoados por seu senhor! Então Jesus lhe pergunta: Quem amará mais a seu
senhor?
“Como fizera Natã com Davi, Cristo ocultou Seu
bem atirado golpe sob o véu de uma parábola. Lançou sobre o hospedeiro a
responsabilidade de proferir a própria sentença. Simão induzira ao pecado a
mulher que ora desprezava. Fora por ele profundamente prejudicada. Pelos dois
devedores da parábola, eram representados Simão e a mulher. Jesus não intentava
ensinar que diferentes graus de obrigação houvessem de ser sentidos pelas duas
pessoas, pois cada uma tinha um débito de gratidão que nunca se poderia solver.
Mas Simão se julgava mais justo que Maria, e Jesus desejava fazer lhe ver quão
grande era na verdade a sua culpa. Queria mostrar-lhe que seu pecado era maior
que o dela, tão maior, como um débito de quinhentos dinheiros é superior a uma
dívida de cinquenta. Simão começou então a ver-se sob um novo aspecto. Observou
como Maria era considerada por Alguém que era mais que
profeta. Notou que, com o penetrante olhar profético, Cristo lhe lera o
amorável e devotado coração. A vergonha apoderou-se dele, e percebeu achar-se
em presença de Alguém que lhe era superior....
Simão foi tocado pela bondade de Jesus em não o
repreender abertamente diante dos hóspedes. Não fora tratado como desejara que
Maria o fosse. Viu que Jesus não desejava expor sua culpa diante dos outros,
mas buscava, por uma exata exposição do fato, convencer-lhe o espírito e por
piedosa bondade vencer-lhe o coração. Uma severa
acusação haveria endurecido Simão contra o arrependi mento, mas a paciente
admoestação o convenceu de seu erro. Viu a magnitude do débito que tinha para
com seu Senhor. Seu orgulho humilhou-se, ele se arrependeu, e o altivo fariseu
tornou-se um humilde e abnegado discípulo.” O Desejado de Todas as Nações 397-398
POR QUE OS HUMILDES DISCÍPULOS DE JESUS TINHAM
TANTO PODER EM SUA PREGAÇÃO E INFLUENCIARAM TANTO O MUNDO?
APELO
Leia histórias
Faça um diário das suas histórias
Conte boas histórias
Melhor: pare para ouvir as histórias dos
outros!
Pergunte os fatos do dia, da vida.
Pergunte o que sentiu.
Conte sua história. Conte seus sentimentos em
cada fato.
A
FOTOGRAFIA AMASSADA - Philip Yancey
Em um feriado,
fui visitar minha mãe, que mora a uns 1.200 quilômetros de minha casa.
Lembramo-nos dos tempos antigos, como as mães e os filhos costumam fazer.
Inevitavelmente, a velha caixa de fotografias foi retirada do armário, deixando
à mostra uma pilha de retratos, registros de uma série de acontecimentos de
minha infância e adolescência: fantasias de cowboys e de índios, traje de
Coelho Pernalonga da peça do curso primário, meus animais de estimação, vários
recitais de piano e formaturas do curso primário, secundário e da faculdade.
Entre essas
fotografias, encontrei a de um bebê, com meu nome escrito no verso. Era um
retrato comum. Eu era parecido com qualquer outro bebê: bochechas redondas,
pouco cabelo e olhar desfocado e arredio. A fotografia, porém, estava amassada
e mutilada, como se tivesse sido mordida por um animal doméstico. Perguntei à
minha mãe por que ela guardava uma fotografia naquele estado, uma vez que havia
muitas outras intactas.
Existe um
pormenor a respeito de minha família que você precisa saber: quando eu tinha
dez meses de idade, meu pai contraiu poliomielite na região lombar da coluna
vertebral. Ele morreu três meses depois, logo após meu primeiro aniversário.
Ele ficou totalmente paralisado aos 24 anos, com os músculos tão fracos a ponto
de precisar viver dentro de um enorme cilindro de aço, que lhe permitia
respirar artificialmente. Recebia poucas visitas. Na década de 1950, o pavor
que as pessoas sentiam da poliomielite era o mesmo que hoje sentem em relação à
Aids. A única visitante fiel era minha mãe, que se sentava em um determinado
lugar para que ele pudesse vê-la por um espelho instalado ao lado do pulmão
artificial.
Minha mãe
explicou-me que guardava aquela fotografia como uma relíquia, porque, diante a
enfermidade de meu pai, ela a colocou no aparelho de respiração artificial. Ele
pediu fotos dela e dos dois filhos, e minha mãe teve de encaixá-las entre dois
botões do aparelho. Era por isso que minha foto estava tão estragada. Vi meu
pai raras vezes depois que ele deu entrada no hospital, porque não era
permitida a entrada de crianças nas alas reservadas a pacientes com
poliomielite. Além disso, eu era um bebê e, se tivesse conseguido entrar, não
teria guardado sua fisionomia na memória.
Quando minha mãe
me contou a história da fotografia amassada, eu tive uma reação estranha e
inesperada. Para mim, parecia esquisito demais imaginar alguém se preocupando
comigo, alguém de quem eu nem me lembrava. Durante os últimos dias de vida, meu
pai passou suas horas de agonia olhando para aquelas três fotografias de sua
família, de minha família. Não havia mais nada ali para ser visto. O que ele
fazia o dia inteiro? Orava por nós? Sim, claro. Ele nos amava? Sim. Mas como
uma pessoa completamente paralisada pode manifestar amor, principalmente quando
seus filhos são impedidos de visitá-Ia?
Hoje penso
sempre naquela fotografia amassada, porque ela é uma das únicas ligações que
tenho com aquele homem desconhecido que foi meu pai, um desconhecido que morreu
com dez anos menos do que tenho agora. Alguém de quem eu não me lembro, que
praticamente não conheci, passava o dia inteiro pensando em mim, dedicando-se a
mim, amando-me o mais que podia. Talvez um dia eu tenha tempo, muito tempo,
para restabelecer um relacionamento cruelmente interrompido logo depois de ter
começado.
Estou contando
esta história porque a emoção que vivenciei quando minha mãe me mostrou aquela
fotografia amassada foi a mesma que senti naquela noite de fevereiro, no
alojamento da faculdade, quando, pela primeira vez, acreditei em um Deus de
amor. Eu me dei conta que Alguém estava lá. Alguém
observa a vida enquanto ela se desenrola neste planeta. E mais, Alguém que me ama está lá. Foi uma estranha sensação de
esperança, uma sensação tão nova e poderosa que fazia valer a pena aceitar os
desafios da vida.
Marcelo
Augusto de Carvalho 16 de junho de 2025 Artur Nogueira SP
2
COMO CONHECEMOS A VERDADE
Marcelo Augusto de
Carvalho
JOÃO 3.1-16 - Nicodemos
Nicodemos foi a Jesus e de cara disse o que
pensava a respeito desse novo Mestre galileu.
Ele era do tipo de pessoa que acredita que se
tiver a INFORMAÇÃO CERTA a vida será perfeita. Basta fazer o curso certo, na
melhor faculdade que existe, se especializar naquele conhecimento, e conhecer
as pessoas mais especializadas para te orientar e pronto...o mistério da vida
está resolvido. Mas Jesus pensava muito diferente disso!
1 O QUE VOCÊ PRECISA É APRENDER
ALGO NOVO A RESPEITO DE SI MESMO!
Nicodemos era um sincero pesquisador da verdade
bíblica.
Ficou extremamente impressionado quando viu
Jesus expulsar os cambistas do templo.
Viu que em Jesus estava a presença o Ser
divino!
Ouviu falar de Seus discursos e milagres, por
isto O procurou.
Mas procurou Jesus à noite. Tinha VERGONHA do
humilde Mestre.
Por isto Jesus foi ao ponto: Há algo que você
não sabe, e não é sobre mim, mas sobre você: Você precisa NASCER DE NOVO!
2 VOCÊ PRECISA SE CONCENTRAR
MENOS NO QUE PENSA SOBRE AS COISAS E COMO ELAS FUNCIONAM E MAIS EM COMO SE
SENTE A RESPEITO DELAS.
Ao ouvir uma declaração tão direta a seu
respeito, Nicodemos recua e foge para a INTELECTUALIZAÇÃO. “Mas como pode um
homem nascer sendo velho?”
Ele sabia muito bem o que Jesus estava querendo
dizer, mas estava rejeitando a verdade a respeito de si mesmo.
3 VOCÊ PRECISA ENTENDER OS
MOTIVOS QUE O LEVAM A TOMAR DECISÕES, COMO POR EXEMPLO, VIR AQUI FALAR COMIGO!
Você veio apresentando o que os outros dizem a
meu respeito. Não o que você crê! Você não se expões, está sempre na defensiva,
evitando qualquer tipo de conexão humana.
No fundo, você USA a religião para NÃO PRECISAR
de Deus.
Você segue os rituais religiosos para NÃO ter
contato com Deus.
Usa o conhecimento teológico para ser IMPORTANTE
e necessário aos outros.
Você usa sua estrita pureza cerimonial para EVITAR
as pessoas.
SALOMÃO fez o mesmo que Nicodemos. Na
maturidade de sua vida, usou seus CASAMENTOS para viver a sensualidade, mas se
afastar da mais íntima conexão humana. Usou a POLÍTICA para se afastar das
pessoas. Usou a RELIGIÃO em forma de idolatria para afastar-se de Deus. Fez
tudo isto para NEGAR aquilo que mais precisava: ter contato com o que havia de
mais profundo em seu inconsciente. Viveu décadas sem conhecer-se, sem dar a se
conhecer e sem conhecer os outros. Por isto chegou ao abismo como poucos
chegaram!
4 VOCÊ PRECISA, NÃO DE CONSELHOS
NEM DE CURSOS, MAS DE RELACIONAMENTOS QUE O FAZEM CONHECER A DEUS, ÀS PESSOAS E
A VOCÊ MESMO!
Jesus como nosso Criador, sabe que jamais
conseguiremos chegar à verdade, do mundo e de nós mesmo, usando apenas nosso próprio
INTELECTO.
Por isto, Ele sempre dizia: “Eu SOU o caminho,
a verdade e a vida!”
A única forma do ser humano adquirir verdadeiro
conhecimento é através de relacionamentos onde ocorre conexão emocional, exposição
das emoções guardadas no inconsciente, interesse mútuo e a busca do bem-estar
alheio.
Se vamos ao outro apenas para ter grande
quantidade de conhecimento, fazemos de nós e do outro apenas uma máquina.
Se a busca pelo conhecimento for apenas adquirir
informações, esse processo será nocivo às faculdades mentais, ansiógeno às emoções, depressivo ao corpo e depravado à
espiritualidade.
Somos um SER HUMANO. Desde o útero até a morte,
conhecer vem de alguém (a mãe e o pai), significa que estivemos com outros
(familiares, amigos, professores e líderes), e que tudo o que chegamos a saber
deve nos fazer ir para ser benção ao próximo.
Por isto, as maiores lições de Deus para nós
estão em nossos pais, nossos irmãos, amigos, colegas de trabalho, irmãos da
Igreja e os desconhecidos.
Só se aprende algo de ALGUÉM. Das telas
recebemos apenas INFORMAÇÕES!
Não adianta fazer dezenas de cursos ou
capacitações se, neste processo tão necessário, você não está seguindo alguém.
É um conhecimento superficial e enganoso. Pergunte-se sempre: “No caminho do
crescimento pessoal, profissional e espiritual, quem está me acompanhando?”
MOISÉS foi o homem que, por meio de sua obra
exerceu mais influência na história. Seus livros fundaram as 3 maiores
religiões que perduram até hoje, o judaísmo, o cristianismo e o islamismo. Mas
tudo o que ele ensinou foi fruto da conexão com sua mãe, Joquebede, uma simples
escrava hebreia. Também aprendeu com sua mãe adotiva, a filha de faraó, com os
instrutores do Egito, mas acima de tudo com Deus no deserto por 40 anos
pastoreando as ovelhas de seu sogro Jetro.
PAULO, o maior homem do cristianismo em 2.000
anos, foi preparado por Gamaliel para ser o grande
rabino da nação. Após sua conversão e chamado na estrada de Damasco, aprendeu
com os discípulos, com Barnabé que o adotou, e depois com as Igrejas que fundou
ao longo de décadas.
APELO
Faça do
conhecimento a oportunidade de conhecer a SI MESMO.
Faça do
crescimento a oportunidade de estar com ALGUÉM!
Aprenda, fazendo
amigos e irmãos, e assim o que você conhecer não será vão e destrutivo, mas
transformador.
A BELEZA VERDADEIRA - Alison
Lambert e Jennifer Rosenfeld
Quando você tem quinze anos, costuma ficar em
frente ao espelho pesquisando cada pedacinho do seu rosto. Entra em desespero
porque acha que seu nariz é muito grande ou porque mais uma espinha está
surgindo. Além de tudo, você se acha feia porque seu cabelo não é louro e o
menino mais bonito da turma nunca notou sua existência.
Alison não conheceu esses problemas. Era
bonita, simpática, popular e inteligente, além de ser a campeã de natação da
escola. Alta, com seu corpo esbelto, olhos de um profundo azul-piscina e lindos
cabelos louros, mais parecia uma modelo do que uma estudante comum. Mas,
durante o verão, alguma coisa mudou.
Um dia, ao enxugar o cabelo, ela notou uma
falha no couro cabeludo. Aquilo a intrigou, mas Alison achou que devia ter
apertado muito o elástico no rabo-de-cavalo. Logo se esqueceu do incidente.
Três meses depois, uma outra falha no couro
cabeludo de Alison. E outra. E mais uma. Em pouco tempo, sua cabeça estava
repleta de falhas de cabelo. Os diagnósticos e os tratamentos se multiplicaram
até se descobrir que Alison sofria de uma doença chamada alopecia e nada
poderia deter seu curso.
Como Alison era muito querida, os amigos a
apoiaram procurando lhe dar força. Mas, certo dia, sua irmã menor entrou no
quarto com uma toalha na cabeça para que a mãe a penteasse. Quando a mãe
desenrolou a toalha, Alison observou os cabelos espessos e luminosos da irmã
caírem sobre os ombros e, pela primeira vez, chorou, dando vazão à tristeza que
sentia.
Naquele momento, Alison teve uma percepção
profunda: havia uma escolha a fazer. Ela não podia deixar que o problema com o
cabelo a dominasse a ponto de tirar-lhe o gosto de viver. Afinal, ela era muito
mais do que o seu cabelo. Alison decidiu assumir sua condição e procurar
soluções. Começou comprando não apenas uma, mas várias perucas de cores e
tamanhos diferentes, que usava de acordo com a ocasião e com seu estado de
espírito. Num dia em que a peruca voou de sua cabeça pela janela aberta do
carro de um amigo, ela conseguiu rir da situação.
Quando a escola abriu as inscrições para o
campeonato de natação, Alison se preocupou. Se não podia usar peruca na água,
como competir? "Por que isso?", perguntou seu pai. "Por acaso
você se esqueceu como se nada?" Ela entendeu a mensagem. Depois de passar
apenas um dia com uma touca desconfortável, Alison se encheu de coragem e
deixou a careca à mostra. Houve alguns olhares e comentários maldosos, mas a
maioria das pessoas admirou o gesto de Alison, e rapidamente ela se acostumou
com sua nova aparência. Voltou para a escola no outono - sem cabelo, sem
sobrancelhas, sem cílios e deixando a peruca esquecida no fundo do armário.
Como sempre planejara, ela se candidatou a
representante da escola e acrescentou ao seu discurso de campanha slides de
líderes carecas, como
Gandhi. Todos os alunos riram muito da ideia.
No primeiro discurso após a vitória, Alison dirigiu-se à audiência contando
seus planos como representante e respondendo a perguntas. Ao final acrescentou:
"Gostaria de compartilhar uma experiência
muito particular. Todos presenciaram o problema que tive que enfrentar e
agradeço do fundo do coração o apoio e a força que me deram. Eles foram
fundamentais para que essa experiência promovesse uma descoberta da maior
importância na minha vida: de que a beleza se encontra numa dimensão muito mais
profunda do que o nosso aspecto exterior. Não vou negar que sinto falta do meu
cabelo e que às vezes sofro com a sua perda. Mas quero lhes afirmar com toda a
sinceridade: sou grata por ter descoberto que o amor é o valor essencial e que
depende exclusivamente de mim desenvolvê-lo. Obrigada, meus amigos." Todo
mundo vibrou e aplaudiu.
E Alison, linda, popular e inteligente, ainda
por cima campeã de natação e agora representante da escola, com seus olhos
azul-piscina, do alto da tribuna, sorriu e agradeceu.
Marcelo
Augusto de Carvalho 17 de junho de 2025 Artur Nogueira SP
3
VISITE AS PESSOAS
Marcelo Augusto de
Carvalho
JOÃO 1.14 – o Deus soberano tornou-Se carne
para viver conosco!
O EVANGELHO DE JOÃO É MARCADO
PELAS ENTREVISTAS PESSOAIS DE JESUS A PESSOAS DE SUA ÉPOCA.
Todos nós precisamos reconhecer o que está no
mais íntimo de nosso ser, nossas EMOÇÕES.
Tanto que nossas IDEIAS só nos servirão depois
que as emoções tiverem sido reconhecidas, analisadas e darmos um sentido a elas
(sentimento).
Senão o conhecimento será usado para o mal,
tanto para nós como para os outros.
Mas isto só é possível quando temos uma real
experiência de conexão emocional com outras pessoas! É na CONVIVÊNCIA que
expressamos o que sentimos, o outro nos acolhe e nos devolve nosso eco. Quando
percebemos o que o outro sente, somos também enriquecidos com sua
originalidade.
Isto chama-se SABEDORIA!
Por isto Jesus gastou tanto tempo em
ENTREVISTAS PESSOAIS. E o evangelho de João mostra isto de maneira esplêndida.
JOÃO 1 Entrevista o mundo tornando-se carne.
Revela-se, revelando que veio para os Seus, mas os Seus não O receberam.
JOÃO 2 Entrevista os sacerdotes e cambistas do
templo. Revela-Se, mostrando quão avarentos e cobiçosos eram aqueles que
ministravam os rituais que O simbolizavam.
JOÃO 3 Entrevista Nicodemos. Revela-se como o
Salvador pendurado na cruz, revelando o que havia no coração do fariseu:
incredulidade, medo do escárnio dos amigos, e pouco conhecimento bíblico.
JOÃO 4 Entrevista a mulher samaritana.
Revela-se como o Messias, revelando a ela quão tola era sua busca superficial
pelas rotas cisternas do prazer desse mundo.
JOÃO 5 Entrevista o paralítico do tanque de
Betesda. Revela-se como aquele que pode curar o caso mais desesperador,
mostrando ao homem como é fútil tentar fabricar sua solução.
JOÃO 8 Entrevista os líderes do povo e a mulher
pecadora. Revela-se como Aquele que sabe todos os motivos e intenções do
coração humano, e mostra a vileza humana quando decide destruir a vida de
alguém.
JOÃO 9 Entrevista o cego de nascença. Revela-Se
como a luz do mundo, mostrando quão cegos vivem os homens ao quererem decifrar
a origem das doenças e dos males desse mundo.
JOÃO 11 Entrevista Maria e Marta. Revela-se
como o Autor da vida ressuscitando Lázaro, e o ser humano como os causadores
diários da morte ao planejarem Seu assassinato.
JOÃO 13-17 Entrevista com os discípulos. Ele Se
revela claramente como o Messias, e os revela – todos covardes fugitivos, que um
O negaria e o outro O trairia.
JOÃO É UM PARALELO DO LIVRO DE
GÊNESIS.
Em ambos os livros vemos Deus indo atrás do ser
humano, mostrando que Seu maior interesse é RELACIONAR-SE conosco, e que nos
relacionemos entre nós.
No princípio Ele também revela quem Ele é, e
quem nós somos!
VISITOU ADÃO E EVA LOGO DEPOIS DA QUEDA
Ao se revelar na viração do dia, perguntou:
“Adão, onde estás?”
As emoções vieram à tona: “Por que tive medo e
me escondi!”
VISITOU CAIM
Deus o visitou também com uma pergunta: “Por
que descaiu o teu semblante? Domine seu coração por que o teu pecado, (matar
teu irmão) jaz à tua porta!”
VISITOU SARA
Deus a visitou revelando Seu plano de dar a ela
um filho em sua velhice. Ela riu em segredo, mas Ele a expôs mostrando sua
incredulidade nas proféticas palavras do soberano do Universo.
VISITOU A JACÓ
Em sua noite de angústia Deus esse desesperado
servo, perguntando-lhe: “Qual é o teu nome?” Expôs seu traço de caráter mais
sombrio, dando-lhe a oportunidade de torná-lo um PRÍNCIPE VENCEDOR (Israel),
pai de uma numerosa nação, e por meio dele vir o Salvador do mundo.
VISITOU OS IRMÃOS DE JOSÉ
Presos no Egito, eles mesmo reconheceram que o
Senhor os estava visitando. Expressaram publicamente diante de José sua
angústia e arrependimento por terem vendido seu irmão aos ismaelitas, o que o
levou a perdoá-los genuinamente.
A LEI DE DEUS – O ESPELHO DE SEU
CARÁTER!
Ela foi feita para irmos a Deus e ao próximo.
Ela só é guardada na convivência com Deus (os 4
primeiros mandamentos) e na convivência com o outro (os 6 últimos).
Se você a guarda para ter bom comportamento, é
apenas um legalista.
Se não guarda a Lei de Deus, você nada mais é
do que um grande egoísta.
Se guarda apenas os 4 primeiros mandamentos você
é um exclusivista.
Se guarda apenas os 4 últimos, é apenas um
humanista.
Indo ao outro, no seu caso aos ninivitas que
JONAS descobriu quão egoísta, quão obtuso e quão longe ele vivia de Deus e dos
outros.
Indo ao outro, no seu caso a Cornélio, que
PEDRO viu quão separatista ele e a Igreja era em seus dias.
Indo ao outro, no seu caso Maria Magdalena, que
Simão percebeu quão pecador, pervertido e mau ele era e quanto precisava que
Jesus o salvasse.
TESTE – VOCÊ JÁ “VISITOU” AS
PESSOAS QUE MAIS AMA?
Você sabe o que incomoda sua mãe, seu pai?
Você sabe qual é o maior medo de seus irmãos?
Você tem noção dos sonhos, desejos e aspirações
do seu cônjuge?
Você sabe quais são as ansiedades mais
profundas de seus filhos?
APELO
Foque em desenvolver sabedoria. Só ela
resistirá ao critério do tempo.
O conhecimento passará, pela própria dinâmica
de se descobrir coisas novas.
Conviva com as pessoas cada dia, e você será
atemporal!
Ao conviver com elas, Deus lhe enriquecerá,
pois através delas o ensinará a viver.
TROCANDO PRESENTES - Cathy
Downs
Meu pai era um daqueles pregadores antigos do
interior, que costumava recitar, em voz alta, versículos do púlpito da igreja
batista, fazendo com que os ouvintes tremessem em seus lugares. Algumas vezes,
ele recitava capítulos do livro de João sem ao menos olhar para a Bíblia em
suas mãos.
Em uma tarde, depois das aulas, papai e eu
estávamos no carro, a caminho da casa de uma das senhoras da igreja para
fazer-lhe uma visita. Eu acabara de receber o livro de leitura da terceira
série. Era meu primeiro livro de capa dura, e eu estava orgulhosa dele. Já
tinha lido uma história para meu pai e começava a segunda, quando encontrei uma
palavra que não conhecia. Ele resmungou algo do tipo não conseguir ler e
dirigir ao mesmo tempo; então, lentamente, soletrei a palavra: "o-u-t-o-no".
Meu pai continuou em silêncio. Nervosa, gritei:
- Você não sabe ler?
Meu pai parou o carro no acostamento e desligou
o motor.
- Não, Cathy, eu não sei ler... - ele sussurrou
- eu não sei ler.
Ele tomou o livro de minhas mãos.
- Eu não consigo ler nada deste livro -
disse-me com tristeza na voz.
Gentilmente, papai começou a contar sobre a sua
infância, como todos na família trabalhavam para sobreviver. No tempo da
colheita, a escola e os livros tinham que esperar. O algodão tinha que ser
carpido no verão e colhido no outono. No inverno, os animais tinham que ser
abatidos e preservados. Havia muitas bocas para alimentar, e cada um tinha que
dar a sua contribuição. Para tornar a vida ainda mais difícil, meu pai tinha
dois irmãos deficientes, por isso os outros tinham trabalho dobrado. Como
resultado de tantas faltas na escola, meu pai repetiu muitas séries, perdeu a
motivação e, aos 16 anos, desistiu da escola.
Jamais me esquecerei da tristeza na voz de
papai enquanto me contava sobre sua infância. Também, jamais me esquecerei da
vergonha em sua voz quando falou sobre seu constrangimento por não ser capaz de
ajudar seus cinco filhos com as lições de casa.
Em nenhum momento, amei tanto meu pai.
Lembrei-me, então, de como ele lia tão bem quando estava no púlpito, quando lia
capítulos inteiros de uma só vez sem esquecer uma só palavra. Foi quando
percebi que homem notável ele era. Ele ouvia mamãe ler algo algumas vezes e,
então, memorizava. Que memória incrível!
Por esse motivo, eu me tornei sua professora.
Fiz uma promessa de que ensinaria meu pai a ler. Tudo o que minha professora
fazia comigo na escola, eu fazia com meu pai. Eu lhe ensinava os sons e os
padrões da língua exatamente como eu os aprendia. Quando lia uma história na
escola, ao chegar em casa, ensinava meu pai a lê-Ia.
Quando eu tinha dificuldade com um novo conceito, aprendíamos juntos. Em troca,
ele me ajudava a encontrar recursos mnemônicos para memorizar os pontos
necessários para as provas. Em pouco tempo, ele aprendeu a escrever histórias e
poemas simples. Logo depois, já conseguia escrever as citações e anotações
necessárias para seus sermões.
O momento de maior orgulho de minha vida foi
quando meu pai leu a passagem bíblica - ele realmente a leu no sermão de
domingo. Meu pai nunca perdeu o fascínio pela linguagem escrita. Lia tudo o que
lhe vinha às mãos. Ficou orgulhoso no verão em que conseguiu ler o
"Almanaque do fazendeiro" para minha mãe e ensinou-a a plantar.
Em 1977, meu pai foi diagnosticado com câncer
de pulmão em estado terminal e morreu nove meses depois. Durante esses nove
meses, ele leu a Bíblia de Gênesis a Apocalipse. Seu momento de maior orgulho
foi quando fechou a Bíblia, sabendo que era capaz de ler tudo o que estava
escrito nela.
Antes de morrer, ele me agradeceu o presente
que eu lhe havia dado. No entanto, não percebeu que fora ele quem me havia
presenteado: eu soube que, assim como ele tinha o chamado para pastor, eu tinha
o chamado para alfabetizar. Por causa de meu pai, creio que posso poupar uma
criança da tristeza e da humilhação do analfabetismo. Minha carreira como
professora vale a pena. Obrigada, pai.
Marcelo
Augusto de Carvalho 18 de junho de 2025 Artur Nogueira SP
4
COMO AGIR SEM ERRAR
Marcelo Augusto de
Carvalho
GÊNESIS 11.1-9 – os construtores da Torre de
Babel.
OS CONSTRUTORES DA TORRE DE BABEL
ERAM GENTE MUITO MODERNA:
Tinham certeza de qual era o melhor modo de
vida para todos os habitantes da Terra.
Decidiram então construir uma cidade que seria
o centro dessa ideia para todos os povos.
Construiriam uma torre para celebrizar seu nome
e sua capacidade administrativa.
Quem não aceitasse suas ideias, é claro, seriam
varridos da história.
Quase dois mil anos depois, no mesmo local,
NABUCODONOSOR tentou fazer o mesmo!
Incrível: gente que se achata tão importante, a
história universal usou apenas 9 versos bíblicos para deixar o único registro
de suas vidas!
Enquanto isso...a Bíblia usa um livro inteiro
para falar de alguns desconhecidos e iletrados pescadores, o livro de ATOS,
porque viveram para servir aos outros!
SERÁ QUE TEM GENTE ASSIM NOS DIAS
DE HOJE?
“Quando eu estava na faculdade, um grupo de
cristãos da contracultura costumava fazer pregações nos pontos mais frequentados
do campus. Um deles pregava a mensagem de Jesus com toda a força. Eu ficava
impressionado com a sinceridade e o poder da sua convicção. Tive certeza,
depois de ouvi-lo durante meses, de que ele devia ter conseguido converter
muitas pessoas. Certo dia, perguntei-lhe:
- Então, quantas pessoas vocês conseguiram
atrair para Cristo com os seus discursos?
Para minha surpresa, a resposta foi:
- Na verdade, nenhuma. Mas isso não importa. É
a nossa missão.
Ele tinha a firme convicção de estar fazendo a
coisa certa. O resultado não era tão importante quanto à sinceridade com a qual
ele executava a tarefa. Nunca duvidei da sua autenticidade, mas questionei se o
simples fato de ser sincero fazia com que estivesse certo. Na verdade, eu
conhecia dezenas de alunos da faculdade que ficavam irritados com os sermões e
se afastavam daquele Deus sobre o qual ele estava pregando porque não queriam
aproximar-se de alguém que parecia não lhes dar importância.” FONTE: Jesus, o
maior psicólogo que já existiu, 20. Editora Sextante.
Qual era O MÉTODO DE JESUS ao
relacionar-Se com as pessoas? Ele as levava a sério!
OS PASTORES EM BELÉM
Esses humildes homens sonhavam com o dia do
Enviado de Deus.
Os anjos passaram por cima de todos os honrados
da Terra para os guiarem até a manjedoura onde o Cristo havia acabado de
nascer.
ANA E SIMEÃO
Esses dois servos de Deus esperaram a vida toda
para verem o Messias.
Deus conduziu então Maria e José ao Templo em
Jerusalém para dar a aqueles dois idosos a oportunidade de realizarem seu sonho
antes de sua morte.
O CEGO BARTIMEU
Além de cego, mendigo, assentado à porta da
cidade, este homem ouve que Jesus vem vindo e começa a clamar pedindo cura. A
multidão tenta calá-lo.
Jesus para, manda chamá-lo, pergunta o que ele
deseja, e realiza de maneira miraculosa seu sonho de enxergar.
A MULHER SIRO-FENÍCIA
Mesmo sendo estrangeira, sabendo-se excluída do
povo escolhido, essa mulher leva seu caso a Cristo, revelando sua necessidade
como sua fé nEle.
Ela insiste, mas com uma humildade e angústia
tão tocante que Jesus atende o seu pedido, exalto sua fé acima de todos os
seres humanos.
JAIRO E A MULHER COM FLUXO DE SANGUE
Jesus dá importância tanto ao orgulhoso e
proeminente chefe da Sinagoga quanto a impura mulher com o fluxo de sangue. Ele
ouve o pedido de ambos. Vai à casa de Jairo, como para sua caminhada para dar
atenção exclusiva à mulher que o tocou de maneira tão leve e desapercebida pela
multidão.
MICHELANGELO NÃO FEZ TUDO SOZINHO
Quando a Capela Sistina, toda reformada, foi
reaberta em 1994, evocou uma imagem comum de Michelângelo: o gênio solitário
preso entre a agonia e o êxtase, deitado de costas num andaime, isolado, o
pincel na mão. Na realidade, isso é mistificação. O artista renascentista
estava por trás de todo mundo - parecia-se mais com um moderno executivo
bem-sucedido.
Novos documentos encontrados nos arquivos de
Florença e Pisa mostram a preocupação de Michelângelo com os mínimos detalhes -
exatamente como alguns executivos. Esses documentos esclarecem o Michelângelo
empresarial. Há cerca de 475 anos, ele era o principal executivo de uma pequena
para média empresa - sua oficina - que, de tempos em tempos, prestava contas a
presidentes de conselho muito exigentes: os papas.
Homem de bom gosto, culto, Michelângelo viajava
em classe executiva (de mula) ou primeira classe (a cavalo), vestia-se
elegantemente de preto, bebia vinho Trebbiano e comia pêras
florentinas.
O mito romântico de que Michelângelo trabalhava
sozinho condiz com nossa ideia do artista criador. Mas, na verdade, raramente
ele trabalhava sozinho. Pelo menos 13 pessoas ajudaram-no a pintar o teto da
Capela Sistina; e cerca de 20 participaram do entalhe dos túmulos de mármore da
Capela Medici em Florença, com suas alegorias do Dia e da Noite, Aurora e
Crepúsculo. Durante os 18 anos que passou construindo a Biblioteca Laurenciana em Florença, supervisionou uma equipe de, pelo
menos, 200 pessoas.
Conhecemos seus auxiliares porque todas as
semanas Michelângelo registrava os nomes, dias trabalhados e salários de cada
empregado. A maioria deles era tão conhecida que ele os chamava pelos apelidos,
os equivalentes do Renascimento para Beto, Neco, Duda - bem como Mosca,
Cenoura, Esquisitão e Gatuno.
Como gerente de recursos humanos, Michelângelo
conhecia seu pessoal: Michele era o tipo irresponsável e trapaceiro; Rubecchio, um desgraçado total; Pietro era um almofadinha que gostava mais das belas roupas do que de
trabalhar. Mas, embora os trabalhadores de Michelângelo algumas vezes o
decepcionassem, ele nunca os despedia "É preciso ter paciência",
escreveu, comentando uma obra de má qualidade.
Seus funcionários tinham vantagens - horários
flexíveis, bom salário e segurança no emprego - a não ser quando as mortes de
seus patrocinadores papais interrompiam o fluxo monetário. Muitos eram
empregados de 10, 20, 30 ou mais anos - notável, tendo em conta a expectativa
de vida da époса.
As ligações íntimas do artista com seu pessoal
garantiam a estabilidade no trabalho e o controle de qualidade. Mas quando
Francesco da Sangallo apresentou uma escultura
malfeita, Michelângelo suspendeu seu pagamento, anotando: "Não quero lhe
dar mais, se ele não cumprir o que prometeu.
O empresário Michelângelo era versátil: sonhou
com uma fachada de igreja, uma biblioteca e um mausoléu, tudo em Florença. E
reprogramou a elite dos entalhadores (escultores de mármore) para que
realizassem sua visão.
Bom solucionador de problemas, fazia alterações
e resolvia os impasses quando se apresentavam. Passava os dias entrando e
saindo das linhas de montagem e trabalhava quase todos os sábados e a maioria
dos feriados. Em resumo, como os executivos, Michelângelo controlava todas as
peças e envolvia-se em tudo. Para supervisionar os escultores trabalhando na
Biblioteca Laurenciana precisava de "cem
olhos", escreveu ele.
Ele também encorajava a composição criativa e a
iniciativa no desenho e execução. Para construir a Igreja de San Lorenzo,
prédio mais grandioso de Florença, usou blocos de mármore das pedreiras alpinas
que ainda hoje se mantêm praticamente inacessíveis. Organizou um sistema de
transporte com trenós e bois, selecionava e inspecionava todo o seu material,
discutia preços com os carregadores e fazia desenhos até mesmo dos mínimos
detalhes, aparentemente os mais insignificantes. Depois virava o papel para
fazer cálculos, contar alqueires de cereais, redigir uma carta ou compor
poesia.
Michelângelo morreu quase aos 90 anos, em 1564,
um gênio criador e um sábio executivo, homem que se sentia igualmente à vontade
no mundano e no sublime. Como acontece com muitos outros empresários, houve
falhas ocasionais em seu estilo gerencial, mas ele teve um êxito extraordinário
em dar o melhor de si e de seus colaboradores. Durante sua vida, conseguiu
agradar a todos os clientes, e continua a fazer isso desde então.
O ERRO DA ARROGÂNCIA HUMANA!
Todos os dias temos ideias incríveis para mudar
a vida dos outros e o mundo todo.
Assim criamos projetos especiais para levar a
cabo essas soluções.
Impomos nossa vontade aos outros, exigindo que
se submetam ou estarão perdidos!
Aceitamos dar o que os outros precisam, desde
que seja aquilo que nós achamos ser o melhor para eles.
POR QUE AS EMPRESAS FALEM?
Porque elas buscam VENDER seus produtos. As
pessoas não são importantes!
POR QUE OS GOVERNOS FRACASSAM?
Porque para eles a pessoas existem apenas para
serem GOVERNADAS.
E são lembradas somente na hora de eleger seus
líderes.
POR QUE OS RELACIONAMENTOS DA VIDA FRACASSAM?
Porque insistimos que o outro existe para nós
na medida em que ele nos SERVE para algum fim específico. Se o outro nos dá
prazer continuamos usando-o. Se não há mais RAZÃO para desfrutar seus serviços,
nós os descartamos.
O QUE É MISSÃO? COMO VAMOS TER
SUCESSO EM REALIZÁ-LA?
O TEMPO que você gasta com os outros e a
MANEIRA como os trata revela mais sua relação com Deus do que toda sua
TEOLOGIA, MORALIDADE e ÉTICA juntas!
ABRAÃO intercedeu por Ló até que não houvesse
mais como fazê-lo.
NOÉ gastou todo seu tempo e dinheiro para levar
a salvação aqueles que o zombavam.
NATÃ arriscou sua vida para advertir Davi de
seu pecado e sua iminente destruição.
APELO
Ninguém se
importa com quanto você sabe até saber quanto você se importa. Theodore Roosevelt.
O oposto do
amor não é o ódio, mas a indiferença. Érico Veríssimo em "O Tempo e o
Vento"
Quer agir, sem
errar? Leve a sério as pessoas! Ame-as como Deus as ama.
Sentei-me sobre a mala, enquanto o trem suíço
me conduzia à reunião com que sonhava há duas décadas. No ponto final da
jornada, aguardava o pai de Anne Frank, com quem me correspondia desde os 14
anos.
Desejava que o encontro com o homem que passei
a considerar meu segundo pai fosse pura emoção, abraços, lágrimas. Mas
compreendi que, provavelmente, após um formal aperto de mão, Otto e eu
passaríamos alguns momentos bastante corteses, e nada mais. Estava preparada.
O sonho desse dia começara a se esboçar quando
eu tinha 12 anos e vivia em San Fernando Valley, Califórnia. Havia me submetido
a um teste para representar o papel principal do filme O Diário de Anne Frank,
de 1959. Não o consegui, mas encontrei um mundo inteiramente novo no diário de
Anne Frank.
Apesar das imensas diferenças das
circunstâncias que nos envolviam, identifiquei-me profundamente com aquela
eloquente garota de minha idade. As situações difíceis que enfrentara ficaram
gravadas em meus pensa mentos. Como se escondera dos nazistas em um
minúsculo anexo, no sótão do prédio em que funcionava o escritório de seu pai,
em Amsterdā, numa explosão de vida frustrada,
"como um canário na gaiola". Como permanecera escondida durante dois
anos com os pais, Otto e Edith, a irmã mais velha, a família Van Daan, e um
dentista. Como foram apanhados e confinados em um campo de concentração, onde
ela morreu. Como, apesar de tudo o que passara, ainda acreditava que "as
pessoas, no fundo, são realmente boas" .
Dois anos após haver lido o diário pela
primeira vez, escrevi a Otto Frank em Birsfelden,
Suíça, onde ele fixara residência com sua segunda mulher, Fritzi.
Será que responderia? Falaria inglês? Poderia eu falar-lhe sobre Anne, ou seria
demasiado doloroso?
Chegou, então, uma carta. Devo tê-la lido uma
centena de vezes:
21 de agosto, 1959
Recebi sua amável carta e fico grato por ela. O
desejo ardente de Anne era trabalhar em prol da humanidade e, por esse motivo,
foi criada em Amsterdã a Fundação Anne Frank, para realizar um trabalho
inspirado nela. Você tem razão quando diz que recebo muitas cartas de jovens do
mundo inteiro, e entenderá que não me é possível prosseguir com a
correspondência, embora, como vê, esteja respondendo a todos.
Desejo a você tudo de melhor,
Com os votos do seu,
Otto Frank
Repliquei que ele não precisava responder.
Independentemente de resposta, eu continuaria a escrever. Depois, cada vez que
era fulminada por um ataque de "Não consigo suportar mais!",
despejava tudo em uma longa carta. E ele respondia, sempre.
Aos 15 anos, contei-lhe a respeito da minha
vontade de ser atriz. Respondeu:
Continue a estudar dança, continue a se dedicar
à literatura e à arte dramática, mas deixe que seja apenas um passatempo... É
muito difícil o trabalho de bailarina e atriz.
Na faculdade, onde eu trocava de área de
concentração com a mesma frequência com que trocava de meias, Otto Frank esteve
a meu lado. Da dan ça para a arte dramática, para o inglês, meu
querido e distante "guia supervisor" mostrava-se muito mais tolerante
do que aqueles da Universidade da Califórnia.
Também participou quando pensava em me casar
com um homem que não era judeu. Aconselhou-me a conseguir livros sobre o
judaísmo para que meu noivo lesse. Foi o que fizemos.
Quando nos casamos, Otto escreveu:
Não ligue para a desaprovação dos outros. Suas
personalidades combinam e vocês respeitam mutuamente suas convicções; isto é tudo
o que importa.
Embora feliz no casamento, atravessávamos o
difícil ano de 1968. Depois do assassinato de Robert F. Kennedy, escrevi:
Bobby Kennedy está morto. Martin Luther
King, Jr., está morto. John
F. Kennedy está morto. Medgar Evers está morto.
Todos baleados por homens loucos. Como poderia gerar um filho num mundo assim?
Ele contestou:
“Não desista nunca! Certa vez li: 'Mesmo que o
fim do mundo fosse iminente, eu plantaria hoje uma árvore.' A vida continua, e
talvez seu filho faça o mundo avançar um passo.
Em homenagem ao meu aniversário daquele ano,
Otto Frank me enviou uma nota: Duas árvores em Israel em nome de Cara Wilson,
pelo seu aniversário. Plantadas por Otto Frank, Birsfelden.
A perspectiva de esperança de Otto Frank nos
deu, a mim e a meu marido, coragem para nos tornarmos pais. Tivemos dois
filhos, Ethan e Jesse. A primeira vez que me separei deles foi por ocasião da
minha viagem à Suíça.
O trem ia parando. O condutor anunciou a
estação e as portas se abriram bruscamente.
Procurando no meio da multidão, vi um homem
ereto, com um rosto que lembrava o de Lincoln. Cabelos brancos como a neve
emolduravam a cabeça quase calva. Um senhor idoso, alto, ainda forte e bonito.
Era ele mesmo! Otto Frank.
"Cara! Finalmente!", disse de forma
calorosa.
Eu estava abraçando-o de verdade. Um abraço
apertado. Graças a Deus! Nada de aperto de mão nem de cumprimentos formais. De
repente, um pouco acanhado, enlaçou seu braço no meu. Fritzi
me tomou o outro braço e fomos embora.
Assim que entrei na residência dos Frank,
senti-me em casa. Otto me conduziu ao seu pequeno gabinete. Sobre a
escrivaninha, via-se uma pilha de correspondência recém-chegada. Mostrou-me os
cadernos de notas, abarrotados de cartas, que cobriam a parede de lado a lado.
Então, Otto apontou-me um caderno. "Estas
são as suas cartas, Cara. Guardei-as todas." Eu mal podia acreditar.
Via-me através de vinte anos de correspondência. Observei meus garranchos dos
doze anos evoluírem a uma escrita adulta para, então, transformarem-se em
páginas datilografadas. Infinidade de pontos de exclamação e palavras
sublinhadas, profusão de sentimentos.
Otto disse: “Você não é a única que tem escrito
durante todos esses anos."
Sorrindo, contou-me particularidades sobre
alguns dos outros. Havia Sumi, do Japão, que perdera o pai. A menina lera o
diário de Anne e emocionara-se, a ponto de escrever. Informara-lhe que gostaria
de se tornar sua "filha por correspondência" - e assinava todas as
cartas "Sua filha, Sumi". Otto orientou-a durante anos.
Havia também John Neiman,
que lhe escreveu depois de reler o Diário na faculdade. Otto lhe falou:
"Se quiser honrar a memória de Anne e dos outros que morreram, cumpra
aquilo que Anne tanto desejava - fazer o bem aos outros."
Para obedecê-lo, John tornou-se sacerdote.
Hoje, o padre John, sacerdote católico em Redondo Beach, Califórnia, continua a
estender a mão aos sobreviventes do Holocausto.
E também tinha Vassa. Algum
tempo atrás, Otto recebera uma carta de Atenas. Na Embaixada da Grécia,
indicaram-lhe um professor local que traduziu a carta.
A jovem revelou seu horripilante passado - o
modo como o pai, envolvido no movimento de resistência aos nazistas, fora
assassinado na sua frente. Vassa perdera o interesse
por tudo - pela vida em si.
Foi então que assistiu à peça O Diário de Anne
Frank. Escreveu a Otto, abrindo seu coração. Ele respondeu que, embora
houvessem impedido Anne de ver suas metas realizadas, Vassa
tinha diante de si toda uma vida de esperança. A correspondência continuou e,
encorajada por Otto, Vassa fez sumir a depressão.
Ao notar que a menina já não necessitava de
seus conselhos, Otto escreveu-lhe explicando a dificuldade de conseguir que as
cartas fossem traduzidas. Ficara velho. Via-se forçado a deixar de escrever
para ela.
Por mais de um ano, não recebeu notícias de Vassa. Chegou, então, uma carta com a assinatura familiar.
Era em francês - língua que Otto sabia ler. No decorrer de todos aqueles meses,
Vassa estudara francês, a fim de poder escrever ao
seu querido mentor.
Durante a minha visita, prestei muita atenção
às palavras de Otto, ciente da importância de lembrar cada detalhe daquele
momento. Como se lesse minha mente, disse-me, baixinho: "Foi bom você ter
vindo agora. Sou um velho, você sabe."
Continuamos a nos corresponder por mais dois
anos. Então, certo dia, recebi uma carta de Fritzi
que começava assim:
Minha querida Cara,
Neste momento, meu amado me deixou, e a todos
os seus amigos...
Poderia apenas me maravilhar com o número de
vidas que esse homem bondoso influenciou - bem como me sentir afortunada,
porque a minha fora uma delas. Embora de raças e religiões distintas, somos, de
certa forma, iguais. Afinal de contas, não foi Anne quem nos enviou para fazer
companhia ao pai?
Marcelo
Augusto de Carvalho 19 de junho de 2025 Artur Nogueira SP
5
PARA QUE SERVE SABER TUDO?
Marcelo Augusto de
Carvalho
GÊNESIS 3.1-8 – Eva comeu o fruto proibido por
Deus.
EVA – quis conhecer e saber tudo.
LÚCIFER – quis ter todo o poder do Céu. Isaías
14.12-14
SALOMÃO – quis saber sobre tudo. Eclesiastes
1.12-18. Quis também desfrutar todo o prazer dessa vida. Eclesiastes 2.
O QUE ESTÁ POR DETRÁS DESSE
DESEJO MEGALOMANÍACO?
O RICO LOUCO DA PARÁBOLA – se eu tiver muito
dinheiro, se acumular tudo o que eu preciso, eu jamais passarei necessidade!
JAIRO – se eu for um bom líder, saberei o que
as pessoas precisam fazer. Assim darei as ordens certas e evitarei o
infortúnio. (Foi o que ele fez com Jesus: “Levante-se, venha depressa e cure
minha filha!)
MULTIDÃO – se tivermos a Jesus como rei todos
os nossos problemas acabarão! Ele alimentou 5 mil homens, fora as mulheres e
crianças. (João 6). Ele mostrou que tem poder para alimentar um país inteiro, curar
todas as doenças e liderar um grande exército para vencermos nossos opressores.
CRENÇA – SE SOUBER TUDO, TEREI O
CONTROLE SOBRE TUDO!
Precisamos acreditar que sabemos a verdade
completa a respeito das coisas e das pessoas para nos sentirmos seguros,
achando que dominamos completamente a situação e que nada novo virá nos
perturbar. 23
Evitamos as EMOÇÕES do cônjuge – elas nos causam
instabilidade.
Não queremos ter FILHOS – não saberemos o que
fazer ante as demandas.
Gostaríamos que eles pulassem a ADOLESCÊNCIA –
temos pânico.
Queremos a VOLTA DE JESUS – para evitar o
sofrimento da velhice.
DEUS EVITA QUE SAIBAMOS DE TUDO!
Deuteronômio 29.29 – impôs limites ao saber.
Precisamos aceitá-los.
Provérbios 4.18 – o conhecimento será sempre
progressivo, por toda a vida.
Salmo 23 – é certo que durante a vida
passaremos várias vezes por aflições.
Provérbios 17.17 – na necessidade, saberemos
como somos amados por outros.
Abraão – foi para Canaã, onde ele não sabia
como viver ali. Aprendeu lá!
Rute – na falta podemos escolher andar junto,
conhecer e abençoar os outros.
Ana – é em angústia que tomamos a decisão de
confiar inteiramente em Deus.
Israel no deserto – tiveram que aprender a
caminhar pela fé, esperando no Senhor, para que cada uma de suas necessidades
diárias pudessem ser supridas.
E QUAL É O CONHECIMENTO QUE MAIS
PRECISAMOS NO TEMPO DO FIM?
Apocalipse 3 – descobrir que somos pobres,
cegos e nus.
Lucas 17.20-21 – precisamos levar a sério o que
está DENTRO de nós.
Filipenses 4.8 – o que está em guardado em
nosso INCONSCIENTE.
2 Coríntios 12.10 - detectar, reconhecer e dar
sentido às nossas mais profundas EMOÇÕES.
APELO
Em vez de querer saber tudo sobre todas as
coisas, gaste tempo contemplando e aprendendo sobre o ministério da vida.
Deixe-se surpreender com os eventos para perceber neles a PROVIDÊNCIA divina.
Romanos 8.28.
Quando tocaram
a campainha naquela tarde, abri a porta meio entorpecida. Era a pior hora para
aparecer alguém! Um homem de rosto simpático se apresentou: viera consertar o
sistema de alarme.
No quinto mês
de gravidez, eu estava com os nervos à flor da pele, esperando o telefone
tocar. Minha paz de espírito poderia vir da notícia que aguardávamos.
Durante um ano
e meio nós tínhamos tentado ter um bebê, chegando a fazer testes de
fertilidade, sem um resultado conclusivo. Finalmente fiquei grávida.
O primeiro
trimestre transcorreu normalmente, a não ser pelos enjoos matinais, que eu
sabia serem temporários. Esperava ansiosa pelas consultas médicas, para saber
cada vez mais sobre nosso filho. Então quando o médico perguntou se eu queria
fazer um exame de sangue que detectaria algum eventual problema, concordamos
imediatamente. Chegando os resultados, o médico me telefonou e, com um tom
profissional, embora preocupado, disse que havia sugestão de síndrome de Down.
Para
certificar-se, agendou um ultrassom e uma amniocentese.
Embora
apreensivos, meu marido e eu nos emocionamos, pois pela primeira vez pudemos
ver o bebê se mexer. Tudo se tornou real de repente: íamos mesmo ter um bebê,
um menino!
Não poderia
haver nada de terrível com ele, não é?
Foi duro saber
que os resultados demorariam duas semanas e que este período seria suficiente
para pôr termo à gravidez de maneira segura. Mas, qualquer que fosse o
resultado, para nós esta não parecia uma opção.
Não imaginava
que duas semanas pudessem parecer uma eternidade. Eu tentava me distrair,
pensar em outras coisas, mas as palavras "fora dos padrões de
normalidade" ficavam se repetindo na minha cabeça. Rob ia para o trabalho
e eu me sentia desamparada em casa.
Finalmente
chegou o dia de saber o resultado. Nunca esquecerei meu nervosismo, em casa,
sozinha, esperando o telefone tocar. Mas ele não tocava e lá pelo meio-dia não
aguentei mais.
Liguei para o
médico, mas a enfermeira disse não ter ainda a resposta. Foi neste dia que o
técnico veio consertar o alarme.
Quando a
campainha tocou, eu estava a ponto de explodir.
Como um
autômato, deixei o técnico entrar e mostrei a ele o sistema de alarme,
pensando: "Isso vai custar uma fortuna, aconteceu na pior hora."
Fui ensinada a
acreditar que "Deus sabe a hora certa”, mas essa fé dava sinais de estar
abalada. Umas duas horas depois, a enfermeira ligou. Respirei fundo ao ouvir:
"Temos uma notícia boa e uma ruim."
A boa era que
nosso filho não tinha síndrome de Down. A ruim era que se apresentava um
problema nos cromossomos. Se Rob e eu também tivéssemos o problema, nosso filho
nasceria bem. Mas, caso contrário, significava que faltava alguma coisa na
composição dos genes do bebê.
“Alguma coisa
faltando?" Tentei não gritar. "Como assim? Isso quer dizer o
quê?" "Desculpe, senhora Horning, não se
pode dizer o que há de errado com o bebê até ele nascer. Agora o melhor a fazer
é a senhora vir aqui imediatamente com seu marido para um exame de sangue.
"Imediatamente?
Podemos ficar sabendo hoje?" "Podemos fazer o exame hoje e ter o
resultado em cinco dias." "Cinco dias?"
Foi quando
perdi o controle. Não me lembro de ter chorado e gritado tanto em meus trinta e
quatro anos de vida. Parecia que eu tinha levado um soco no estômago e que
estava tomando fôlego para receber outro. Lembro que liguei para o trabalho de
Rob, ainda histérica.
"Colleen,
querida, ouça. Peça ajuda à vizinha. Vou sair logo que puder, mas não quero que
você fique sozinha." Desliguei o telefone, apavorada.
Fiquei ali,
sem ar, e me lembrei então que o técnico do alarme ainda estava trabalhando e
provavelmente ouvira tudo. Com vergonha, achei que tinha de me desculpar.
Chorando, fui até a sala da frente e o encontrei encostado no umbral da porta,
como se esperasse por mim. Antes que eu dissesse qualquer coisa, ele me levou
até uma cadeira.
"Sente-se",
ele disse. "E respire fundo, procurando relaxar." As instruções
específicas e o tom gentil me pegaram de surpresa. Sentei
e comecei a respirar, me sentindo mais calma. Aquele estranho se sentou à minha
frente e, numa voz tranquila, me contou como ele e a mulher tinham perdido o
primeiro filho. O bebê nascera morto porque eles não sabiam que ela
desenvolvera diabetes durante a gravidez. Ele continuou dizendo como fora duro
aceitar o fato até que, finalmente, desistiram e admitiram que era algo que
lhes fugia ao controle.
"Eu
entendo como seu coração está doendo agora. Mas só o que a senhora pode fazer é
ter fé e compreender que o que está acontecendo com seu bebê está fora do seu
controle. Quanto mais tentar tomar as rédeas da situação, ter controle sobre o
bebê, sobre os exames, tudo isso, mais a sua incapacidade de mudar as coisas
vai fazer-lhe muito mal." Tomou minha mão e disse que há poucos meses ele
e a mulher tinham sido abençoados com uma menininha saudável. Dessa vez, não
tinha havido problemas. É claro que pensam ainda no garotinho que perderam, mas
hoje entendem e aceitam que, por alguma razão, não era para ele viver.
Pediu para eu
tentar manter a fé e afirmou que sentia que tudo daria certo.
Então, com a
mesma calma com que me contou sua história, ele se levantou e se dirigiu à
porta. Virou-se e disse que já consertara o alarme.
Aquele homem
me ajudou como nenhuma outra pessoa poderia ter feito! Ao apertar sua mão e
dizer "obrigada, me lembrei de que não pagara
pelo serviço.
Ele sorriu e
disse que eu nada lhe devia. Tudo que pedia era que eu mantivesse a fé.
Entreguei a
Deus e, no final das contas, tudo aconteceu na hora certa.
Marcelo
Augusto de Carvalho 20 de junho de 2025 Artur Nogueira SP
6
AUTOSABOTAGEM
Marcelo Augusto de
Carvalho
LUCAS 8.1-3 - Maria Magdalena
Simão a desencaminhou. Sentindo-se altamente
pecadora, decidiu acreditar que era má.
Foi tão baixo no pecado que 7 demônios passaram
a possuir seu corpo.
É o perfil do AUTOSABOTADOR.
EXEMPLOS DIÁRIOS DE AUTOSABOTADORES
TRABALHO
Roberto era um sabotador nato. Muito
inteligente para o trabalho, vendas, artes e filosofia, ele começava qualquer
coisa com muito sucesso. Mas...quando as coisas iam bem, por si mesmo ele se
autodestruíra. Ou ele arranjava uma briga com seu líder, ou se enfastiava dos
processos diários, ou não aceitava as ordens impostas. Nunca foi demitido de
emprego algum! Sempre era ele quem pedia demissão, trazendo novamente miséria e
insegurança a ele e a sua família.
Creio que ele nunca se amou de fato. Tinha
certeza de que era mau, por dentro, e por isto nunca mereceu suas realizações.
Seu pai deixou a família quando ele tinha 9
anos, indo morar com uma moça da idade de sua irmã mais velha! Ele via todos os
dias a mãe chorar de desespero emocional e solidão. Por isto aos 14 anos deixou
sua casa para trabalhar no bar de seus tios, tendo que cuidar de todas as suas
necessidades ainda muito jovem. Sentia
muito rancor de tudo isto. Mas como projetar esses sentimentos na mãe, que fora
vítima da situação? E No pai, a quem tanto queria de volta.
No fundo passou a projetar seu rancor em SI
MESMO. E a autossabotagem podia ser praticada com muita eficiência, já que de
si ninguém se divorcia!
ESCOLA
Augusto é alguém muito inteligente e estudioso.
Gasta pelo menos 1 hora por dia em sua casa revisando o que aprendeu na Escola.
Mas inexplicavelmente, na hora da prova, ele tem um “branco”! Todas as
informações lhe somem da memória ocasionando-lhe notas horríveis.
CRENÇA NA AUTOCONDENAÇÃO
Em geral o auto sabotador tem uma crença errada
a seu respeito: ele se odeia pelo que é!
E tenta explicar os fatos da vida,
principalmente as tristezas e decepções, por seu comportamento.
CRIANÇA
“Se eu fosse perfeita minha mãe meu pai não teriam se separado!”
“Se eu tivesse sido boazinha Jesus teria curado
meu avô!”
JOVEM
“Se eu tivesse orado mais meu pai teria parado
de beber e vindo para a Igreja!”
ADULTO
“Se eu não tivesse falhado meus filhos não
teriam se apostatado!”
O QUE JESUS FAZ DIANTE NA NOSSA
AUTOCONDENAÇÃO?
As pessoas vivem por suas crenças básicas:
SALVAÇÃO ou PERDIÇÃO. A autocondenação é um fruto natural desse jogo, no qual
as pessoas sempre saem perdendo para si mesmas.
Em geral nos autossabotamos por ilusões e MENTIRAS
QUE CRIAMOS em nossa cabeça para explicar nossos infortúnios na vida.
Ao descer à Terra e Se relacionar com a
humanidade, Ele ensinou repetidas vezes que as crenças são modificadas pela fé
e não pelos fatos.
Ele veio justamente para mostrar que a vida
cristã não se faz de ficar mal consigo mesmo, mas de sentirem-se AMADAS por
Deus, perdoadas apesar de merecerem o castigo por seus erros, e estimuladas a
seguirem em frente em seu crescimento.
Ele ensinou a todos os pecadores que a
autocondenação não é humildade, e sim humilhação.
Ele também mostrou que a única maneira de nos
arrependermos é CONVIVENDO com Ele. O resultado dessa relação será o abandono
do pecado, o nascimento de uma nova vida, e a existência digna em plena
humildade ao lado dEle.
Jesus quer que as pessoas se libertem da
condenação e não que não vivam presas a ela.
MARIA MAGDALENA
Não sabemos quando nem onde: se nas ruas de Magdala ou na casa de sua irmã Marta. O fato é que Jesus a
encontrou, perdoou seus pecados e lhe deu uma nova vida. Era habitada por 7
demônios (plenitude do mal) mas Cristo a libertou para sempre.
ZAQUEU
Foi um cobrador de impostos injusto e covarde
por muito tempo. Mas Jesus veio até sua cidade e convidou-se para ir à sua
casa. Diante de tanto amor e compaixão, Zaqueu confessou seu pecado,
decidindo-se a reparar seus erros e a assumir uma vida de e generosidade
serviço no Reino de Cristo.
PEDRO
Prometeu fidelidade à Cristo até a morte, mas
falhou tragicamente, negando-o publicamente. Pedro desejou a morte. Mas Jesus o
perdoou, dando-lhe uma nova chance, restabelecendo-o ao grupo de discípulos,
conferindo-lhe o privilégio de “apascentar os cordeirinhos” de Sua Igreja!
APELO
Conviva com as pessoas. Conheça-as e deixe ser
conhecido por elas.
Aceite-se com suas limitações. Ame-se.
Assuma os fatos de sua vida como parte
integrantes de você, perdoando-se pelos erros, elogiando-se pelos sucessos
alcançados, e permitindo-se progredir.
Olhe-se como Deus já te olha. Jeremias 29.11-13
Quando eu
tinha 13 anos, meu pai se envolveu num acidente de carro. Um acidente que,
embora não o tenha ferido, quase o matou.
Ele era o meu
herói - alto, moreno, incrivelmente bonito, com dentes perfeitos que faiscavam
quando ele ria ou cantava. Tinha aprendido a cantar ouvindo discos de Mario
Lanza, e sua voz perfeita de tenor enchia a casa, o jardim e até as florestas
onde nós dois costumávamos caminhar e pescar.
Papai e eu
éramos a parte da família que gostava de viver ao ar livre, enquanto mamãe
ficava em casa com Trisha, minha irmã mais nova. Nos
fins de semana, parávamos junto aos riachos cristalinos para apreciar as
aranhas aquáticas deslizando na superfície, catávamos girinos nos pântanos e
percorríamos trilhas na floresta, recolhendo ossos de animais. Quando eu me
cansava, ou quando a correnteza dos rios estava. mais forte, meu pai me levava
em seus ombros fortes.
Apesar de
gostar da rusticidade da vida ao ar livre, papai era um homem terno, com um
profundo respeito por todas as formas de vida - até mesmo as aranhas e os
besouros encontrados dentro de casa, ele os recolhia e soltava do lado de fora.
Era também uma pessoa obsessivamente cautelosa. Nas férias da família, sempre
dirigia abaixo do limite de velocidade permitido, o que nos deixava, a mim e a Trisha, loucas da vida.
Mas, por
ironia, um garoto de bicicleta entrou abruptamente na frente do carro dele. Num
segundo, a vida do menino chegou ao fim. E a de meu
pai também, pelo menos como tinha sido até então. De risonho e extrovertido,
ele se tornou retraído. Luto e desespero pareciam estar presentes em cada gesto
e em cada pensamento seu. E embora tivesse consciência de que não causara o acidente,
a culpa instalou-se em seu espírito.
Trisha e eu sabíamos que tinha havido um acidente,
mas papai nunca nos falou sobre o assunto. Nossa família agia como se o fato
mais dramático que já nos atingira simplesmente não houvesse acontecido.
Agíamos como se nada tivesse mudado-em-bora nada mais fosse como antes.
Em 1962, papai
foi transferido no trabalho. Ele fez as malas de foi de avião para Albuquerque
buscar um carro, enquanto mamãe, Trisha e eu íamos
visitar parentes.
Papai dirigia
muito bem. O trabalho exigia que fizesse muitas viagens de carro, e ele já
havia percorrido milhares e milhares de quilômetros sem nenhum acidente.
Normalmente, achava relaxante dirigir. Mas naquele dia a estrada estava muito
movimentada, cheia de tratores, carros, ônibus de turismo e caminhões. E o
carro estava trepidando na velocidade costumeira de papai, um pouco abaixo do
limite de 60 milhas por hora (96,56 km/h). Entretanto, a 100 km/h a trepidação
diminuía e, passada uma hora ou pouco mais, ele se fixou nessa velocidade. À
medida que foi vencendo os quilômetros, papai relaxou, apreciando o belo
cenário. E começou a cantar.
À tarde, transpôs
uma serra e chegou a uma cidadezinha na entrada de um vale cuja vista era de
tirar o fôlego. Ali a estrada era nova, de asfalto liso e regular, e todo o
trânsito pesado parecia ter ficado para trás, do outro lado da montanha. Ao
sair da cidade, papai acelerou para ultrapassar um motorista de cabelos
brancos, que ia devagar feito uma carroça. Mas, assim que os dois carros
emparelharam, o homem acelerou, forçando meu pai a aumentar a velocidade para
conseguir completar a ultrapassagem. Vendo que o velocímetro marcava mais de 60
milhas por hora, papai desacelerou. Um ciclista solitário pedalava à sua
frente, no acostamento. Papai sempre mantinha uma boa distância dos ciclistas,
mas dessa vez isso não era possível, pois um velho caminhão do Exército vinha
em sua direção, fumegando ruidosamente. Então ele notou que o ciclista era
apenas um menino.
O caminhão
passou, e papai se aproximou da faixa divisória de pistas, tentando aumentar a
distância entre ele e o ciclista. Nesse instante, o garoto deu uma guinada
brusca, bem na frente do carro. Meu pai meteu o pé no freio, as rodas travaram
e o automóvel derrapou, os pneus cantando, deixando marcas escuras por 12
metros no asfalto. Onde estava o menino?
Ele viu a roda
da frente da bicicleta rolar e cair numa vala. Quando o carro finalmente parou,
papai saltou, correndo em disparada com as pernas trêmulas.
Os olhos do
garoto já estavam dilatados. Papai ouviu a própria voz, aguda e distorcida,
perguntando sem parar: "Você se machucou? Você se machucou?" O garoto
continuava imóvel e mudo. Um dos pés tinha perdido o sapato.
O caminhão do
Exército voltou e o motorista, um homem alto, de olhos tristes, encostou a
cabeça no peito do menino e pensou ainda ouvir o coração. Meu pai, sempre
tremulo, voltou ao carro e pegou a mala, de onde tirou suéteres e um casaco.
Com todo o
cuidado, acomodou o garoto sobre as roupas. Notou a mancha de sangue que se
espalhava no jeans dele e rasgou a perna da calça, expondo a fratura. O tecido
adiposo aparecia no ferimento. socorros, papai fez um torniquete acima do
ferimento, para estancar o sangue. Mas o sangue tinha parado de correr. "É
lamentável", disse o motorista do caminhão. "O senhor não teve como
evitar." Meu pai ouviu essas palavras como se ditas a imensa distância, e
guardou-as no fundo da mente.
Estava
entorpecido, exceto pelos olhos, arregalados. Como se estives se observando a
si mesmo, começou a tomar providências: tirar a bicicleta da estrada, desviar o
trânsito, responder a perguntas. Um policial apareceu, com uma câmera
fotográfica e uma fita métrica.
"A que
velocidade estava?", indagou. Essa pergunta ficaria para sempre gravada na
alma de meu pai.
A que
velocidade ele estaria? Lembrava-se de ter acelerado para ultrapassar o homem
idoso, mas em seguida reduzira a velocidade novamente. Não havia olhado o
velocímetro. Tinha a impressão de ter diminuído para deixar o caminhão
barulhento passar, acelerando em seguida para ultrapassar o ciclista. Mas não
sabia a que velocidade vinha, e não poderia ter certeza... jamais. Aquela
pergunta se transformou numa obsessão. A velocidade em que dirigia teria
contribuído para a morte do menino?
Seguindo para
a delegacia a fim de fazer o do acidente, perguntava-se se seria preso. Mas o
xerife o liberou, recomendando que mantivesse contato. No entanto, aquilo não
era suficiente para meu pai. Precisava conversar com os pais do menino. O
xerife então o levou até a fazenda onde moravam.
A casa estava
cheia. A mãe, sentada no sofá, chorando, encontrava-se cercada por várias
mulheres, todas com o rosto marcado pelas lágrimas. Com delicadeza o xerife fez
as apresentações, explicando a presença de meu pai.
Um homem de
cabelos encaracolados, o pai do menino, saiu do banheiro. Tinha acabado de
fazer a barba e se cortara bastante. Estava com um brilho furioso nos olhos, porém
manteve o controle enquanto ouvia meu pai, cuja voz soava aguda e infantil aos
seus próprios ouvidos, ao dizer ao homem o quanto lamentava o ocorrido.
O pai do
menino insistiu para que fossem até o local do acidente, a fim de fazer uma
reconstituição. Com os dentes trincados, fez uma série de perguntas, inclusive
"A que velocidade o senhor estava?" Quando voltavam para o carro do
xerife, ele disse a meu pai o quanto o filho ajudava na ordenha das vacas e em
outras tarefas na fazenda.
Terminada a
provação de encarar a família, meu pai precisava agora contar à mamãe o que
tinha acontecido. O que dizer à sua mulher num momento desses?,
pensava. Ela passaria a olhá-lo como um assassino de crianças? Ainda poderia
amá-lo? Afinal, meu pai telefonou. O nó na garganta era tão apertado que ele
mal pôde falar, mal podia responder quando minha mãe reafirmou seu amor por
ele. Depois, ficou por um tempo ainda na cabine telefônica, tentando respirar.
A pressão que sentia no peito parecia a ponto de esmagar lhe o coração e os
pulmões.
O dia já havia
se transformado em noite quando por fim meu pai se hospedou num hotel de
estrada. Ali, sozinho, pensou em suicídio. Ora se sentava atordoado na beira da
cama, ora caminhava de um lado para outro em desespero. Sua vida parecia
inútil. Sentia que jamais estaria quite com o mundo outra vez. No dia seguinte
ao acidente, minha mãe começou a viagem de mais de mil quilómetros para
reencontrá-lo. Antes que Trisha e eu o víssemos, uma
semana depois, fomos alertadas por mamãe de que talvez ele parecesse mudado.
Lembro-me de examinar seu rosto, procurando sinais de mudança, mas meus olhos
nada viam de diferente. Eu estava enganada. Meu pai vivia agora uma vida dupla.
Para as filhas e os colegas, mostrava uma expressão de calma inabalável. Mas
muitas vezes aquele homem, que não chorava desde os tempos de criança, soluçava
em segredo nos braços da mulher.
Ele nunca mais
cantou. E um estranho medo começou a crescer dentro dele. Talvez, para
compensar, Deus reclamasse a vida de uma de suas filhas. Sempre acreditara num
Deus amoroso e paternal. Agora, sem conseguir compreender como Ele permitira aquele acidente, sentia medo de uma divindade
cruel e vingativa.
Certo dia,
pedi-lhe para ir pescar com Trisha, um pouco além de
nossa nova casa. Papai ficou na dúvida. Ventava forte, as ondas quebravam na
praia. Nadávamos bem, mesmo assim ele hesitou. Implorei. Relutante, acabou
concordando, mas precisou obrigar-se a continuar sentado à escrivaninha. No
entanto, a toda hora se levantava e ia até a janela. Por duas vezes, chegou a
ir até a porta para nos trazer de volta, mas voltou a sentar-se. Quando
começava a se concentrar no trabalho, um barulho o fez levantar-se de um salto.
Pela janela, ele me viu correndo para casa, gritando, a voz cheia de pânico, o
rosto molhado de lágrimas.
No mesmo
instante, ele soube que Trisha tinha se afogado.
Abriu a porta e saiu correndo feito um louco para o lago, agarrando-me pela
mão. Ainda de longe, viu Trisha na praia, segurando
minha vara de pescar. Quando chegamos perto, notou que a linha de pesca ia dar
direto no olho dela.
Papai segurou Trisha pelos ombros com as mãos tremulas e disse-lhe
palavras de conforto, com a voz embargada. Notou, com alívio, que o anzol tinha
penetrado de leve na pele abaixo da sobrancelha direita. Com cuidado, tirou o
anzol do pequeno ferimento. O olho de Trisha não
tinha sido atingido.
Ele olhou o
anzol entre os dedos, assombrado. De repente, um sorriso rompeu a máscara que
aprisionava suas emoções. Pela primeira vez em muito tempo, meu pai riu alto,
de puro alívio. E, tomando-nos pela mão, levou-nos para casa.
Talvez a
recuperação de papai tenha começado naquele dia, quando viu que Deus não lhe
exigiria um sacrifício pelo acidente ocorrido. Então ele começou a mudar -
dessa vez para melhor. Voltamos para as Black Hills, as montanhas que papai
tanto amava, e fomos morar numa casa na entrada de um cânion coberto de
pinheiros.
O tempo
passou, e meu pai voltou a ter prazer na vida. Numa noite de primavera, quase
dois anos depois do acidente, eu o vi escalar a parede oeste do cânion. Pouco
depois, ouvi sua voz poderosa fluindo numa canção pelo anfiteatro natural.
Quando desceu, senti como se meu pai estivesse finalmente voltando para mim.
Não era exatamente o mesmo de antes. Era um homem que atravessara o inferno,
mas sobrevivera.
Trinta anos
depois do acidente, papai me deu o texto que escreveu falando daqueles momentos
terríveis e de como tinham afetado sua vida. Lendo-o, eu chorei.
Há dois anos,
meu amado pai estava em seu leito de morte, com câncer. Ele quis me dar sua
bênção, dizer-me que a vida é preciosa, embora muitas vezes alguns fatos fujam
ao nosso controle. No entanto, mesmo quando algo terrível acontece, Deus é
perdão. E, com essa certeza, podemos perdoar a nós mesmos.
Papai me pediu
que contasse essa história a outras pessoas, para que elas soubessem disso. É o
que estou fazendo.
Marcelo
Augusto de Carvalho 21 de junho de 2025 Artur Nogueira SP
7
PRECISO SABER O QUE É VERDADE
PARA VOCÊ
Marcelo Augusto de
Carvalho
DAVI E SEUS FILHOS
2 Samuel 13.21 – Davi soube que seu filho Amom
abusou de sua irmã Tamar. Ficou furioso, mas nunca o puniu por tal crime.
1 Reis 1.6 – da mesma forma, outro filho de
Davi, Adonias, nunca sofreu qualquer reprimenda, fazendo o que queria por toda
vida.
A SRA. PARKER
Seu filho, Nathan, tinha abandonado o segundo
grau e sido preso por estar dirigindo embriagado. Ela temia que a vida dele
estivesse ficando cada vez mais sem limites.
O Sr. e a Sra. Parker tinham uma única diretriz
com relação à Nathan: "Só queremos que ele seja feliz." Achavam que
estavam investindo em sua felicidade quando, em vez de colocar limites quando
ele era criança, ofereciam-lhe alternativas para que escolhesse. Por exemplo,
em vez de determinar uma hora fixa de dormir quando o filho estava na escola
primária, perguntavam: "Nathan, você quer ir dormir tarde e ficar cansado
amanhã o dia inteiro ou prefere ir dormir agora e se sentir descansado e bem-disposto
quando acordar?" É claro que Nathan preferia ir dormir mais tarde, o que
fazia com que estivesse frequentemente cansado quando criança. O casal não
queria ser autoritário com Nathan, de modo que tentaram ensinar que tudo tem consequências,
dependendo das escolhas que fazemos.
Mas na época Nathan não tinha maturidade para
entender isso, e essa atitude dos pais o deixava inseguro, achando que eles não
sabiam o que fazer e por isso estavam sempre lhe perguntando o que ele
preferia. A vida de Nathan ficou descontrolada porque lhe deram uma
responsabilidade que ele não era capaz de assumir. Quando temos sete anos e
acreditamos que ninguém dirige o universo, chegamos à conclusão de que nada
importa. Para Nathan, a verdade era relativa, e a realidade era como a
criávamos.
Na verdade, Nathan precisava que seus pais
soubessem das coisas. Como criança, ele precisava que eles estabelecessem
limites, fazendo-o sentir-se seguro, e que dessem respostas diretas às suas
perguntas. Obrigar uma criança cedo demais a decidir por si mesma pode ter consequências
negativas. Nathan necessitava aprender que a verdade não é relativa, mesmo que
cada um de nós a veja a partir de sua própria perspectiva pessoal. Fonte:
Jesus, o maior psicólogo que já existiu, 25-26. Editora Sextante.
SE EXISTE MUNDO OBJETIVO E REAL, NÃO
HÁ VERDADE RELATIVA.
90% de nossa vida é conviver com aquilo que
existe a milhares de anos, como por exemplo, a natureza e suas leis.
A VERDADE HUMANA É SEMPRE UMA
INTERPRETAÇÃO DA REALIDADE.
Temos subjetividade, isto é sempre
interpretamos o que percebemos, nunca somos totalmente objetivos a respeito de
nada.
NÃO SABEMOS TUDO, MAS PODEMOS TER
CONVICÇÕES HOJE.
Todos os dias a ciência descobre que sabemos
cada vez menos sobre as coisas. Por isto precisamos nos aproximar da verdade
com muita humildade. Mas podemos desenvolver CONVICÇÕES a cada passo do caminho
e viver por elas.
Jesus ordenou: “Seja o vosso falar Sim Sim, Não Não!”
A VERDADE É UMA PESSOA.
Para um bebê a verdade não é uma filosofia, mas
uma pessoa, a mãe!
Acima de todos, a verdade é Jesus, o Criador de
todas as coisas.
Preciso conhecê-Lo para conhecer a verdade.
Assim poderei analisar, descobrir se Ele está certo e escolher viver em Seus
princípios
CONVIVER SEM CONVICÇÕES NÃO É
AMOR, MAS ABANDONO.
Na infância a criança precisa das convicções de
seus pais para ter parâmetros de como irá escolher viver.
No casamento dividir os pensamentos, as
emoções, os princípios morais e os sonhos de vida alimenta o espírito e ambos
os cônjuges e mantém a relação.
No trabalho dividir a visão das tarefas e os
objetivos propostos mantém a atividade em curso.
Na Igreja precisamos dividir nossa fé em Deus e
as experiências espirituais que temos a cada dia com nossos irmãos.
O problema do mundo digital é que tudo está
RESPONDIDO, pronto, pasteurizado. Não haverá construção de conhecimento nem de
relações.
APELO
Eduque e permita seu filho escolher per si. Foi
o que Deus fez ao nos criar!
É A VERDADE - Leslie E. Duncan
Nunca vou
esquecer a pergunta direta que meu pai me fez em seu gabinete assim que ficamos
a sós. Ele me fitava atentamente. Seu olhar não era de acusação. Queria que eu
lhe contasse a verdade sobre um sério erro que eu havia cometido. Mas se lhe
contasse tudo o que fiz, seria castigado. Pensei por alguns instantes se devia
negar tudo e confiar em que ele acreditaria mais em mim do que naquilo que as
pessoas estavam dizendo ou falar logo toda a verdade.
- Ê verdade? -
ele repetiu.
Seu tom de voz
demonstrava mais amor do que condenação. Ele falava comigo de homem para homem,
embora nossas idades fossem muito diferentes. Hesitei por um instante.
- Sim, papai -
quase sorri de alívio por minha resposta.
- Ê verdade.
Eu fiz isso mesmo!
Não via a hora
de saber qual seria o castigo por meu erro. Seu maior desejo era que os filhos
se tornassem cristãos verdadeiros. Já estava respirando mais aliviado, embora
ainda não soubesse o que ele iria fazer.
- Filho - ele
começou a dizer, enquanto estendia a mão direita para mim e colocava a esquerda
sobre o meu ombro -, estou orgulhoso de você!
As lágrimas
que brotaram em seus olhos me trouxeram a certeza de que ele estava sendo
sincero. Perguntei-me o que estava querendo dizer. Afinal de contas, havia
contrariado meu pai, ele ficara sabendo de tudo, e eu acabara de admitir meu
erro. E, então, papai me dizia que estava orgulhoso de mim. Esse não parecia
meu pai - o pastor.
- Estou
orgulhoso de você - ele repetiu e explicou - porque você teve a coragem de
contar a verdade, mesmo sabendo que seria castigado pelo que fez.
Arregalei os
olhos. Percebi, então, algo que ainda não tinha notado: os valores que papai
colocava acima de qualquer outra coisa. Naquele momento, estava aprendendo
sobre o valor do caráter. "Ê verdade?" teve um significado muito mais
profundo do que simplesmente saber o que eu tinha feito. Ele cuidadosamente me
explicou que eu sempre deveria dizer a verdade, a qualquer custo. Também disse
que o castigo por dizer uma mentira, na tentativa de encobrir erros, seria mais
severo do que o castigo por admitir o erro. Eu me senti melhor, assim que disse
a verdade. Conseguia pensar com mais clareza sobre o problema que precisava ser
solucionado. O que aconteceu em seguida deixou-me mais surpreso ainda.
- Quero que me
conte toda a verdade agora - ele continuou -, tudo o que você fez.
- O quê? -
perguntei um pouco confuso.
Ele queria saber se eu achava que tinha feito
a coisa certa. Eu não estava disposto a negar. Por que negaria? Já havia dito a
verdade e continuaria com a verdade. Afirmei que sabia que tinha feito algo que
não deveria.
- O que você
acha que pode fazer para demonstrar às pessoas, especialmente àqueles a quem
você prejudicou, que está arrependido e que isso não se repetirá? -
perguntou-me.
Pensei muito
até descobrir como poderia demonstrar-lhes meu arrependimento e, também, como
reparar meu erro.
- Mais uma
coisa, filho - ele sorriu com orgulho.
Fiquei
imaginando o que mais ele teria em mente antes que eu deixasse seu gabinete.
Tantas coisas já tinham acontecido naquela nossa conversa.
- O que você
fará para lembrar-se de não fazer isso de novo? - ele me perguntou. - O
objetivo do castigo é que nos arrependamos de nossos erros e que nos lembremos
de não repeti-los.
Rapidamente,
falei o que achava apropriado fazer. Ele ouviu com atenção.
- Já que você
teve coragem de dizer a verdade, como isso se aplicaria a você? - perguntou.
Ele mudou o
castigo que eu tinha sugerido para mim mesmo. Não estava passando por cima de
meu erro, mas estava me recompensando, de maneira sábia, por ter sido
verdadeiro.
- Antes que
você saia, vamos nos ajoelhar, falar com Deus e pedir que Ele nos ajude a não
cometer os mesmos erros novamente. Deus sabe que mesmo a verdade mais dura é
preferível a uma mentira agradável. O Senhor pode nos ajudar a ter sempre doces
verdades em nossas ações e pensamentos diários.
De joelhos,
juntos, meu querido pai orou de maneira simples e informal, falando com Deus
sobre nossa situação - não só a minha. Com uma oração infantil, pedi perdão a
Deus por tudo o que eu tinha feito e forças para não repetir meu erro.
A partir
daquele dia, até sua morte, nunca mais tive medo de contar a verdade a meu pai.
Eu pensava tanto nele e no respeito que tinha pela verdade que me sentia
envergonhado de não lhe dizer sempre a absoluta verdade.
Marcelo
Augusto de Carvalho 22 de junho de 2025 Artur Nogueira SP
8
RECUAR NÃO É PERDER
Marcelo Augusto de
Carvalho
2 SAMUEL 15-18 - Davi e a revolta de Absalão
ABSALÃO se aproveita do perdão do rei, seu pai.
Fica à porta da cidade usando de fingimento e
de pretenso amor pelo povo para roubar as afeições das pessoas para ele.
Lidera um exército, invade Jerusalém, toma o
trono e reina.
Abusa das mulheres de seu pai à vista de todo
Israel para humilhá-lo.
Finalmente persegue o rei e toda sua comitiva
fugitiva para exterminar a possibilidade de um rival.
DAVI poderia muito bem resistir o filho e seu exército.
Era um experiente soldado e general, e facilmente venceria seu oponente. Mas
isto custaria muito sangue.
Ele então se retira de sua amada capital.
Preserva a cidade de um sítio e de um morticínio atroz. Recua para o deserto.
Reconhece sua culpa pois sabe ser este um dos
juízos de Deus pelo seu pecado com Bate-Seba e Urias.
Perdoa todos os seus ofensores que aparecem
xingando-o pelo caminho.
Não quer ver o mau de seu inimigo, o filho,
pedindo que o tratem bem.
Ao vencer a batalha, volta para o trono, mas
sem vingança ou represália.
ISRAEL percebeu nitidamente quem estava
preparado para reinar: quem SABE SERVIR!
LIÇÕES A APRENDER DA INCRÍVEL ATITUDE DE
SERVIR:
O QUE FAZ UMA PESSOA SER
IMPORTANTE E DIGNA DE LIDERAR É SUA CAPACIDADE DE SERVIR OS OUTROS, E NÃO A SI
MESMA.
Sirva seu cônjuge como Zípora serviu a Moisés,
dando-lhe bons conselhos.
Sirva a Igreja como Moisés serviu Israel,
pedindo que seu nome fosse riscado do livro da vida, mas que o povo de Deus
fosse poupado.
Sirva seus parentes, generosos ou egoísta, como
Abraão fez ao sobrinho Ló, salvando-o da escravidão e depois intercedendo por
sua vida ante a destruição de Sodoma.
Sirva seus líderes como Eliseu serviu a Elias,
derramando água às mãos do profeta de Deus.
Sirva seus irmãos como Dorcas
serviu os desafortunados de seus dias.
Conta-se que um rei muito poderoso estava
ficando velho. Ele concluiu que era chegada a hora de escolher, entre seus
quatro filhos, um herdeiro do trono. Então, chamou-os, um de cada vez, para
discutir a sucessão de seu reinado. Quando o primeiro filho entrou na sala do
trono e se sentou, o rei dirigiu-se a ele:
- Meu filho, estou muito velho e não vou viver
por muito tempo. Quero entregar meu reino ao filho que estiver mais capacitado
a recebê-lo. Responda-me: Se eu o nomeasse meu sucessor, o que você daria para
o reino?
Aquele filho era muito rico. Assim que foi
feita a pergunta, ele respondeu:
- Sou um homem muito abastado. Se o senhor me
nomear seu sucessor, darei toda a minha riqueza; e este será o reino mais rico
do mundo.
- Obrigado, filho - disse o rei, dispensando o
rapaz.
Quando o segundo filho entrou, o rei se dirigiu
a ele:
- Meu filho, estou muito velho e não vou viver
por muito tempo. Quero entregar meu reino ao filho que estiver mais capacitado
a recebê-Io. Responda-me: Se eu o nomeasse meu
sucessor, o que você daria para o reino?
Aquele filho era muito inteligente. Assim que a
pergunta foi feita, ele respondeu:
- Sou um homem de grande inteligência. Se o
senhor me nomear seu sucessor, darei toda a minha inteligência; e este será o
reino mais inteligente do mundo.
- Obrigado, filho - disse o rei, dispensando o
rapaz.
Quando o terceiro filho entrou, o rei se
dirigiu a ele:
- Meu filho, estou muito velho e não vou viver
por muito tempo. Quero entregar meu reino ao filho que estiver mais capacitado
a recebê-lo. Responda-me: Se eu o nomeasse meu sucessor, o que você daria para
o reino?
Aquele filho era muito forte. E, assim que a
pergunta foi feita, ele respondeu:
- Sou um homem de grande força. Se o senhor me
nomear seu sucessor, darei toda a minha força; e este será o reino mais forte
do mundo.
- Obrigado, filho - disse o rei, dispensando o
rapaz.
O quarto filho entrou e foi cumprimentado pelo
rei, da mesma maneira que os outros três.
- Meu filho, estou muito velho e não vou viver
por muito tempo. Quero entregar meu reino ao filho que estiver mais capacitado
a recebê-lo. Responda-me: Se eu o nomeasse meu sucessor, o que você daria para
o reino?
Aquele filho não era rico, nem inteligente, nem
forte. Então, ele respondeu:
- Meu pai, o senhor sabe que meus irmãos são
muito mais ricos, mais inteligentes e mais fortes do que eu. Enquanto eles
passaram anos cultivando esses atributos, eu tenho vivido no meio do povo deste
reino. Fui solidário com as pessoas, na doença e na tristeza. E aprendi a amá-Ias. Receio que a única coisa que eu tenha para dar ao
seu reino seja o meu amor pelo povo. Sei que meus irmãos têm muito mais a
oferecer. Portanto, não ficarei desapontado se não for nomeado seu sucessor.
Simplesmente continuarei a fazer o que sempre tenho feito.
Quando o rei morreu, o povo aguardou com
ansiedade a notícia de quem seria o novo rei. E uma grande alegria, como nunca
foi vista, tomou conta do reino quando o povo soube que o quarto filho do rei
havia sido nomeado como seu sucessor.
A VERDADEIRA HUMILDADE EXIGE
ENORME CONFIANÇA EM SI MESMO!
Jesus serviu os discípulos, e por último lavou
os pés de cada um deles, como só um escravo faria porque Ele sabia que era o
líder, e não para o ser.
Jesus tinha plena consciência de quem Ele era.
Não precisa se afirmar, lutar pelo poder ou subjugar alguém para tornar-se
algo.
Ele sabia que o status ou a busca pelo poder
jamais tornam uma pessoa importante. (Lúcifer deixou de ser quem era tornando-se
o inimigo de Deus buscando erroneamente esses objetivos).
A MELHOR MANEIRA DE SERVIR É
FAZER QUE O OUTRO SINTA-SE CAPAZ, CONFIANTE E DIGNO!
Samuel fez tudo o que podia para que Saul sentisse
capacitado para ser o rei de Israel.
Natã fez de tudo para que Davi servisse
fielmente a Deus, dando apoio emocional, bons conselhos em sua administração
real, como também advert6encias severas por seus pecados e erros.
Jesus chamou Seus discípulos ao ministério,
ensinou, treinou, capacitou, e ainda os advertiu antes de O abandonarem, bem
como os buscou após Sua ressurreição, perdoando-os e encorajando antes de Sua
partida.
APELO
Recuar
nunca é perder. Pode ser capitalizar forças para realizar muito mais.
Aceite
recuar para evitar conflitos ou desgastes desnecessários.
Aproveite
cada oportunidade para servir aos outros.
Isto o
tornará cada vez mais influente e eficiente, levando as pessoas a se esquecerem
de você e a exaltarem o Deus revelado ATRAVÉS de você.
O
egoísmo prova sua incapacidade para qualquer serviço. A humildade o capacita
até para aquilo que você não tem nenhuma aptidão!
DESISTIR
NÃO É PERDER - AMES MALINCHAK
Uma experiência
difícil, o exemplo de um amigo ou uma conversa com alguém que admiramos podem
servir de inspiração para mudarmos nossa maneira de encarar a vida. Minha
inspiração veio da minha irmã Vicki. Ela era uma
pessoa gentil e carinhosa, não ligava para elogios e tudo o que queria era
compartilhar seu amor com as pessoas de quem gostava: sua família e seus
amigos.
No último verão,
antes do meu primeiro ano de faculdade, recebi um telefonema do meu pai dizendo
que Vicki tinha sido internada de emergência. Ela
tinha passado mal e o lado direito do seu corpo estava paralisado. Os primeiros
sintomas de que ela poderia ter sofrido um derrame. No entanto, os resultados
dos testes mostraram algo muito mais sério: a paralisia era consequência de um
tumor maligno no cérebro. Os médicos não davam a Vicki
mais de três meses de vida. Fiquei completamente arrasado. Como aquilo podia
estar acontecendo? No dia anterior, minha irmã estava bem, não sentia nada, era
uma jovem saudável. Agora, estava entre a vida e a morte.
Depois de superar o
choque inicial e o sentimento de vazio, decidi que Vicki
precisava de esperança e incentivo. Ela precisava de alguém que a fizesse
acreditar que poderia superar aquele obstáculo. Resolvi ajudá-la a vencer a
doença. Todo dia visualizávamos o tumor encolhendo e só falávamos coisas
positivas. Eu até colei um cartaz na porta do seu quarto no hospital com os
dizeres: "se tiver pensamentos negativos, deixe-os do lado de fora. Nós
fizemos um trato que se chamava 50-50. Eu lutaria 50% e ela lutaria os outros
50%.
Quando o ano letivo
começou, eu não tinha certeza se deveria ir para a faculdade, a quase 5 mil
quilômetros de distância, ou ficar com Vicki. Ela
ficou brava por eu ter pensado nessa possibilidade e insistiu para eu não me
preocupar, porque ela ia ficar bem. Ali estava Vicki,
deitada em uma cama de hospital, me dizendo para não me preocupar. Percebi que,
se ficasse poderia passar a mensagem de que ela estava morrendo e eu não queria
que ela pensasse assim. Vicki precisava acreditar que
poderia vencer a batalha contra o câncer.
Ir embora naquela
noite, sentindo que poderia ser a última vez que eu veria minha irmã, foi a
coisa mais difícil que já fiz.
Na faculdade, nunca
parei de lutar meus 50% por ela. Toda noite, antes de dormir conversava
mentalmente com Vicki, esperando que de alguma forma
ela me ouvisse. Eu repetia:
"Vicki, estou lutando por você e nunca vou desistir. Não
deixe de lutar, porque nós vamos vencer isso." Alguns meses se passaram e
ela continuou aguentando firme. Certo dia, uma amiga me
perguntou sobre o estado de Vicki. Eu disse
que ela estava piorando, mas que não desistia.
Minha amiga, mais
velha e experiente, fez uma pergunta que me deixou pensativo:
- Você acha que o
motivo pelo qual Vicky não desistiu é porque não quer desapontar você?
- Será que ela
estava certa? Será que eu era egoísta por encorajar Vicki
a continuar lutando?
Naquela noite, antes
de dormir, tentei transmitir uma mensagem diferente para ela: "Vicki, eu entendo que você está sofrendo muito. Se preferir
descansar, faça isso. Desistir não é perder. Se você quiser ir para um lugar
melhor, eu entendo. Vamos ficar juntos de novo. Eu te amo e vou sempre estar
com você." Na manhã seguinte, minha mãe telefonou bem cedo para avisar que
Vicki tinha morrido.
Marcelo Augusto de Carvalho 23 de
junho de 2025 Artur Nogueira SP